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Boca Do Inferno
(Ana Miranda)

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Este é um romance escrito em 3ª
pessoa e dividido em A Cidade, O Crime, A Vingança, A Devassa, A Queda
e O Destino, passado no século XVII (1863), na Bahia colonial, durante
o governo tirânico do militar Antônio de Souza de Menezes, apelidado de
Braço de Prata, por usar uma peça deste metal no lugar do braço
(perdido numa batalha naval contra os invasores holandeses). A ação se
passa em Salvador. Nessa cidade de desmandos e devassidão, desenrola-se
a trama de Boca do Inferno, recriação de uma época turbulenta centrada
na feroz luta pelo poder entre o governador Antônio de Souza de
Menezes, o temível Braço de Prata, e a facção liderada por Bernardo
Vieira Ravasco, da qual faziam parte o padre Antônio Vieira e o poeta
Gregório de Matos. Note-se a linguagem histórica, com expressões chulas
(vulgares), uma referência à sátira mordaz do poeta Gregório de Matos
Guerra.
A Cidade Descrição da Bahia do século
XVII - imagem de um paraíso natural, mas onde os demônios aliciavam
almas para proverem o inferno - há também a apresentação do poeta
sátiro Gregório, o Boca do Inferno, de estilo barroco. O Crime
Francisco Teles de Menezes é emborrado por 8 homens encapuzados, tem
sua mão arrancada do braço e é morto por Antônio de Brito. O motivo se
deu por perseguição política - estarão envolvidos no crime: Ravasco,
irmão do Padre Vieira e Moura Rolim, primo de Gregório. Os homens fogem
para o Colégio dos Jesuítas, mas o governador da Bahia - Antônio de
Sousa Menezes, O Braço de Prata, será avisado e começará uma terrível
perseguição contra todos envolvidos. A Vingança Antônio de Brito será
torturado e delatará os envolvidos - Viera será perseguido - mas por
representar a igreja e o poder papal, o governador releva, mas quer o
irmão Bernardo Ravasco preso e destituído do cargo de Secretário do
Estado. Ao tentar proteger a filha Bernardina Ravasco, Gregório conhece
Maria Berco, Que será presa ao saber que ela possuía a mão e o anel do
Alcaide (o anel será penhorado). São confiscados de Bernardo documentos
escritos e os poemas de Gregório.
Bernardina é presa para pressionar
Ravasco a se entregar. A Devassa Rocha Pita é nomeado desembargador
para investigar a morte do Alcaide. Palma, também desembargador, nega a
vingança planejada pelo governador e por falta de provas, exige a
soltura dos envolvidos mas, para soltar Maria Berco, Gregório teria que
pagar uma fiança de 600 mil réis. O Queda Bernardino é libertado e
expatriado. O governador é destituído do cardo e o Marquês de Minas é
nomeado para substituí-lo, restituir o cargo de secretário a Bernardo
Ravasco e se apresentar imediatamente ao Rei de Portugal. Mesmo assim
sai do Brasil com muitas riquezas. O próximo governador, Antônio Luís
da Câmara Coutinho, também será satirizado pelo poeta Gregório que terá
sua morte encomendada, mas só o próximo governador, João de Lancastre,
é que conseguirá prendê-lo e expatriá-lo para a Angola, volta mais
tarde para Pernambuco, mas será proibido de escrever suas sátiras.
Volta a advogar e morre em 1695, aos
59 anos. O Destino Padre Vieira lutará por justiça social através de
seus sermões, morre cego e surdo em 1697. Bernardo Ravasco recebe
sentença favorável ao crime contra o Alcaide e é substituído pelo
filho, Gonçalo Ravasco. Maria Berco ficará rica mas deformada, rejeita
pedidos de casamento à espera do poeta Gregório, que se casa com uma
negra viúva, Maria de Povos, mas não se afasta da vida de devassidão
pelos bordéis da cidade. ...se eu tiver que morrer, seja por aqui
mesmo. E valha-me Deus, que não seja pela boca de uma garrucha, mas
pela cona de uma mulher. A cidade da Bahia cresceu, modificou-se o
cenário de prazer e pecado da cidade onde viveu o poeta Boca do Inferno.



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