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Memórias De Um Sargento De Milícias - Parte 3
(Manuel Antônio de Almeida)

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II ? Primeiros infortúnios - O narrador, mais um vez, inclui o leitor na narrativa, chamando-o para pularem alguns anos desde o batizado do herói e irem encontrá-lo com sete anos, mas antes avisa que durante todo esse tempo o menino não desmentiu aquilo que já se anunciava, ou seja, desde o nascimento já atormentava: ainda bebê era o choro, mas assim que se pôs a andar era um flagelo, quebrava e rasgava tudo o que podia; o que mais gostava era do chapéu do pai e sempre que podia por-lhe as mãos, punha-lhe dentro tudo o que encontrava. Quando não traquinava, comia. Maria não lhe perdoava, tanto que o menino trazia uma região do corpo bem maltratada, mesmo assim ele não se emendava, era teimoso, suas travessuras recomeçavam mal acabava a dor das palmadas. Foi assim que o herói chegou aos sete anos.
Como a mãe, Maria, sempre fora saloia, o pai, Leonardo, suspeitava de que estava sendo traído, pois por diversas vezes viu um certo sargento se esgueirando e enfiando olhares curiosos janela adentro. Outras vezes estranhou que um certo colega sempre ia procurá-lo em casa; mas o mais grave foi, não só deparar-se várias com um certo capitão do navio de Lisboa junto de sua casa, como também, ao entrar em casa, vê-lo fugir pela janela. Não agüentou, cerrou os punhos e tremendo com todo o corpo, gritou: ? Grandessíssima!..., em seguida, saltou sobre Maria. Ela saltou para trás, pôs-se em guarda e sem temer advertiu-o: ? Tira-te lá, ó Leonardo!
Como a sua resistência, frente ao ódio de Leonardo, era inútil, começou a correr e pedir socorro ao compadre Barbeiro que ocupado, ensaboando a cara de um freguês, nada pôde fazer e ela, como única opção, encolheu-se em um canto.
O menino, no maior sangue-frio, enquanto rasgava as folhas dos autos que o pai havia largado ao entrar, assistia à mãe que apanhava.
Quando o pai estava se acalmando, viu a obra do filho e tornou a se enfurecer: suspendeu o filho pelas orelhas, fazendo-o dar meia volta; em seguida ergueu o pé direito e dizendo que o menino era filho de uma pisadela e de um beliscão, assentou-lhe em cheio sobre os glúteos, atirando-o a quatro braças de distância.
O menino ergueu-se rapidamente e em três pulos estava dentro da loja do padrinho; nem bem havia entrado, esbarrou na bacia de água com sabão que estava nas mãos do padrinho e acabou batizando o freguês com toda aquela água.
O afilhado apontou o problema e o padrinho, após desculpar-se com o freguês, resmungou: ? Ham! resmungou; já sei o que há de ser... eu bem dizia... ora ai está!... e foi acudir o que acontecia.
Por estas palavras vê-se que ele suspeitara alguma coisa; e saiba o leitor que suspeitara a verdade. - Não se pode deixar de perceber nesse fragmento que o narrador conversa com o leitor, chamando-o para a narrativa.
O compadre já sabia o que estava acontecendo pois era comum, na época, espionar a vida alheia, logo, conhecia todas as visitas da comadre.
O barbeiro entrou na casa do compadre Leonardo e ao perguntar-lhe se havia perdido o juízo, ele respondeu-lhe Ter perdido a honra. Maria apareceu e sentindo-se protegida pelo compadre, pôs-se a zombar e a xingar toda a classe masculina; assim que acalmou o segundo ?round? de murros, enquanto ela chorava em um canto, Leonardo, com olhos e bochechas vermelhas, juntou os papéis rasgados, a bengala e o chapéu e saiu batendo a porta. Era de manhã.
À tarde quando o compadre retornou à casa, decidido fazer as pazes com Maria, ela não estava mais lá, havia fugido com o capitão do navio de Lisboa.
Leonardo saiu sem falar nada e o pequeno ficou com o Compadre Barbeiro.



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