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O texto jornalistico impresso
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Elisa Guimarães afirma que o texto é um ato produzido conforme as regras de um sistema gramatical, um ato orientado para influenciar o comportamento do receptor e um ato responsável pelo efeito produzido no receptor. Um texto compõe-se de dupla estrutura: uma externa, originária do contexto em que é produzido, e uma estrutura interna, a qual compreende a forma com que é organizado e as relações mantidas entre os elementos componentes da forma. A face interna do texto compõe-se ainda de forma e conteúdo. Vamos analisar, primeiramente, cada uma dessas estruturas, para, em seguida, apresentar o conceito de texto dos autores cujas idéias aqui discutimos. Numa segunda etapa, vamos transpor tais conceitos para um estudo sobre a estrutura da notícia, feito por Oswaldo Coimbra a partir de trabalhos de Nilson Lage. Como terceira etapa, trabalharemos a noção de estrutura aplicada ao que os autores da área da Literatura e do Jornalismo chamam de superestrutura, de estrutura e de processos de composição textual, para designar a narração, a descrição e a dissertação. Oswaldo Coimbra considera a narração, a descrição e a dissertação “modelos de estrutura do texto da reportagem”. Em referência à narração, estrutura cuja análise é nosso objetivo primeiro, extrapolamos nosso estudo e analisamos um modelo de estrutura da narrativa, proposto por Guimarães.
1. Texto: estrutura aberta. A primeira face do texto (face aberta), na concepção de Coimbra, é uma estrutura ligada ao contexto extraverbal. Essa ligação texto x realidade de que se fala no item anterior nos coloca a questão: Que tipo de realidade se instala no texto/discurso jornalístico? Reprodução fiel, reconstrução de alguns de seus elementos ou uma supra-realidade, desconectada do contexto a que se refere o texto? Elisa Guimarães chama os elementos de realidade reconstruídos no texto de referentes situacionais. Em relação à concepção de texto como reprodução da realidade, Samira Challub questiona a perfeita correspondência entre signo e coisa, realidade e discurso.
2. Texto: estrutura interna. Guimarães conceitua texto como um sistema concluído, um conjunto hierarquizado de configurações estruturais internas – seus elementos são internamente organizados. Segundo Guimarães, estrutura é a rede de dependências e implicações que um elemento mantém com todos os outros, no conjunto em que se encontra. Essa rede de dependências funciona assim: os elementos tomam determinada forma, articulando-se num processo chamado construção interativa e passam a ter participação específica no conjunto. O processo é chamado interativo em face de a dependência ser de tal forma que a eficácia do todo depende do funcionamento de cada um dos elementos. A atuação de um elemento influi no funcionamento das outras partes e do conjunto. Para Halliday e Hasan, a existência da estrutura é condição essencial para a textura. No Jornalismo, tem-se dado ênfase quase exclusiva ao estudo do texto enquanto instrumento de análise política, sociológica ou histórica. Privilegia-se a superestrutura em que a instituição jornalística se insere. Raramente o jornalista se debruça sobre a estrutura interna do texto/discurso e tenta entendê-la ou aperfeiçoá-la.
3. Estrutura da notícia. Um dos poucos estudos sobre a estrutura do texto/discurso jornalístico partiu de Nilson Lage, em Estrutura da notícia. Eis a estrutura configurada por Lage nos jornais brasileiros: (1) lead mais importante (L1) – 1º Parágrafo ao 1º evento em importância; (2) lead em importância (L2) – 2º Parágrafo ao 2º evento mais importante; (3) Entretítulo (E1); (4) Parágrafo(s), com a 1ª documentação (D1) – relativa ao L1; (5) 2º Entretítulo (E2); (6) 2º Parágrafo, com a 2ª documentação (D2) – relativa ao L2. A equação daí resultante é: L1 L2 El D1 E2 D2.
Encontramos nos manuais de redação jornalística outros modelos de estrutura da notícia. Destacamos os seguintes: (a) Enumeração dos fatos com sua conclusão, (b) Fatos que produziram a conclusão, (c)Detalhamento dos fatos principais, (d) Fatos posteriores, conseqüências.
3.1. Narração. Segundo Guimarães, três categorias tecem o esquema narrativo: (1) exposição; (2) complicação; (3) resolução. Podem ainda completar o esquema uma avaliação e uma moral. Suas características são: Dimensão temporal (Os componentes que nele se processam têm relações mútuas de anterioridade e posterioridade), ações de pessoas (estas se subordinam descrições de circunstâncias e de objetos. Esta é a característica fundamental).
3.1.1. Descrição. Segundo Guimarães, o texto descritivo pode se amoldar a um esquema organizacional; mas as categorias do texto descritivo tradicionalmente se relacionam às categorias da narração e da dissertação. Nessa perspectiva, a categoria estrutural do texto descritivo é a expansão ou a retardação ou digressão.
3.1.2. Descrição de pessoas. Nos textos de reportagens-perfil encontram-se quadros de categorias descritivas relativos às características psicológicas de pessoas, aplicáveis à atividade jornalística. Na entrevista e em outros momentos da cobertura jornalística, o repórter observa as pessoas que se tornarão personagens. Dualidade que corresponde à dupla dimensão da função de jornalista: repórter e de redator. Essa dualidade é imanente à função do jornalista, assim como o texto tem dupla face: uma voltada para o mundo externo – o contexto ou “referentes situacionais”, segundo Guimarães, e outra, para sua organização interna ou estrutura.
3.2. Dissertação. Segundo Othon Garcia significa expor, explanar, explicar ou interpretar idéias. Dar a saber algo.
3.2.1. Argumentação. A estrutura da argumentação pode ser: a) Fim: convencer, persuadir, influenciar. Fazer crer em algo. b) Elementos: Consistência de raciocínio e evidência das provas. c) Critérios de aferição de veracidade (apresentação de fatos, testemunho, exemplos, ilustrações, dados estatísticos).
3.2.2. Reportagem dissertativa: Mistura de informação e persuasão: “aceitar a informação no contexto de um raciocínio que se pretende correto. (...) Assim, dissertação e argumentação são sinônimos”.



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