A Hora da Estrela
(Clarice Lispector)
No romance A Hora da Estrela Rodrigo S.M., narrador onisciente, conta a história de Macabéa, a protagonista. Macabéa, uma jovem vinda de Alagoas para o Rio de Janeiro, que vivia com mais quatro colegas de quarto e trabalhava como datilógrafa. Macabéa era uma mulher comum, para quem ninguém olharia, ou melhor, a quem qualquer um desprezaria. Corpo franzino, doente, virgem, feia, com maus hábitos de higiene e que afinal não faria falta a ninguém. Além disso, era alvo fácil da propaganda e da indústria cultural: gostava de colecionar anúncios, seu pouco conhecimento era tirado da Rádio Relógio, a pobre ouvia as informações, porém raramente as entendia; adorava cachorro-quente e coca-cola, além disso seu maior desejo era ser igual a Marilyn Monroe, símbolo sexual da época. Nossa protagonista não sabe quem é, o que a torna incapaz de impor-se frente a qualquer um. Começa a namorar Olímpico de Jesus, um metalúrgico nordestino ambicioso, que almejava o cargo de Deputado e não via em Macabéa nenhuma chance de ascensão social. Assim, abandona-a para ficar com Glória, uma jovem loira, colega de trabalho de Macabéa, e que o pai era açougueiro, o que sugeria a Olímpico a possibilidade de melhora financeira. Triste, Macabéa busca consolo na cartomante Carlota, que prevê que ela seria, finalmente, feliz... e que a felicidade viria do "estrangeiro". Ao sair da casa da cartomante, Macabéa é atropelada por Hans, que dirigia um luxuoso Mercedes-Benz amarelo. O atropelamento... esta é a sua "hora da estrela", momento de libertação para alguém que "vivia numa cidade toda feita contra ela". A narrativa da Hora da Estrela transita entre a tragicidade e o esplendor da vida, entre a fragilidade e a grandeza do ser humano.
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