Economês bem entendido evita muitos equívocos
(Oscar Aguilar Cañas)
Nas últimas décadas passaram pelas mãos dos brasileiros sete moedas e uma inflação galopante que bateu a casa de 80% ao mês em 1990 para depois, em queda livre, no plano real, chegar a menos de 1% ao mês. Aliado a isso, a convivência diária com o desemprego, recessão, flutuação do dólar, ameaça da volta da inflação e o contato direto com o noticiário econômico, criaram na população brasileira uma familiaridade com os termos econômicos que, muitas vezes, são motivo de interpretações pouco consistentes. Nos últimos meses, a pressão sobre os preços devido a movimentos especulativos ocasionados pela quebra da safra do feijão resultou em uma elevação de nível de preços e conseqüentemente em um temor, injustificado, com relação à volta da inflação que no passado, deteriorou salários, concentrou renda e provocou atraso no crescimento do país. Esse temor é fruto de uma confusão de conceitos entre inflação e mudança de preços relativos. Como sabemos, a inflação é caracterizada pela elevação geral e continua no nível de preços. È necessária a condição de continuidade para caracterizar o processo inflacionário. Uma brusca elevação no preço do petróleo, por exemplo, pode afetar todos os preços da economia por meio da cadeia produtiva; teremos uma elevação geral no nível de preços, mas não um processo inflacionário em si. Na prática os índices de inflação se manterão altos por um curto período, mas esse nível de índices voltará para um novo patamar. Como vemos, a falta de clareza sobre fatores que tem influência direta na vida da população gera, indiscutivelmente, uma crise na sociedade. Por esse motivo, é necessário existir a preocupação ética no conteúdo e na edição dos principais jornais de economia e negócios do país. Posso afirmar que não temos saudades da CPMF. Um feliz IOF.
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