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Macunaíma - Ensaio
(Mário de Andrade)

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MACUNAÍMA - COLONIZADO X COLONIZADOR

A obra Macunaíma reúne uma visão da cultura brasileira, lendas, mitos, provérbios e crendices. A luta entre colonizado e colonizador.
O anti-herói negro Macunaíma, é o produto do índio misturado aos escravos negros.
O herói imperfeito, cujos defeitos ofuscam as qualidades é o homem brasileiro, cuja cultura imposta, afastou-o das origens.
Macunaíma nascido numa tribo amazônica, é um menino diferente, desde muito pequeno é mentiroso, fala palavrões e pratica muitas safadezas.
Em sua meninice já apresenta uma série de desvios de comportamento, principalmente em relação às mulheres das quais se aproxima.
Já no primeiro capítulo da narrativa, Macunaíma, ainda menino, mantém um relacionamento com Sofará, mulher de seu irmão Jiguê.
A sexualidade do herói desperta cedo, há uma libido incontrolável capaz de ultrapassar os limites dos laços de parentesco.
Este estudo, sobre a obra Macunaíma, tem como propósito analisar os hábitos e costumes da sociedade indígena no período colonial brasileiro e as regras impostas pelo colonizador.
Quando os portugueses aqui chegaram com o objetivo de colonizar o Brasil, os poucos brancos, negros e índios que aqui viviam, conviviam em uma sociedade que tinha suas próprias regras.
Os hábitos e costumes desses primeiros habitantes do Brasil foram descritos em Cartas e Tratados por muitos historiadores.
Gabriel Soares de Souza, no Tratado Descritivo do Brasil (1587), n Declaração das Grandezas da Bahia, faz uma análise minuciosa da terra e do povo que aqui vivia:
?São os tupinambás tão luxuriosos que não há pecado que não cometam; ao quais sendo de muito pouca idade têm conta com mulheres, e bem mulheres; porque as velhas, já desestimadas dos que são homens, grangeiam estes meninos, fazendo-lhes mimos e regalos, ensinam-lhes a fazer o que eles não sabem, e não os deixam de dia, nem de noite. É esse gentio tão luxurioso que poucas vezes tem respeito às irmãs e tias, e porque este pecado é contra seus costumes, dormem com elas pelos matos, e alguns com suas próprias filhas; e não se contentam com uma mulher, mas têm muitas, como já fica dito pelo que morrem muitos esfaldados.?
(Literatura Comentada, Cronistas e Viajantes, Pg,88)
O herói Macunaíma nos remete à luxúria de que fala Gabriel S. de Souza,k pois, em plena meninice se envolve com a esposa do irmão Jiguê.
A total ausência de limites morais e a naturalidade com que ocorre o envolvimento de Macunaíma com cunhada estão, de certa forma, dentro dos padrões da sociedade da época. A precocidade da libido, a sexualidade exacerbada também eram características dos povos indígenas brasileiros.
O casamento, por exemplo, praticamente não havia. Pelo menos da forma como entendiam os colonizadores europeus. Homens e mulheres viviam em concubinato, amasiados, ou sob diversas variantes da vida em comum.
Mesmo essas relações liberais apresentavam poucas regras. As mulheres, como Sofará, Iquiri, Ci e própria mãe de Macunaíma, não mantinham relações estáveis. Elas certamente escolhiam um companheiro único, mas freqüentemente eles partiam a trabalho ou em busca de aventuras, deixando mulher e filhos.
A exemplo de Macunaíma, cujo pai é ignorado, os filhos eram criados pela mãe, tias ou avós, numa espécie de maternidade informal.

O historiador Fernão Cardim, no Tratado do Clima e Terra do Brasil, discorre sobre o casamento dos índios tupinambás: ?Entre eles há casamentos, porém há muita dúvida se são verdadeiros, assim por terem muitas mulheres, como pelas deixarem facilmente por qualquer arrufo, ou outra desgraça, que entre eles aconteça.? (literatura Comentada ? Cronistas e Viajantes ? Pg .54)
Jiguê devolve Sofará ao pai e, em seguida junta outra companheira, Iquiri, com a qual Macunaíma também se envolve.
Macunaíma, já na maturidade, se apropria da esposa do irmão e todos passam a conviver em harmonia e muita naturalidade.
Os índios tinham suas regras sociais, com direitos e deveres ditados pela própria comunidade, regras que o colonizador português não compreendia.

A ligação mais forte e duradoura de Macunaíma se dá com Ci, com quem tem um filho. Mesmo após a morte do filho e da mulher Ci, Macunaíma, se recorda com tristeza da perda da esposa.

A virgindade obrigatória até o casamento não era exigida, mas a fertilidade era muito importante, tanto que a mulher precisava provar ao homem, que era fértil.
O advento da maternidade explica o relacionamento intenso entre Macunaíma e Ci.

Desde então o herói se lança em busca da muiraquitã, e pelo caminho tem inúmeras outras aventuras, conhece e se relaciona com outras mulheres, sempre sem compromisso. Exerce sua luxúria livre de tabus ou limites morais.
O conflito entre os colonizadores portugueses e a sociedade inicial do Brasil, fez com que fosse instituído o casamento.
Estabeleceu-se a cultura do ?certo? e do ?errado?, onde a paixão não combinava com casamento. Amor era um sentimento que se devotava exclusivamente e Deus: ao marido a mulher devia obediência, reverência e temor. A cultura européia imposta vai mudando a sociedade indígena.
Observa-se na obra Macunaíma, os hábitos e costumes dos índios brasileiros durante o Brasil-colônia, que vão sendo transfigurados pelos valores da cultura européia.
As relações conjugais sem regras estabelecidas.O papel da mulher, o amor, a sexualidade e ausência de tabus, vão sendo aculturados por novas regras e valores.
Mário de Andrade nos mostra um Brasil selvagem e sem limites que pouco a pouco foi transformado pelo colonizador.
A imposição da cultura européia e de seus valores, submetendo o Brasil a uma identidade confusa. Valores primitivos convivendo com os que são absorvidos do colonizador.
Macunaíma é, portanto, o herói brasileiro resultante do conflito entre colonizado e colonizador, cuja fusão de culturas, resulta uma confusa identidade.



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