Os Monstros S.a: Do Modelo De Negócios Ao Rh
(Ubiratan Carlos Machado)
Este é um filme fantástico! A narrativa gira em torno de uma fábrica (Monstros S A) que produz energia para a cidade dos monstros que é um mundo paralelo ao nosso, mas funciona sob a mesma lógica: matéria prima è empresa è produto è sociedade è lucro. Todo esse processo envolve funcionários, estrutura administrativa, chefia e estratégia empresarial. Ou seja, temos o nosso mundo representado pela empresa Monstros S A. Os dois personagens centrais são James Sullivan (monstro roxo de chifres) e Mike Wazowski (bolinha verde de um olho só). O primeiro é típico funcionário que é dedicado a empresa e recebe as ?honrarias? de ser o empregado do ano (bate recordes de produção) enquanto que o segundo é ajudante do tipo San Chupança. A dupla é muito boa no que faz, mas não questiona o modelo de negócios da empresa. Fazem seu serviço de olhos fechados e não querem perceber o modelo de negócios da empresa é fadado ao fracasso. Há um imenso esforço para se atingir as metas da empresa que vive a beira da falência total porque não quer se adequar as mudanças que ocorrem na sociedade a qual a empresa depende: a nossa sociedade. O chefão é uma espécie de caranguejo chamado Henry Waternoose que insiste em um modelo de negócio que mostra seus evidentes limites dada a mudança da cultura social. A empresa vive dos ?gritos das crianças? que são engarrafados e transformados em um produto (energia) que é vendido para os monstros (consumidores) que vivem na sociedade dos Monstros. A Monstros S A é a empresa que faz essa transformação da matéria-prima (gritos) em produto (energia). O problema é que as crianças (dada a mudança cultural em nossa sociedade) não estão mais se assustando com os monstros. Os monstros são obsoletos perto dos filmes de terror produzidos por Hollywood. É preciso um esforço enorme para que uma criança se assuste e gere energia. A empresa está em crise e a falência é uma questão de tempo. Mas, Waternoose (chefão) conta com funcionários dedicados do calibre de James Sullivan (monstro roxo de chifres) e Mike Wazowski (bolinha verde de um olho só) para manter o nível da produção. O problema é que, dado o modelo obsoleto de negócios, Waternoose (chefão caranguejo) tem problemas em contratar novos funcionários. A maior preocupação de Waternoose é com a área de Recursos Humanos! Essa parte é muito engraçada. Ele busca contratar monstros que tenha a ?personalidade? de Sullivan (monstro roxo de chifres), mas descobre que não é possível fabricar ?Sullivans? que tornara-se o pilar e o sustentáculo de sua empresa. A questão começa a complicar quando um funcionário desonesto chamado Randall Boggs (que tem inveja do sucesso de Sullivan) busca criar um modelo de negócio ?paralelo? (a lá Eron e Parmalat) para aumentar o faturamento da empresa. Randall seqüestra uma criança (isso é proibido por lei) a fim de ?sugar? os gritos dela à força aumentando assim o faturamento da empresa. A questão começa a se complicar quando acidentalmente James Sullivan (monstro roxo de chifres) descobre a falcatrua e se afeiçoa a criança seqüestrada. Daí é aproveitar a parte cômica do filme e dar muita risada. Toda essa confusão, no entanto, permite que James Sullivan e Wazowski se dêem conta que o modelo de negócios da empresa é fadado ao fracasso e que seus esforços individuais para bater as metas só adiam a falência da empresa, mas de modo algum resolvem o problema do faturamento. Em meio a confusão os dois percebem que é possível ter um novo modelo de negócio muito mais lucrativo e muito menos penoso. É preciso reformular a empresa e mudar o próprio critério de ?funcionário ideal? a fim de que a empresa se recupere. Os dois descobrem que é possível obter energia através dos sorrisos (o modelo anterior era baseado nos gritos) das crianças. Isso seria moleza porque dada a obsolescência dos monstros eles provocavam mais rrisos do que apavoravam. O que era a desvantagem (os monstros não tinham mais o know-how de assustar) acabou por se tornar uma vantagem (eles eram cômicos e produziam risos fáceis). No entanto, para se utilizar desta ?oportunidade estratégica? seria preciso fazer uma revolução interna. A oportunidade estava lá fora, mas a empresa só poderia se aproveitar dela se fizesse uma revolução interna. Ao contrário do que Waternoose (chefão caranguejo) afirmava, não era as mudanças sociais que estavam levando a empresa a falência, mas era a resistência da empresa em mudar seu modelo de negócios que estava causando isso. A culpa não era das crianças (que não se assustavam mais), mas sim da empresa que insistia em não aceitar a mudança. A oportunidade aparece quando Waternoose (chefão caranguejo) é preso devido as suas falcatruas e Sullivan (monstro roxo de chifres),assume o comando da empresa.
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