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Caleidoscópio
(Cassiano Ribeiro Santos)

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Registro aleatório de sonhos, visões, poemas e Aforismos de um escritor indisciplinado.


01- Estamos em uma planície deserta; o solo é arenoso e despido de vegetação. No horizonte ergue-se uma linha ondulante de pequenas e rubras colinas. No céu brilha o encorpado azul de um trágico crepúsculo de verão. Sobre a distante linha do horizonte vão surgindo incontáveis bailarinas em fila indiana. Vestidas em trajes típicos da Birmânia, elas aproximam-se flutuando, dançando coreografias orientais a poucos metros do solo como se pisassem um palco invisível nas alturas e passam vertiginosas sobre nós; suas sombras, entretanto, são as de carros de corrida, zumbindo ao se aproximarem e exalando um forte perfume de sândalo que nos embriaga e persiste quando acordo sobre a cama.



02- ANAMORFOSE GOETHENIANA

Vejo, em frente ao barco ondulante, os incontáveis reflexos do luar cintilando sobre o negro oceano, uma faixa de luz dourada a se perder no horizonte. Fecho os olhos e adormeço sentindo os reflexos contraídos em minha retina. Onde havia um negro oceano vejo um fundo claro e manchas escuras no lugar dos reflexos cintilantes. Nossa retina é literalmente um negativo fotográfico invertendo a polaridade da luz. Abro novamente os olhos e o dia já amanheceu. O oceano agora é um leito iluminado e onde havia antes os ondulantes reflexos de luz, há simultâneos traços escuros: são gaivotas cruzando o oceano.... o dia é o negativo da noite como a luz o é da escuridão.



03- Estou sentado na grama ao lado da minha velha bicicleta. No meu campo de visão uma dourada praia alinha-se com o horizonte como duas retas encontrando-se no infinito. Rochedos multiformes e sombrios assomam na água verde onde vigorosas ondas quebram-se em catástrofes sonoras. Partes volumosas da onda partida se lança no espaço: um pedaço de jade insuflado de furiosa espuma voando e configurando efêmeras formas; então, a poucos centímetros da areia, o volume aquoso já é um tigre de água verde rajado de espumas brancas. A maravilha toca macio a areia da praia e avança furioso em minha direção, vários deles se formando ao ritmo das ondas quebradas no rochedo. O cortejo de tigres tentam vencer a distância que nos separam mas vão se derretendo no manto quente de areia. Perto de mim, só resta destes oníricos animais, uma garra que se desfaz em gotas geladas sobre meu corpo transido feito criança a urinar na cama!


04- A FLECHA DO TEMPO

Com imprevisível raridade me ocorre lembrar uma cena do passado que se apresenta não somente com a imagem específica mas também com o registro cumulativo de todas as vezes que esta imagem invadiu, inadvertidamente, a minha consciência. Sempre que isso acontece, seja qual for a imagem ou a circunstância, eu me recordo de todas as vezes em que se deu tal reminiscência e, embora simultânea, posso analisar a sensação em termos numéricos ainda que não consiga datar os momentos precisos desta série acumulada e ordinária de lembranças: temos somente o pressentimento do fio invisível do tempo atravessando-as. A lembrança em questão a inspirar este apontamento é uma cena da minha travessa infância: eu possuía uma espingarda de ar-comprimido e tive um dia uma idéia luminar. Apanhei uma grande agulha de sapateiro e nela enfiei um fio de nylon com cerca de dois metros de comprimento, uni as extremidades e dei um nó como um bom costureiro. Enfiei a agulha com o fio dobrado no cano da espingarda e posicionei-me na janela à espreita dos bandos de pardais que esvoaçavam no quintal. Segui com a mira da arma um bando numeroso que passava estridente e quando percebi muitos deles alinhados..., disparei. A agulha atravessou sete pardais que caíram mortos e alinhados no fio de nylon. Não sei se o número de pardais era exatamente este ou se, a cada vez que recordo esta cena, a imagem de um único pardal se aprisiona e se repete no fio do tempo que a atravessa inúmeras vezes...

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05-Sinto-me como um destes pequenos vulcões em uma ilhota distante no oceano. Posso entrar em erupção a qualquer momento, posso ficar inativo por centenas de anos e pode ser também que eu já esteja extinto, mas não quero alimentar esperanças!
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06-Como não acreditar em uma conspiração se minha própria sombra me persegue? ? Clama o paranóico....
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07-Homens há, que por dinheiro, navegariam nos mares do inferno, mesmo sob risco de queimarem as velas.

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