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Laços De Família
(Clarice Lispector)

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 Laços de Família, de 1960, é uma
coletânea de treze contos, dentre os quais seis publicados em
1952 com o título de Alguns Contos. Nesses contos Clarice
Lispector procura focalizar o processo de aprisionamento dos
seres humanos em suas prisões domésticas'', daí o titulo,
Laços de Família. Em seus contos, a autora busca o
questionamento das formas convencionais e estereotipadas das
relações familiares, ritualmente repetidas de geração em
geração, dentre as quais, a relação marido/mulher,
mãe/filhos, avó/familiares, filha/mãe, dentre outros. "Devaneio
e embriaguez duma rapariga" Uma típica senhora
portuguesa casada, certo dia ao encontrar-se defronte ao espelho
a mirar-se, estando só em casa ( os filhos e o marido estavam
fora ) começou a devanear. Tanto que ficou o tempo inteiro no
quarto sob a cama, o que fez o marido pensar que esta estava
doente. Tão logo os filhos voltam ao lar, a vida retoma o seu
norte e nossa personagem volta ao seu ritmo cotidiano, apenas
desmanchado por um encontro de negócios entre seu marido e
respectivo chefe. Embriaga-se e desenvolve muita prosa com o
chefe do marido, em verdade enciumava a beleza da vestimenta de
outra mulher no recinto e isto feriu-lhe a vaidade. Ao chegar em
casa repensa sua própria sensualidade e o desejo que podia
despertar nos homens. "Amor" Ana, urna mulher casada,
pacata e mãe de dois filhos, tinha uma vida doméstica muito calma, donde cuidava
dos seus com o esmero e amor típicos de uma pessoa fraterna e sensível.





 Aliás Ana, em
hebraico significa "pessoa benéfica, piedosa". Certo
dia ao ir às compras encontrou-se com um cego que muito a
impressionou; com a freada brusca do bonde onde se encontrava, os
ovos que carregava acabaram quebrando-se, pronto! A sua paz tão
duramente conquistada desapareceu. Transtornada acabou por descer
no Jardim Botânico que por sua beleza fê-la temer o próprio
inferno. Aqui podemos fazer um paralelo entre a beleza que salta
aos olhos e o cego que está privado disto, este último vive o
próprio inferno em terra. Esta então é a explicação de tanto
que impressionara a personagem. Ao voltar para casa sentia que
alguma coisa havia mudado dentro de si, abraçou o filho tão
fortemente que o assustou e foi ajudar o marido quando este
derrubou o café. Carinhosamente este pegou-lhe a mão e levou-a
para o quarto para dormirem. "Uma galinha"
Uma galinha de domingo, pronta para o abate. Contudo quando
apanhada pelo pai da menina que é a narradora da estória, a
galinha acaba pondo um ovo, imediatamente a menina avisa os
demais familiares do fato e alerta-os para a nova condição de
"mãe" da galinha. O pai de família, sentindo-se
culpado por tê-la feito correr para o abate, acaba por nomear a
ave como de estimação sob pena de que se o animal fosse
sacrificado nunca mais voltaria a alimentar-se da galinha.
Contudo, houve um dia em que "mataram-na, comeram-na e
passaram-se anos." "A imitação da rosa"
Laura, casada e sem filhos, preparava-se para um jantar na casa
de amigos. Era a primeira vez que ela faria isto desde que
voltara do hospital, onde fora internada. provavelmente por causa
de um surto. Ela pretendia estar pronta, de banho tomado, em seu
vestido marrom, a casa limpa e a empregada despachada, quando seu
marido, Armando, chegasse. Assim teria tempo livre para ficar à
disposição dele. e ajudá-lo a arrumar-se. Laura parecia
perseguir a perfeição a todo custo, vigiava-se para ser um
esposa modelo, submissa e obediente, mediana até na cor dos
cabelos, nem loura, nem morena: de modestos cabelos marrons Ela
procura parecer normal, premedita todos os seus gostos. Não quer
que os outros se preocupem com ela. Pensa o quanto seria bom ver
o marido enfim relaxado, conversando como amigo, no jantar, sem
lembrar-se de que ela existe. Exausta e feliz, pois acabara de
passar em ferro todas as camisas de Armando. Laura sentou-se na
poltrona da sala e cochilou um breve inante. Quando acordou,
teve a sensação de que a sala estava renovada. Admirou
intensamente as rosas que comprara pela manhã, na feira. Eram
perfeitas. Resolveu então dá-las á amiga que iria, à noite
visitar. Estava decidido, mandaria as flores pela empregada. Mas,
logo depois, Laura hesitava. Por que as rosas, tão bonitas, não
podiam ser dela mesma? Por que a beleza e exuberância das rosas
a ameaçava? Acabou cedendo-as, a empregada levou as flores, e
ela não conseguiu voltar atrás. É provável que a perfeição
que Laura vira nas rosas tivesse lhe provocado o impulso de
romper novamente com seu lado submisso e servil para se tornar
incansável. super-.humana, independente. tranquila, perfeita e
serena. Quando o marido chegou do trabalho, Laura ainda estava
sentada na poltrona, e nada tinha feito do que planejara
Dirigiu-se a ele: "Voltou. Armando. Voltou. (..) Não pude
impedir. disse ela, e a derradeira piedade pelo homem estava ria
sua voz, o último pedido de perdão que já vinha misturado à
altivez de uma solidão já quase perfeita. Não pude impedir.
repetiu, (...) Foi por causa das rosas, disse cor,,
modéstia(...) Ele a olhou envelhecido e curioso. Ela estava
sentada com seu vestidinho de casa. Ele sabia que ela fizera o
possível para não se tornar luminosa e inalcansável. "Feliz
aniversário" Tudo preparado para o encontro anual
da família. Na casa de Zilda, a única filha, as bolas coloridas
espalhavam-se pela sala e o bolo confeitado enfeitava o centro da
mesa. Na cabeceira, arrumada e perfumada com água de colônia
para disfarçar o cheiro de guardado, estava Cornélia, a
matriarca e aniversariante que completava 89 anos. Primeiro
chegaram as noras com os netos, depois os filhos. A velha.
sentada. impassível, se perguntava como ela, tão forte, pudera
gerar uma família tão medíocre. Cantaram, parabéns
atrapalhados todos fingiam entusiasmo, incapazes de uma alegria
verdadeira A velha foi ríspida o quanto pode. Escandalizou os
presentes e envergonhou Zilda, cuspindo no chão. Temos o retrato
de uma velha amargurada pela morte do filho que admirava, e o
desprezo por todos os demais é oriundo neste fato. É preciso
observar que Cornélia é a matriarca de todo o clã e seu nome
é de acepção latina e significa duro, forte. "A
menor mulher do mundo" Encontrada no coração da
África, por Marcel Pretre, um caçador e explorador, a menor
mulher do mundo tinha 45cm e era escura como um macaco. Vivia
numa árvore com o seu concubino e estava grávida. A sua foto,
tirada pelo francês, na qual ela aparecia em tamanho natural,
foi publicada em jornais de todo o planeta despertando nas
famílias o desejo de possuir e proteger aquele pigmeu do sexo
feminino, ser humano em miniatura. Os selvagens Bantos,
conterrâneos da menor mulher do mundo, adoravam capturar e comer
aquelas miniaturas. As crianças queriam a mulher para brincarem
de boneca. "Mamãe, se eu botasse essa mulherzinha africana
na cama de Paulinho enquanto ele está dormindo? Quando ele
acordasse, que susto, hein", disse um menino. Sua mãe
olhava-se no espelho e enrolava o cabelo quando ouviu isso,
Lembrou-se de uma história contada pela empregada, que passara a
vida num orfanato. As meninas da instituição não tinham
brinquedos. Um dia, uma delas morreu, e as outras esconderam-na
das freiras no armário. Quando não estavam sendo vigiadas,
pegavam a defunta como se fosse uma boneca, davam-lhe banho,
penteavam-lhe os cabelos botavam-na de castigo, punham-na para
dormir... Pensando nisso a mulher considerou cruel a necessidade
humana de amar e possuir, a malignidade de nosso desejo de ser
feliz, a ferocidade com que queremos brincar. A alma das
famílias queria devotar-se àquela frágil criatura africana.
Enquanto isso, a própria coisa rara, a menor mulher do mundo,
grávida, sentia o seu peito morno de amor. Amava e ria. Amava o
explorador amarelo, a sua bota, o seu anel brilhante. Amava e
ria, e deixava o homem grande perplexo. Pequena Flor



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