À Espera No Centeio
(SALINGER J. D.)
Este livro esteve envolvido em polémica desde que foi banido na América após a sua publicação. O homicida de John Lennon, Mark Chapman, pedira ao antigo Beatle que lhe assinasse uma cópia do livro na manhã do dia em que assassinou o cantor. A polícia encontrou o livro em sua posse enquanto prendia o psicologicamente perturbado Chapman. Contudo, o livro em si nada contém que possa ser atribuído ao acto de Chapman - poderia muito bem ter sido qualquer livro que ele estivesse a ler no dia em que decidiu matar John Lennon - nem muito menos a uma referência a ele próprio como o assassino 'À espera no Centeio' tradução de 2005 de José Lima: SALINGER, J. D., À Espera no Centeio, Difel, 2005, trad. de José Lima>, num livro que descreve um esgotamento nervoso, e sobre cuja relação com o homicídio do cantor os media especularam abundantemente na altura. E isto deu ao livro ainda mais notoriedade. Então, acerca de quê é 'À Espera no Centeio'? De um modo superficial, é a história de mais expulsão escolar de um adolescente já de si problemático. Contudo, 'À Espera no Centeio' é de facto um estudo perceptivo da compreensão que um indivíduo tem da sua condição humana. Holden Caulfield, um adolescente na Nova Iorque dos anos 50, foi expulso mais uma vez da escola devido ao seu fraco desempenho. Numa tentativa de lidar com isto, ele deixa a escola uns dias antes do final do período, e vai para Nova Iorque 'curtir' umas férias antes de regrassar à fúria inveitável dos seus pais. Contado como um monólogo, o livro descreve os pensamentos e actividades de Holden durante esses poucos dias, durante os quais ele descreve um esgotamento nervoso, denunciado nos seus acessos de inexplicável depressão, gastos impulsivos e, regra geral, comportamento estranho e errático, registado já antes do seu eventual colapso. Contudo, durante a sua batalha psicológica, a vida continua à volta do jovem, tal como sempre fora, com a maior parte das pessoas a ignorar os episódios de loucura que lhe sucedem - até que este começa a intrometer-se nos seus bem limitados padrões sociais. Através do romance, somos progressivamente desafiados a questionar a atitude da sociedade para com a condição humana - será que a sociedade tem uma mentalidade tal uma avestruz, metendo a cabeça na areia, ignorando deliberadamente o vazio que pode caracterizar a existência humana? E se sim, quando Caulfield começa a sondar e investigar o seu próprio sentido de vazio e isolamento, antes de finalmente declarar que o seu mundo está cheio de gente fútil e que cada um revela cada vez mais a sua falta de finalidade na sua futilidade, será que Holden está de facto a enlouquecer, ou será a sociedade que perdeu o juízo ao não ver a falta de finalidade das suas próprias vidas? Quando somos honestos, podemos ver em nós mesmos elementos suprimidos das forças que operam dentro de Holden Caulfield, e devido a isso recomenda-se este romance provocatório como uma descrição fascinante e luminosa da nossa condição humana. Contudo, cautela... pois que por essa mesma razão a leitura pode não se tornar confortável.
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