Entre o Galpão e a Mangueira
(Marco Antônio "xirú" Antunes)
Tanta "cosa" aquí se passa
uma conversa parcera
uma costura bem feita
ponteando uma corda chata
Um truco bem orelhado
pra os ressábios de um "embido"
e a bendição da cachaça
na volta de algum bolicho
A poeira das invernadas
que vem nas patas dos bois,
a vóz antiga do avô
na sombra dessas ramadas
É no palanque cravado
que a alma da curunilha
estira alma de um potro
bem antes de uma "rendilha"
É na soltada do gado
que se impacienta meu mouro
aliviando a porteira
pra os "causo" de algum estouro
Tanta milonga que vem
ao repensar minha raça
ao reencontrar meu sinuelos
junto ao fogão e a fumaça
As vezes alguma estrela
lacrimejando um recuerdo
recria a copla perdida
que eu esqueci em mim mesmo
Ou na alegria tamanha
nos olhos do meu overo
que espicha a alma de "perro"
do catre junto aos arreios
Tristeza aqui eu assumo
sempre assumi bem "jujada"
deixo no mais que se renda
aos feitiços da guitarra
Entre o galpão e a mangueira
a vida é bugra e enfeitiça,
e retempera os aprontes
pras investidas da lida
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