Poesia Orgânica
(Indisponível)
Parceiro...
eu sinto que você está presente
em todos os cantos a saudade
que os brothers sentem de você
é muito maior do que tudo e todos
na hora do “vamo vê”
eu ainda sou muito mais eu e você
e por isso a minha mente
parece estar ligada à sua
só que hoje você está distante
e mais maduro, pode crê
coincidência ou não
você se foi no dia 21
justamente 21
quando eu me lembro
que este mesmo número significou
a perda de inocentes cidadãos,
amigos, vizinhos, parentes
que nada fizeram e foram massacrados
pelo ódio e pela violência
de quem é a culpa?
é do sistema, da polícia ou do apartheid
provocado por esta sociedade
de quem é a culpa?
do imbecil que mora em Copa
que não pode ver um garoto negro correndo
que grita “pega ladrão”
de quem é a culpa?
de um tal de João que foi
expulso do seu país
e veio aqui pro meu só para roubar
pilantra safado
Chega de blá, blá, blá
tá na hora, tá na hora
chega de blá, blá, blá
tá na hora, tá na hora
tá na hora de mudar
olha aqui pra mim, pro negão da percussão
vê se eu tenho cara de ladrão!
antigamente estes mesmos colonizadores
vinham pelo mar
agora vêm em naves espaciais
com suas roupas de astronauta
achando que nós somos um povo sem identidade e aculturado
e é por isso que o Zé está sempre estressado
o meu papel não é o do denunciador e sim o do relator
eu tô vivendo, eu tô sentindo, eu tô agindo
não pense que eu sou um produto descartável
pois quando vocês entraram aqui
e mataram a minha gente
não imaginam o quanto me fortaleceram
de mente em mente
aí vai um recado telepaticamente
valeu, Vigário, valeu, seu Barroso, eu tô saindo
vou ali desenrolar cum moleque
que tá seguindo um caminho sem volta
mas com certeza eu vou trazer ele de volta
Chega de blá, blá, blá
tá na hora, tá na hora
chega de blá, blá, blá
tá na hora, tá na hora
tá na hora de mudar
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