BUSCA



Buscar por Artista
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Remorsos de Castrador
(Indisponível)

Um pealo --- um tombo --- grunhidos

de impotente rebeldia,

o sangue da cirurgia

No laço e no maneador.

Nada pra tapear a dor

do potro que --- sem saber,

perdeu a razão de ser

na faca do castrador.



Há um bárbara eficiência

nessa rude medicina,

a faca é limpa na crina

que alvoroçada revoa,

pouco interessa que doa,

a dor faz parte da vida.

Há de sarar em seguida,

desde guri tem mão boa.



Aprendeu --- nem sabe como,

a estancar uma sangria.

Sem noções de anatomia

é um cirurgião instintivo

que --- por vezes --- pensativo,

afundou na realidade

da crua barbaridade

desse ritual primitivo.



Já faz tempo --- muito tempo,

que um dia --- na falta doutro,

castrou seu primeiro potro,

um zaino negro tapado.

Que pena vê-lo castrado,

o entreperna coloreando

e os olhos recriminando,

num protesto amargurado.



Depois do zaino --- um tordilho,

depois --- baios e gateados,

um por um sacrificados

pela faca carneadeira

e o rude altar da mangueira

a pedir mais sacrifícios

dos bravos fletes patrícios,

titãs de campo e fronteira.



Por muitos e muitos anos

andou nos galpões do pampa,

castrando pingos de estampa

com renomada experiência,

cavalos reis de querência,

parelheiros afamados,

pela faca condenados

a morrer sem descendência.



Às vezes, durante a noite,

um pesadelo o volteia

e o remorso paleteia.

Castrador!... que judiaria!

E quando sem serventia

por aí deixar semente

no mundo onde há tanta gente

pedindo essa cirurgia.



E ali está --- defronte ao rancho,

pastando o mouro do arreio,

pingo de campo e rodeio

que castrou --- quando potrilho.

O mouro --- mesmo que filho

do xirú velho campeiro,

o último companheiro

do seu viver andarilho.



Na primavera --- outro dia,

um potranca lazona,

linda como temporona,

vestida em pelagem de ouro,

veio se esfregar no mouro,

mordiscando pelo e crina,

mais amorosa que china

num princípio de namoro!



E o mouro? --- pobre do mouro!

Não pode ter namorada.

Veio, direto à ramada,

numa agonia sem fim,

olhando pro dono, assim,

num bárbaro desespero,

como dizendo: parceiro,

vê o que fizeste de mim!!










Passei.com.br | Portal da Programação | Biografias

DESTAQUES NETSABER
- Biografia
- Biografia de Santos Dummont
- Segurança de Computadores
- Apostila de Sociologia
- Enciclopedia em Inglês
- Apostila de Contabilidade Básica
- Receita Federal
- Natal
- Biografia de Van Gogh
- Apostilas de PHP
- RBD
- Biografia de Pablo Neruda
- Papai Noel
- Correios
- Inep
- Biografia de Albert Einstein
- INSS
- Harry Potter
- Apostilas HTML
- Biografia de George W. Bush
- Curso Espanhol
- Gravidez
- Biografia de Benito Mussolini
- Biografia de Adolf Hitler
- Templates HTML
- Câncer
- Câncer de Mama
- Câncer de Pele
- Biografia de Tales de Mileto
- Concursos Públicos
- Vestibulares
- Vestibulinhos
- Primeira Guerra Mundial
- Segunda Guerra Mundial
- Tabagismo
- Cigarro
- Templates Flash
- Nazismo
- Fascismo - Resumo de Livros
- Sexualidade
- Biografia de Tom Jobim
- Drogas
- Apostilas SAP
- Biografia de Tancredo Neves