BUSCA



Buscar por Artista
   A | B | C | D | E | F | G | H | I | J | K | L | M | N | O | P | Q | R | S | T | U | V | W | X | Y | Z


Tio Anastácio
(Indisponível)

Entre a ponte e o lageado,

na venda do bonifácio,

conheci o tio anastácio,

negro velho já tordilho;

diz que mui quebra em potrilho,

hoje pobre despilchado,

de tirador remendado

num petiço doradilho...



Quem visse o tio anastácio,

num bolincho de campanha,

golpeando um trago de canha,

oitavado no balcão,

tinha bem logo a impressão,

que aquele mulato sério

era o rio grande gaudério

fugindo da evolução!



A tropilha dos invernos

tinha lhe dado uma estafa,

e aquela meia garrafa,

dentro do cano da bota,

contava a história remota

do negro velho curtido

que os anos tinham vencido

sem diminuir na derrota.



Mulato criado guacho

nos tempos da escravatura,

aquela estranha figura

na vida passara tudo;

ginetaço macanudo,

já desde o primeiro berro

saia trançando ferro

no potro mais culmilhudo!



Carneava uma res, num upa,

com toda calma e perícia!

reservado e sem malícia,

negro de toda confiança,

bem quisto na vizzinhança,

dava gosto num rodeio,

de pingo alçado no freio

pealando de toda trança



Tinha cruzado as fronteiras

da argentina e do uruguai;

andara no paraguai,

peleando valentemente,

e voltara, humildemente,

como tantos índios tacos

que foram vingar nos chacos

a honra da nossa gente!



Caboclo de qualidade

que não corpeava uma ajuda

na encrenca mais peleaguda

sempre conservava o tino,

garrucha boca de sino

carregada com amor

e um facão mais cortador

do que aspa de boi brasino!



Porém depois que os janeiros

foram ficando a distância,

andou, de estância em estância,

e foi vivendo de changa:

repontando bois de canga,

castrndo com muita sorte,

e, em tempos de seca forte,

arrastando água da sanga...



Ficou sendo um desses índios

que se encontra nos galpões

e ao derredor dos fogões

fala aos moços, com paciência,

de que aprendeu na existência,

ao longo dos corredores,

alegria, dissabores,

curtido pela experiência!



Tio anasstácio pra qui;

tio anastácio pra lá...

mandado mesmo que piá

pôr aquela redondeza;

nos remendos da pobreza,

entrava e passava inverno,

como um tronco so no cerno,

pelegueando a natureza!



Por isso é que nos bolinchos

só se alegrava bebendo

como se cada remendo

da velha roupa gaudéria,

fosse uma sangria séria

por onde o sangue do pago

se esvaisse, trago a trago,

por ver tamanha miséria!



E até parece mentira

- negro velho de valor!

morreste no corredor

como matungo sem dono;

não tendo neste abandono,

ao menos um companheiro,

que te estendesse o baixeiro

para o derradeiro sono!



E agora que estas vivendo

na estância grande do céu

engraxando algum sovéu

prao patrão velho buenacho,

não te esquece aqui de baixo

onde alolargo ainda existe

muito xiru velho triste

como tu, criado guacho!

como tu, tio anastácio...










Passei.com.br | Portal da Programação | Biografias

DESTAQUES NETSABER
- Biografia
- Biografia de Santos Dummont
- Segurança de Computadores
- Apostila de Sociologia
- Enciclopedia em Inglês
- Apostila de Contabilidade Básica
- Receita Federal
- Natal
- Biografia de Van Gogh
- Apostilas de PHP
- RBD
- Biografia de Pablo Neruda
- Papai Noel
- Correios
- Inep
- Biografia de Albert Einstein
- INSS
- Harry Potter
- Apostilas HTML
- Biografia de George W. Bush
- Curso Espanhol
- Gravidez
- Biografia de Benito Mussolini
- Biografia de Adolf Hitler
- Templates HTML
- Câncer
- Câncer de Mama
- Câncer de Pele
- Biografia de Tales de Mileto
- Concursos Públicos
- Vestibulares
- Vestibulinhos
- Primeira Guerra Mundial
- Segunda Guerra Mundial
- Tabagismo
- Cigarro
- Templates Flash
- Nazismo
- Fascismo - Resumo de Livros
- Sexualidade
- Biografia de Tom Jobim
- Drogas
- Apostilas SAP
- Biografia de Tancredo Neves