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Fado Falado
(Aníbal Nazaré / Nelson de Barros)

Fado Triste

Fado negro das vielas

Onde a noite quando passa

Leva mais tempo a passar

Ouve-se a voz

Voz inspirada de uma raça

Que mundo em fora nos levou

Pelo azul do mar

Se o fado se canta e chora

Também se pode falar



Mãos doloridas na guitarra

que desgarra dor bizarra

Mãos insofridas, mãos plangentes

Mãos frementes e impacientes

Mãos desoladas e sombrias

Desgraçadas, doentias

Quando à traição, ciume e morte

E um coração a bater forte



Uma história bem singela

Bairro antigo, uma viela

Um marinheiro gingão

E a Emília cigarreira

Que ainda tinha mais virtude

Que a própria Rosa Maria

Em dia de procissão

Da Senhora da Saúde



Os beijos que ele lhe dava

Trazia-os ele de longe

Trazia-os ele do mar

Eram bravios e salgados

E ao regressar à tardinha

O mulherio tagarela

De todo o bairro de Alfama

Cochichava em segredinho

Que os sapatos dele e dela

Dormiam muito juntinhos

Debaixo da mesma cama



Pela janela da Emília

Entrava a lua

E a guitarra

À esquina de uma rua gemia,

Dolente a soluçar.

E lá em casa:



Mãos amorosas na guitarra

Que desgarra dor bizarra

Mãos frementes de desejo

Impacientes como um beijo

Mãos de fado, de pecado

A guitarra a afagar

Como um corpo de mulher

Para o despir e para o beijar



Mas um dia,

Mas um dia santo Deus, ele não veio

Ela espera olhando a lua, meu Deus

Que sofrer aquele

O luar bate nas casas

O luar bate na rua

Mas não marca a sombra dele

Procurou como doida

E ao voltar da esquina

Viu ele acompanhado

Com outra ao lado, de braço dado

Gingão, feliz, levião

Um ar fadista e bizarro

Um cravo atrás da orelha

E preso à boca vermelha

O que resta de um cigarro

Lume e cinza na viela,

Ela vê, que homem aquele

O lume no peito dela

A cinza no olhar dele



E o ciume chegou como lume

Queimou, o seu peito a sangrar

Foi como vento que veio

Labareda atear, a fogueira aumentar

Foi a visão infernal

A imagem do mal que no bairro surgiu

Foi o amor que jurou

Que jurou e mentiu

Correm vertigens num grito

Direito ou maldito que há-de perder

Puxa a navalha, canalha

Não há quem te valha

Tu tens de morrer

Há alarido na viela

Que mulher aquela

Que paixão a sua

E cai um corpo sangrando

Nas pedras da rua



Mãos carinhosas, generosas

Que não conhecem o rancor

Mãos que o fado compreendem

e entendem sua dor

Mãos que não mentem

Quando sentem

Outras mãos para acarinhar

Mãos que brigam, que castigam

Mas que sabem perdoar



E pouco a pouco o amor regressou

Como lume queimou

Essas bocas febris

Foi um amor que voltou

E a desgraça trocou

Para ser mais feliz

Foi uma luz renascida

Um sonho, uma vida

De novo a surgir

Foi um amor que voltou

Que voltou a sorrir



Há gargalhadas no ar

E o sol a vibrar

Tem gritos de cor

Há alegria na viela

E em cada janela

Renasce uma flor

Veio o perdão e depois

Felizes os dois

Lá vão lado a lado

E digam lá se pode ou não

Falar-se o fado.










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