Yuka Bazuca
(Paulo Dionísio)
A indústria vende
Um corpo de mulher como solução
Cigarro como alívio da pressão
Televisão para levar a informação
De como deve pensar o povão
Parece brincadeira de primeiro de abril
Quando você menos espera
Já era, caiu
Extra, extra, extra
Lá vem a notícia
Cheia de histórias
Sobre os bandidos e a polícia
Às vezes mãos se dão
Às vezes, tiroteiam se matam
Não posso parar, tenho que me mexer
Se não correr atrás, não tenho o que comer
Minha casa não é minha, pago aluguel
Quando consigo bancar levanto as mãos pro céu
Moro na periferia
E não estou aqui fazendo pose, pose pra fotografia
Quero meus direitos de cidadão
Então peço à vocês, donos do mundo uma salvação
Não posso parar, tenho que me mexer
Se não fizer por mim ninguém mais vai fazer
Outras portas, outros espaços
Fazer do mundo estrada dos meus passos
500 anos e os negros continuam nessa merda de situação
os indos donos de tudo, empurrados para o abismo
muito perto da dizimação
talvez sejam lembrados em algum “branco livro” de histórias
que vai dizer, foi necessário foi melhor assim
ainda bem que já não podem mais negar zumbi
não posso parar, tenho que me mexer
como Marcelo Yuca, ir da canção ao ato
com o poder de uma bazuca, encarar o fato
e disparar contra muros da hipocrisia
porque a luta não tem hora, é agora
ela todo o dia
tudo pode acontecer a qualquer movimento
então é bom ficar ligado em todo movimento
quem vai, quem vem, quem ta atrás, quem tem
e estar sempre consciente do seu papel
marcou ficou de bobeira, foi pro beleléu
tudo que acontece à terra
acontecerá aos filhos da terra
no papel a lei diz que não pode
mas a lei é quem descumpre mais
quem pode, pode quem não pode se sacode
e no meio disso tudo o povo sempre se fode
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