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Catalógos de vida
(Saulo Leal)

Eu já nem sei quem sou

Não sei pra onde ir

A ilusão tecnológica e seus males estão aqui

O meu dinheiro compra tudo, compra até o que eu não quiser comprar

Compra e venda de qualquer vida, catálogos de vidas pra leiloar

(coro)

O que você fez pra mim voltar?

O que você fez pra mim ficar?

Compra e venda da imundície alheia

Compra e venda do que quiser comprar

Não me fale em justiça social

Não cante paz perto de mim

É a demagoga televisão

Manipulando a informação



Códigos de barras no meu lombo escravo

E a chicotada a todo fim do mês, o burro velho quase aposentado de repente morre por invalidez:

“- Morreu de que?

- Alienação profunda

- E o que aconteceu?

- Tomou na bunda

- Quem foi o culpado?

- Algum fila da puta que ta no Senado lixando a unha.”

Corre para ver

Corre para se informar

É mais um cidadão culpado por ser cidadão

Simples cidadão proletariado, premiado com um salário miserável.

Que corre o risco do atraso e que ainda é roubado pelo governo descarado, imposto mascara a poucos beneficiados que comem caviar e viajam de avião.

Enquanto o povo lota os ônibus, passam fome, comem lixo, ocupam as pontes, virando sub-produto da nação. E assim vive o povo com o rotulo de “povão”, que não votam certo e a cada quatro anos elege um novo bando de ladrão.

(coro)

Onde vive a perfeição formal ?

É o sistema da exploração, que faz do povo otário, compra e vende a força de homens cansados.

Revolução industrial, super-fatura para o patrão, e o povo só levando ferro quente no rabo se virando pra comprar o pão “mer’mão”



Quer um dinheirinho emprestado a 10% ao mês

E quem quiser que diga que estou errado, pois para os bancos não existem leis

O povo ta fudido e enclausurado pelo sistema podre burguês que beneficia só a interessados, despreocupados, que fazem suas próprias leis.

Corre, venha, arme uma revolução

Grite, mude, faça desse país nação

Posso te abandonar a qualquer hora dessas e se eu me “retar” ainda te meto um pau na testa

Chuto o teu Amazonas, meto o dedo no teu Nordeste, jogo bomba no Senado pra que alguém ouça minhas preces.



Meu dinheiro compra tudo, compra até o que eu não quiser comprar.

Compra e venda de qualquer vida, catálogos de vidas para leiloar.

(coro)










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