Manué
((refrão de toada do bumba-meu-boi "Pae do Campo" de Belém (PA) gravado pela Missão de Pesquisas Folclóricas em 1938 / embolada de coco de origem pernambucana anotada por Mário de Andrade no Rio Grande)
A gente chega
Fica logo impressionado
Com o olhar enamorado
Das menina do sertão
Muito cuidado
Pois ali ninguém faz fita
Cada mocinha bonita
Tem um tio que é valentão
Ê, manué
Eu só vim fazê teu gosto
Sacrificando meu couro
Correndo o suor do meu rosto
Em riba daquela serra
Tem um velho gaioleiro
Quando vê moça bonita
Faz gaiola sem ponteiro
Naquela serra
Tem três moça encantada
Uma é minha, outra é tua
Outra é de meu camarada
Se quisé escolhe noiva
Escolha pelo andá
Que aquela que é veiaca
Pisa no chão devagá
Pra casá com moça
Não case com amarela
Que ela dá pra lobisome
Passa a gente na moela
Ê, manué...
Homem casado
Que tem amor à família
Que gosta de suas filha
Não devia passiá
Se sai pra rua
Deixa a casa em abandono
Chega outro e banca dono
Toma conta do lugá
Mulhé casada
Que duvida do marido
Leva a mão no pé-do-ouvido
Pra deixá de duvidá
Homem solteiro
Namorou muié casada
Tá co'a vida atrapaiada
Na ponta do meu punhá
Ê, manué...
Pois é que a vida
Tá ficando muito cara
Homem, agora, é coisa rara
Não se pode assim achá
Só macacheira
A mulher e a cachaça
Num instante a gente acha
Não carece procurá
Cabocla mariana
Tem quatro filha solteira
Tem uma cabocla mais nova
Nunca vi bicha faceira
Anda e remexe
Quatro palmo de cadeira
Premita nossa senhora
Qu'essa cabocla me queira
Ê, manué...
Eu vou falá
Dos tempero de panela
Carne de porco e costela
Mocotó, corredô, pá
Comadre mariquinha
É quem manda na cozinha
Comadre mariquinha
Venha vindo, venha cá
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