Da cela intelectual
(Internet)
Com a coreografia de um vício, esvazio chávenas de café. Duas ou três vezes ao dia, visito o quiosque colado à biblioteca e reanimo-me com química legal. Escrever e ler, ler e escrever exige pausas, e quando o corpo adopta a forma dolente da cadeira ou do sofá é aconselhável que a distracção seja da variante excitante. As viagens são curtas entre as estantes da biblioteca ou os arquivos da academia e o exercício com o peso de uns poucos livros ou resmas de papel não aquece os membros. A cafeína não sendo aeróbica, dá-me a ilusão de um corpo em movimento, um vibrar grave e engolido. Quem serve o reanimante café é um jovem latino-americano. Soube hoje que trabalha 11 horas por jornada, começando às 6 da manhã, 6 dias por semana. Queixa-se que à noite não adormece facilmente, e por isso tem sono dia adentro. Mesmo entre o sono sorri. Prevê que o meu pedido é um denso expresso, e na ausência de testemunhas passa-me doses duplas, triplas, hoje quádrupla, ou desconta uns pennies à transacção. Não bebe café. Disse-me em inglês competente, quebrado pela interpelação "amigo", que pingou os lábios num expresso e que o deixou tonto e de peito apertado. O intelectual adormecido é diferente do trabalhador adormecido. O sono no corpo intelectual é o que pede actividade. O sono no corpo trabalhador é o que pede descanso. A divisão social do trabalho é metabólica.
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