Arthur Virgílio diz que governo ajudou a derrotar MP dos bingos e não quer regulamentar jogo



O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio Neto (AM), desafiou o governo a aprovar a votação em regime de urgência de um projeto que regulamente de forma rigorosa o jogo no Brasil. Virgílio lembrou que a edição da medida provisória que proibia os bingos foi "o grande pretexto" para impedir a instalação das CPIs que investigariam os bingos e o caso Waldomiro Diniz, ex-assessor da Casa Civil da Presidência da República, acusado de receber propina do um empresário de jogos de azar Carlos Cachoeira, perguntando "qual será o pretexto agora", depois da rejeição da MP.

Arthur Virgílio disse que a MP dos bingos foi derrotada na noite de quarta-feira (5) por "culpa absoluta" do Palácio do Planalto, que abandonou suas lideranças, que não se sentiram autorizadas a negociar com os líderes de oposição. Segundo ele, havia uma série de pontos que os faria votar a favor da MP: o resguardo às loterias estaduais; o apoio à emenda Quintanilha, que garantia a regulamentação do chamado bingo de cartela e a proibição do jogo eletrônico; e a ratificação, pela Câmara dos Deputados, do que fosse aprovado pelo Senado.

Até mesmo do último quesito, o apoio da Câmara, a oposição abriria mão, disse Arthur Virgílio. Mas o ministro da Coordenação Política e Assuntos Institucionais, Aldo Rebelo, não bancou o acordo, o que deixou os seus líderes desamparados.

- Eles não têm nenhum interesse em regulamentar o jogo no Brasil. O ministro José Dirceu [da Casa civil] até já recuperou parte do seu viço e vem posando para fotos fazendo ginástica pelas ruas. Ah!, o que a impunidade não faz! Mas por que não apoiaram o excelente projeto da senadora Ideli Salvatti que regulamenta o jogo - e faço o elogio sem nenhuma ironia - disse.

O líder do PSDB acredita que há duas hipóteses para o governo ajudar a derrotar a MP dos bingos: a primeira, é que o governo, assim, empurraria para a oposição o ônus de ser favorável ao jogo, aos olhos da opinião pública. A segunda, é que, com os jogos eletrônicos liberados, "Carlos Cachoeira não teria mais por quê apresentar novos vídeos de seu acervo".



06/05/2004

Agência Senado


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