Arthur Virgílio levanta hipóteses sobre ação em casa de irmão do presidente Lula



O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), levantou três hipóteses sobre o cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa de Genival Inácio da Silva - irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - na manhã de segunda-feira (4), em São Bernardo do Campo (SP). Para o senador, seria "desastrosa" a hipótese de o presidente Lula não ter sido avisado sobre a ação; louvável, se ele foi avisado mas não avisou o irmão; e "extremamente grave" se ele, avisado com antecedência, tenha comunicado ao irmão sobre a operação.

O líder do PSDB informou que suas conjecturas partiram da pergunta de uma jornalista, para quem "se avisassem o presidente, ele avisaria o irmão dele". O senador retrucou que seria muito grave supor que presidente da República teria menos credibilidade do que o diretor da Polícia Federal numa operação desse porte.

- É muito grave para isso ser verdade; se isso é verdade, este país virou do avesso, este país é tudo, menos uma democracia verdadeira; este país, então, está carecendo da legitimidade mínima e básica para continuarmos a acreditar na vida pública brasileira. Em outras palavras, é extremamente grave se o presidente não soube, extremamente louvável se o presidente soube e não avisou seu irmão, e extremamente grave outra vez se ele soube e avisou seu irmão, mas repito, extremamente grave se há, neste país, uma força que se acha no direito de não comunicar ao presidente da República uma operação desse porte - afirmou.

Arthur Virgílio lembrou que as instituições estão no pior nível de descrédito perante a opinião pública, "a começar pelo cerne do sistema democrático, que é o Congresso Nacional". Afirmou que esse desgaste atinge também o Poder Judiciário e o Poder Executivo,"pelos inúmeros escândalos que se têm verificado no seu interior". Ressalvou, porém, que o presidente da República se salva "pela sua história, pelo seu carisma, muito mais do que por méritos objetivos mostrados ao longo deste governo do ponto de vista do controle da corrupção".

- Tenho preocupação fundamental com as instituições. Ou somos capazes de dar essa resposta positiva à sociedade, ou veremos algo de funesto acontecendo no país, não sei em quanto tempo, porque tenho absoluta convicção de que corrupção, descrédito das instituições, perda de fé por parte do povo no regime democrático e a própria democracia, esses ingredientes não convivem eternamente. Nossa responsabilidade é muito grande. Temos de dar conta desse recado, sob pena de passarmos para a história como, talvez, o mais débil e mais tíbio Parlamento da história desta República. Eu não gostaria nunca de levar para a minha biografia esse falso laurel.

Apartes

O senador Tião Viana (PT-AC) disse que o presidente Lula, ao dizer que a Polícia Federal deve continuar agindo com isenção, autoridade e independência e que não acredita que seu irmão possa estar envolvido em algum desvio de ordem moral, mostrou "uma atitude equilibrada, sensata, de um chefe de Estado que tem responsabilidade para com o país". Já a líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC), afirmou que, juntamente com a reforma política, é preciso analisar a agilidade nos processos judiciais, "porque não é possível que tenham sido realizadas quase 360 operações pela Polícia Federal, mais de seis mil pessoas estejam sob prisão provisória e nenhum processo tenha transitado em julgado (para os quais não cabem mais recursos judiciais)".

Por sua vez, o senador Sérgio Guerra (PSDB-PE) disse que não podem ser justificáveis seis mil prisões temporárias. Para ele, deve haver excesso de prisões feitas, e que depois não se confirmam, como deve haver - e seguramente há - dificuldades para condenação na Justiça.

05/06/2007

Agência Senado


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