Arthur Virgílio quer que Lula peça desculpas ao povo brasileiro



O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) apresentou duas condições ao presidente da República para que a bancada do seu partido no Senado vote a favor da medida provisória que o governo editará aumentando o valor do salário mínimo para R$ 260. A primeira delas é que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convoque uma rede de televisão, faça uma autocrítica e peça desculpas ao povo brasileiro por não cumprir a promessa que fez durante a campanha de dobrar o valor real do menor salário pago no país.

- Se ele for à televisão e disser que no passado delirou, foi demagogo, crucificou os governos que o antecederam, cometeu equívocos e praticou, de certa forma, um estelionato eleitoral, se ele fizer esse gesto generoso e corajoso, o presidente Lula poderá preservar o respeito que a nação ainda pode ter por ele - afirmou Arthur Virgílio.

A outra condição estipulada pelo senador amazonense é a de que o governo convença o PSDB que é impossível oferecer um aumento maior do que o proposto. Se estas duas condições não forem cumpridas, informou Virgílio, seu partido apresentará uma emenda propondo a elevação do salário mínimo para R$ 280. Ele comentou que este valor ainda é inferior ao que alguns integrantes da base governista estão propondo: R$ 330.

Em aparte, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) registrou que, no primeiro ano, o governo justificou que não ofereceu um aumento maior do salário mínimo por causa da "herança maldita". Agora, comentou o senador, a "herança maldita" é o próprio primeiro ano de governo Lula. Ele disse ainda que se Lula não fizer uma autocrítica e pedir desculpas aos brasileiros deverá assumir para a população que não dá um aumento maior por ser perverso, mau e que quer ver a população mais pobre do país com o seu salário deprimido o máximo possível.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) explicou que, além de aumentar o salário mínimo de R$ 240 para R$ 260, o governo também determinou um acréscimo no salário-família pago por cada filho (até um limite de três), que atualmente é de R$ 13,48 e passará a R$ 20. Ele registrou que um dos motivos por que não foi concedido um aumento maior foi o impacto que este valor teria nas contas da Previdência.

Último a apartear, o senador Marcos Guerra (PSDB-ES) afirmou que, depois de 13 meses de uma longa espera - já que o último aumento do salário mínimo ocorreu em abril do ano passado -, a classe trabalhadora mais uma vez ficou frustrada com o anúncio do governo. Ele lembrou que em outros anos, mesmo quando se anunciava um salário mínimo inferior ao esperado, a situação econômica do país permitia que as empresas remunerassem acima do valor estipulado pelo governo. Com a paralisia da economia, lamentou, nem isso será possível.



29/04/2004

Agência Senado


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