Arthur Virgílio questiona isenção da Polícia Federal



Em um discurso que mobilizou o Plenário do Senado por três horas, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) defendeu nesta quinta-feira (24) a investigação da corrupção sem espetáculos e com respeito ao estado democrático de direito. Ele apresentou uma cópia do Inquérito nº 544/BA - resultante da chamada Operação Navalha da Polícia Federal e entregue em sua casa por um desconhecido - em que faltam diversas páginas, e vários nomes de pessoas investigadas estavam apagados por tarjas pretas. Virgílio disse que, apesar de esse expediente, chamado desentranhamento, ser uma figura comum em processos, ficou a suspeita de que houve um favorecimento.

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- O primeiro envolvido tem uma tarja a lhe cobrir o nome. Começa do segundo envolvido e não menciona quem é o primeiro envolvido. Eu quero saber quem é o primeiro envolvido. Quero saber, precisamente, a que nomes se referem estas tarjas pretas. Eu quero saber se estou diante de uma polícia republicana, que está disposta a cumprir a lei e a Constituição e a prender corruptos, sim, de Norte a Sul do país, ou se estou diante de uma polícia parecida com a Pide de Salazar, visando perseguir desafetos e protegendo corruptos de dentro do governo - disse o senador.

Arthur Virgílio pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que solicite a disponibilização, para o Congresso, de todos os volumes do inquérito - em cópias sem tarjas.

Renan Calheiros reiterou o que já havia dito na sessão de quarta-feira (23):

- Desde o primeiro momento quando fui perguntado sobre essa operação eu disse que era preciso saber a extensão da apuração dos fatos para inibir qualquer especulação. Essa pergunta não foi respondida e continua a ser feita. É preciso esclarecer, investigar e, se for necessário, criar uma Comissão Parlamentar de Inquérito para que tenhamos essas respostas para dar ao Brasil - disse Renan.

Arthur Virgílio disse que seria bom o país ter "um governo que não separe ladrão amigo de ladrão inimigo" e que está ficando "demasiadamente grotesco" o descrédito que é lançado pela opinião pública contra o Poder Legislativo. O senador solicitou ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que solicite a remessa ao Senado a íntegra dos três tomos que compõem o inquérito, pois um deles está desaparecido. Ele repudiou o vazamento de trechos do inquérito para a imprensa e afirmou que esse procedimento é prejudicial à democracia.

- Se pensam que estão fazendo algo de bom no combate à corrupção, estão pura e simplesmente criando uma confusão que vai acobertar os verdadeiros corruptos. A empresa Gautama fez obras enormes e de monta variada para a Polícia Federal. Eu suponho que a PF se portou bem e fez a Gautama se portar bem nesse episódio, que é reconhecidamente uma empresa corrupta, ou alguém da PF recebeu propina da Gautama para se manter o mesmo ritmo de promiscuidade entre o público e o privado que se via e que se tem visto desde que se iniciou a divulgação da chamada Operação Navalha. É um quadro muito confuso - afirmou.

O senador defendeu a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o caso e até mesmo uma reformulação no texto do requerimento de criação para ampliar a investigação a todas as empreiteiras, como sugeriu o senador Pedro Simon (PMDB-RS) ao final da CPI dos Anões do Orçamento, em 1993. Virgílio chegou a propor ao senador Heráclito Fortes (DEM-PI) que adiasse a instalação da CPI das ONGs para que a CPI das Empreiteiras pudesse funcionar.

-Esta é mais urgente - argumentou.

Arthur Virgílio disse que vai pedir ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que tome providências no sentido de advertir a Polícia Federal com relação a abusos e excessos. O senador também anunciou a apresentação de projeto de resolução de autoria dele e do senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), com o objetivo de extinguir a Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. O orçamento da União seria analisado pela comissões temáticas das duas casas do Legislativo e, depois de passar por uma comissão sistematizadora, iria a Plenário.



24/05/2007

Agência Senado


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