Azeredo acusa governo de omissão e desleixo no combate à criminalidade



O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) disse que o Brasil já deve ter ultrapassado a Colômbia no ranking do medo, afirmando que "a criminalidade aqui atingiu índices absurdos e fugiu inteiramente a qualquer controle do Estado, diante da omissão e da catatonia do governo federal". Em seu discurso, o senador lembrou dois assaltos ocorridos no Rio de Janeiro que podem ter causado no exterior impacto mais negativo do que a reportagem desta quarta-feira do jornal The New York Times, que aponta a ausência de investimentos em infra-estrutura como empecilho fundamental para o crescimento econômico do país.

O primeiro assalto vitimou 17 turistas alemães em um micro-ônibus que os levava do Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, Rio de Janeiro, a um hotel na zona sul da cidade. Dois bandidos com metralhadoras invadiram o micro-ônibus, enquanto outros dois aguardavam em um carro que o interceptara. Os alemães perderam tudo que traziam, e por muito pouco não foram também assassinados. O outro assalto atingiu dois turistas norte-americanos na Linha Vermelha (conjunto de ruas e viadutos que liga o aeroporto à zona sul), e os assaltantes igualmente levaram dinheiro, documentos e malas.

- Na Colômbia - disse o senador - o terror vem sendo combatido ultimamente com crescente êxito, porque está identificado no narcotráfico e numa guerrilha delimitada e extemporânea. Mas aqui, estamos longe disso, porque o terror difuso e onipresente está sob controle de bandidos sempre anônimos, mas ousados, sem limites, e armados até os dentes - com armas muitas vezes mais poderosas do que as usadas pela polícia - acrescentou.

Eduardo Azeredo disse que o governo não levou à frente o Plano Nacional de Segurança anunciado no começo.

O senador criticou o contingenciamento orçamentário das verbas destinadas à segurança pública, a ausência de progressos na educação, o fracasso completo de programas sociais como o Bolsa Famíliae o Fome Zero, que classificou como "tristemente célebre", e a baixa taxa de investimentos na atividade econômica.

- O governo fez sua opção preferencial pelos juros altos, e a preferência ortodoxa e radical pelos superávits atinge frontalmente outra instância que interessa à segurança pública, que é o combate efetivo à criminalidade - disse.

Azeredo citou dados informando que em 2003 o total de ocorrências criminosas subiu para 3.792 casos por 100 mil habitantes, contra 3.251 registradas em 2002. Nas capitais, o quadro é pior, o aumento foi de 4.891 casos para 5.646 por grupo de 100 mil habitantes.No programa do Sistema Único de Segurança Pública, com dotação orçamentária de quase R$ 2,8 bilhões, foram empenhados pouco mais do que R$ 1,6 bilhão, dos quais foram investidos pouco mais do que R$ 328 milhões, disse.

O senador acusou o governo de estar acometido de uma "síndrome de paralisia governativa, que o torna catatônico e obsessivo no gesto único, repetitivo e já enjoado de só bater na tecla dos juros altos e do superávit primário". Azeredo criticou ainda o governo por não dar seqüência à votação da reforma do Judiciário e por não propor medidas concretas para reduzir a criminalidade no Brasil.



27/10/2004

Agência Senado


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