BRASIL ESTÁ MAIS PREPARADO PARA ENFRENTAR CRISE DO PETRÓLEO



O Brasil em particular e a América Latina em geral estão hoje mais preparados para enfrentar altas nos preços do petróleo do que estavam na década de 70, quando os dois chamados "choques do petróleo" (1973 e 1979) causaram inflação e recessão em todo o mundo. A opinião é do diretor da Comissão de Economia para América Latina e Caribe (Cepal), Renato Baumann, em entrevista aos jornalistas Helival Rios e Ribamar Oliveira para o programa Agenda Econômica, que será exibido pela TV Senado no próximo fim de semana.
Na opinião de Baumann, continua a perspectiva de crescimento de 4% para a América Latina em 2000, apontada pela Cepal no início do ano, embora esteja claro que o aumento do preço do petróleo trará conseqüências para a economia da região. Para o especialista, é impossível saber como a crise afetará a economia brasileira - tudo vai depender do impacto inflacionário do aumento do preço do petróleo na economia norte-americana. "O grande temor é que, para evitar inflação, haja aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, o que seria desastroso para a América Latina e para o Caribe", afirmou o economista.
Baumann lembrou que, depois da crise dos anos 70, os países latino-americanos investiram na exploração de óleo. "Nos anos 70, o Brasil importava 80% do que consumia. Hoje, a importação fica entre 20% a 30% do consumo", disse. Quanto a fontes alternativas de energia, como o álcool, o diretor da Cepal acredita que só haverá investimentos maciços se o preço do barril de petróleo chegar a um ponto insuportável.
A crise dos anos 70 ensinou outras lições para os países em desenvolvimento, na opinião do economista. Muitos se endividaram de forma exagerada, ao aproveitar a fartura da oferta de dólares a juros baixos, graças ao excesso de petrodólares nos bancos internacionais. "Nos anos 80, as taxas de juros desses empréstimos subiram de forma dramática, e os países tomadores foram pegos de surpresa", disse. Ele acredita que isso não acontecerá novamente.
Para Renato Baumann, a América do Sul precisa exportar mais e melhor, uma vez que a participação da região no comércio mundial é de apenas 2%. Ele acha que o papel dos governos deve ser o de facilitar ao máximo a atividade exportadora. Baumann entende que os países latino-americanos se tornaram mais eficientes nos anos 90, conhecidos como a década das reformas. Ele considera uma "verdadeira bomba relógio" a existência de 200 milhões de pobres na América Latina, grande parte jovens e adolescentes. Destacou, no entanto, que a região conseguiu uma redução significativa no número de pessoas abaixo da linha de pobreza. "A piora dos últimos anos da década se deveu a fatores internacionais", disse.

21/09/2000

Agência Senado


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