Cecilia alerta para ameaça aos recursos hídricos no país



O maior problema ambiental no Brasil é a deterioração de seus rios. Esta constatação, confirmada por um relatório elaborado por especialistas em recursos hídricos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), deve servir de alerta a toda sociedade, especialmente, na passagem da Semana do Meio Ambiente, afirma a deputada Cecilia Hypolito (PT). Integrante da Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, Cecilia considera prioritária, neste momento, a discussão sobre a situação dos recursos hídricos no país. "Nossos rios, arroios e outros mananciais são essenciais para a vida de cada brasileiro e possuem caráter estratégico para a cidadania e o desenvolvimento do Brasil", sustenta a parlamentar. "Na hora em que o governo federal propõe a privatização dos serviços de água e esgoto, esse debate sobre os recursos hídricos se torna ainda mais urgente." Segundo ela, o Relatório Nacional sobre o Gerenciamento da Água indica que, em grande parte, a deterioração dos mananciais ocorre porque a maioria das cidades brasileiras não possui coleta e tratamento de esgotos domésticos. Quanto mais desenvolvida a região, pior o problema. Atualmente, 80% da população brasileira vivem nas cidades, podendo chegar a 90% nas regiões mais prósperas. Nesses municípios, a situação é mais crítica devido ao nível excessivo de poluição cloacal, industrial e pluvial. A contaminação das fontes de água dificulta cada vez mais a captação para o abastecimento. Como se isso não bastasse, conforme Cecilia, o governo de Fernando Henrique Cardoso investe cada vez menos na preservação do meio ambiente e dos recursos hídricos e - mais grave ainda - reduz os investimentos em saneamento. "Água é vida, está relacionada a todas as atividades do ser humano e se torna a cada dia mais escassa - e cara. A preservação dos mananciais é fundamental para garantir o abastecimento às populações e também aos setores produtivos, desde a indústria até a agricultura. Daí a importância de discutirmos esses assuntos de forma integrada". Cecilia acusa o governo de FHC de entregar sem custo algum o filé mignom do sistema de saneamento para transnacionais e grandes grupos empresariais do país, sem considerar água e esgoto como elementos vitais para a sociedade. "FHC trata desses serviços como mercadorias. Se a privatização ocorrer, a água só vai chegar para quem pagar", adverte. Em países onde privatizaram o saneamento, o preço aumentou em até 300%, como na Bolívia. O projeto prevê a transferência da titularidade dos serviços dos municípios para os Estados. A proposta foi encaminhada ao Congresso no Carnaval e de novo no último mês. A pressão política e da sociedade fez o governo recuar e retirá-lo de regime de urgência. "Mas a ameaça persiste e devemos nos mobilizar contra ela, porque mexe com a vida de cada um de nós", alerta Cecilia.

06/04/2001


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