Chefe da delegação brasileira na Copa das Confederações deve desculpas à África do Sul, dizem senadores



Matéria retificada às 19h49

AComissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado vai pedir providências à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) contra o chefe da delegação brasileira na Copa das Confederações, coronel Antonio Carlos Nunes de Lima, que expressou em Johannesburgo sua posição contrária à realização da Copa do Mundo de Futebol de 2010 na África do Sul. Por sugestão do senador Gerson Camata (PMDB-ES), o presidente da CE, Flávio Arns (PT-PR), exigirá que o coronel Nunes apresente um pedido formal de desculpas por sua manifestação contra a África do Sul ou se afaste da delegação.

A decisão foi tomada em reunião realizada na manhã desta quarta-feira (24) pela CE. Referindo-se a informações publicadas pelo blog Dono da Bola, Camata leu texto referente a entrevista na qual o Coronel Nunes afirma ser a África do Sul um país muito violento para sediar uma copa do mundo. Para Camata, o coronel esquece que o Brasil apoiou a escolha deste país como sede dos jogos.

- Ele fez declarações muito depreciativas sobre a África do Sul. E elas são injustas porque o Brasil apoiou a África do Sul como sede da copa do mundo numa decisão acertada. A África do Sul disputava com Estados Unidos, México e Argentina, e o Brasil a apoiou. Depois do fim do apartheid, o primeiro país da América visitado por Mandela foi o Brasil. Ele esteve inclusive em Vitória. - disse Camata.

"Guerra permanente"

Segundo trechos da entrevista que o senador leu na comissão, o chefe da delegação brasileira teria declarado que, sendo a Copa das Confederações um teste para a Copa do Mundo, ele não daria nota aprovando a África do Sul para sediar esse evento. O Coronel Nunes teria dito que, depois das seis tarde, Johannesburgo parece sofrer toque de recolher, tão escassa é a presença de pessoas nas ruas. "Parece uma cidade em guerra permanente", teria dito também o chefe da delegação, para desconforto de Camata.

- Então seria interessante que ele se desculpasse, porque temos um jogo com a África do Sul amanhã (25), e isso, dizem os jornais do país, pode acirrar os ânimos, ou que pedisse seu afastamento da delegação.

Na opinião de Camata, uma atitude como essa confirmaria o apoio que o Brasil deu para que aquele país sediasse os jogos da Copa do Mundo. Camata também argumentou que problema de segurança urbana existe no mundo todo. Ele também ponderou que o Brasil não poderia reclamar de segurança na África do Sul quando se candidata a sediar as olimpíadas no Rio de Janeiro, cidade em que frequentemente pessoas são vitimadas por balas perdidas, lembrou.

- Acho que essa é uma maneira de apoiarmos a África do Sul, para que esse país vá se recuperando dessas mazelas que existem em qualquer parte do mundo e que não deveriam ser nunca ressaltadas desse jeito indelicado por um chefe da delegação do Brasil. Acho que ele deveria ou se desculpar ou se afastar da delegação até domingo, quando se encerra a Copa das Confederações - sugeriu Camata.

O senador Flávio Arns anunciou imediatamente seu propósito de, em nome da Comissão, oficiar junto à CBF para que o chefe da delegação brasileira se desculpe ou seja afastado.

- Eu telefonarei para o presidente da CBF dizendo que isso foi exposto e que a Comissão quer tomar a iniciativa de denunciar esse fato e, ao mesmo tempo, pedir um pedido formal de desculpas ou o afastamento da pessoa, por ser incompatível com o espírito da nossa delegação - disse Arns.



24/06/2009

Agência Senado


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