Convite de Serra a Jarbas irrita o PFL








Convite de Serra a Jarbas irrita o PFL
Direção nacional pefelista considera precipitado o convite feito a Jarbas. José Jorge afirma que, no mínimo, os tucanos “colocaram explosivos na ponte que leva ao território do PFL”

BRASÍLIA – A direção nacional do PFL interpreta como uma precipitação do PSDB o convite feito pelo candidato tucano José Serra ao governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), para compor sua chapa como candidato à vice-presidência da República. “No mínimo eles colocaram os explosivos na ponte que leva ao território do PFL”, advertiu o ministro das Minas e Energia, José Jorge, aliado de Jarbas em Pernambuco. Segundo ele, a escolha do vice em eleições majoritárias “é um ato final na definição de uma aliança eleitoral”.

De acordo com o ministro, o fato causou surpresa porque ainda é cedo para esse tipo de acerto. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que se o candidato do seu partido tivesse 7% de apoio nas pesquisas, como é o caso de Serra, “também estaria trabalhando para fazer ele crescer”.

O senador garante que “não tem reclamações” a fazer quanto aos movimentos que o presidente Fernando Henrique Cardoso e Serra fazem agora para alavancar a candidatura tucana. “O presidente não é do PFL, é do PSDB, então era de se esperar que ele procurasse ajudar a consolidar o seu candidato. O que Fernando Henrique não pode esquecer é que ele tem uma série de parceiros que garantem a estabilidade do seu governo”, lembra Bornhausen.

O convite de Serra ao PMDB, no entanto, incomodou os liberais mais do que admitem em público. Nos bastidores, eles dizem que, ao antecipar sua preferência pelo PMDB, Serra dificultará composições que se revelem indispensáveis no futuro. Eles dizem, também, não compreender a preferência “por um partido dividido e sem perspectivas eleitorais próprias para a Presidência, que é como consideram o PMDB”.

É por isso que Bornhausen não acredita ser possível fechar qualquer aliança antes do final das convenções de junho. Ele pensa que apenas no fim de março serão realizadas as primeiras pesquisas de opinião “de alto valor” para a definição do quadro de candidatos.

ENCONTRO – Ontem à tarde, Bornhausen visitou o presidente do PDT, Leonel Brizola, no Rio. O encontro faz parte do esforço para dar um caráter pluripartidário à candidatura de Roseana Sarney. Bornhausen negou que esteja procurando Brizola para tentar frear o crescimento eleitoral do governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), nas pesquisas de intenção de voto.

Segundo Bornhausen, “não há a intenção de que o PDT apóie a governadora pefelista no primeiro turno da eleição, mas busca-se o apoio dos pedetistas para um eventual segundo turno”. “Temos certeza de que Roseana estará no segundo turno e, embora seja cedo para alianças, queremos mostrar que estamos abertos ao diálogo”, disse o senador.


José Jorge prevê mudanças no cenário da sucessão
BRASÍLIA – O ministro das Minas e Energia, José Jorge, afirmou ontem que o momento político “está em processo de mudança, tanto para os governistas quanto para os partidos de oposição”. De acordo com a avaliação do ministro, as pesquisas feitas neste final de mês “são reveladoras”.
“As pré-candidaturas do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), e do ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PPS), por exemplo, perderam substância e podem desaparecer do cenário em pouco tempo. As sondagens mostram, também, que o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, perde a condição de favorito no segundo turno da eleição presidencial, e que esse fato se reflete na erosão do apoio a ele já no primeiro turno, também mostradas pelas pesquisas”, analisa o ministro. “Esse processo se dá por ondas”, explicou José Jorge.

A onda agora, segundo ele, é o lançamento da candidatura do ministro José Serra e as expectativas que gerou sobre a sua viabilidade. Nesse quadro, raciocina, “a tendência é aumentar a competição por uma vaga no segundo turno, porque todos os adversários do candidato do PT passaram a acreditar que basta chegar ao segundo turno para vencer Lula”.

No campo da oposição, além disso, surgiu a candidatura do governador do Rio, Anthony Garotinho, “o que dificulta as decisões sobre a chapa petista”. A mobilização do PMDB em busca de uma parceria privilegiada com o PSDB ocorre, por fim, acrescenta o ministro, “em virtude da posição favorável desfrutada neste momento pela candidatura competitiva de Roseana Sarney pelo PFL”.


Jarbas recebe homenagem e sinaliza para a reeleição
Governador aproveita homenagem para fazer um balanço do seu Governo e,
demonstrando euforia, sinaliza para uma possível candidatura à reeleição em outubro


A reeleição deve mesmo ser a opção do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) nas eleições de outubro. Em um discurso, há tempos não visto, o governador sinalizou claramente, ontem, para esse caminho. E expressou uma empolgação, com as realizações produzidas nesses três anos de Governo, que contraria os boatos de que teria perdido o entusiasmo pelo Executivo. O governador ainda pode se valer do Senado Federal ou da vice-presidência da República, em uma possível chapa encabeçada pelo tucano José Serra (PSDB).

Durante solenidade em que foi o homenageado dos associados do Caxangá Ágape, no Spettus, Jarbas Vasconcelos foi recebido como futuro governador. Foi o suficiente para impulsioná-lo a se declarar com uma vontade, ainda maior, de “fazer muito mais nesse último ano de Governo”.
“Nós vamos continuar com mais ânimo, porque é contagiante um reconhecimento como esse. Os que confiaram em mim, continuem confiando. Podem confiar. Porque Pernambuco vai continuar sendo administrado com seriedade e muita vontade de melhorar ainda mais esse Estado”, discursou, para em seguida, se dividir em intermináveis sessões de foto. Coisas de candidato.
Em uma exposição abreviada do que já conseguiu realizar como governador, Jarbas discursou como se estivesse em um palanque eleitoral. Assegurou que Pernambuco não é mais o Estado que recebeu há três anos – “é um Estado que olha para a frente” – e enumerou os sinais desses “novos tempos”.

“A infra-estrutura vai dar uma cara nova ao Estado. Nós investimos R$ 200 milhões em água e resolvemos esse problema em vários locais. Vamos resolver, ainda esse ano, o problema da água em Caruaru, Arcoverde e Gravatá. Vamos concluir a BR-232. Estamos com todos os hospitais em reforma. Por tudo isso, e muito mais, é que me sinto satisfeito e com mais ânimo no final do mandato”, discursou.

Já em entrevista apareceu um Jarbas Vasconcelos mais cauteloso. Procurando, estrategicamente, manter o mistério sobre seu futuro, mas deixando claro que não economizará esforços na tarefa de unir os partidos aliados. Com José Serra sendo o candidato a presidente, mas não descartando, diplomaticamente, a hipótese de apoiar a governadora Roseana Sarney (PFL-MA).

Leia abaixo trechos da entrevista:

O RISCO DA DIVISÃO
[/TIT-MEIALUA]“Se os partidos da aliança não se unirem no primeiro turno, correm o risco de não ficarem fora do segundo turno”.

AS PESQUISAS
[/TIT-MEIALUA]“Pesquisa é uma referência importante, mas não define candidato. Ajuda, mas não define. O que define é uma negociação entre os partidos, incluindo uma programação. Os partidos estão discutindo nomes, mas não discutem o que a aliança quer complementar em termos de Governo. Nós somos Governo há oito anos. Precisamos esclarecer para a opinião pública porquê queremos ficar mais quatro anos”.

ROSEANA DESISTE?
[/TIT-MEIALUA]“Não vai ser uma coisa fácil. Quem tem 20% (nas pesquis as) faz 21 e fica uma coisa complicada. Mas acho que deve ser conversado. Agora, eu quero dizer que se Roseana Sarney for a candidata dentro da base, eu não tenho nenhum preconceito, nenhuma dificuldade de votar nela”.

ENCONTRO
[/TIT-MEIALUA]“Ela (Roseana) é quem vai me procurar. A imprensa me pergunta se eu teria alguma dificuldade de dizer a Roseana que eu prefiro Serra. Não tenho nenhuma dificuldade de dizer isso para ela, e vou dizer. Agora, não se faz política de recados, pelos jornais. Eu não sei fazer política nesses termos”.

RESISTÊNCIA
[/TIT-MEIALUA]“É provável que exista (resistência no PMDB a Roseana), por causa das coisas acirradas que existem no partido”.

A CANDIDATURA
[/TIT-MEIALUA]“É estranho, é estapafúrdio o partido do presidente (PSDB) ficar sem candidato. Mas pode. Não se pode entrar em uma aliança para discutir, com um partido sendo privilegiado. O PMDB é o maior partido da aliança, em bancada no Senado e na Câmara. Imagina se isso fosse o indicativo para a cabeça-de-chapa ser do PMDB. A tendência de ser tucano (o candidato da aliança à sucessão de FHC) é porque o presidente é tucano”.

PSDB/PMDB
[/TIT-MEIALUA]“Eu não falo em nome de Serra. Serra quer ser candidato que fale por ele. Eu falo por mim. Não falo nem pelo PMDB porque não tenho maioria. Eu vou ajudar, fazer os contatos. Amanhã (hoje), por exemplo, tenho um encontro com Pedro Corrêa (1º vice-presidente do PPB) no Palácio das Princesas. Quero conversar com o PPB. Foi isso que eu disse a Serra. Ele me perguntou se eu não tinha acesso ao PPB. Disse que tenho com Pedro Corrêa, Severino Cavalcanti...”

PMDB NA CHAPA?[/TIT-MEIALUA]
“A aliança tem mais de dois partidos. Alguém vai ter de sobrar. Se a gente inclui o PPB, então, aí são quatro partidos. Quem entra nisso não entra só visando cargos. Entra em torno de um programa. Não tem lugar para todo mundo (na chapa). Na eleição regional tem vaga para todos. Tem para senador.... No plano nacional só existem as vagas de presidente e de vice. Então alguém vai ter de sobrar. Se vai ser o PMDB ou o PFL é o tempo que vai dizer. Eu gostaria de lembrar que o PFL, há cinco meses, era um partido descartado. Praticamente não existia, porque tinha perdido uma de suas lideranças mais expressivas, que era o ACM (ex-senador Antônio Carlos Magalhães, que renunciou ao mandato). Estava condenado ao ostracismo. E agora esse partido, que estava condenado, se encontra com uma candidata no patamar superior a 20%”.

PMDB NA BRIGA
[/TIT-MEIALUA]“Foi um erro (o partido discutir candidatura própria à Presidência da República). O PMDB vem cometendo uma série sucessiva de erros. O partido é governista, não fui eu quem elegi o PMDB para ser Governo, e inventou uma história de candidatura própria de oposição. Tinha que acabar nisso. Acho que as prévias estão comprometidas”.

LEI E REELEIÇÃO
[/TIT-MEIALUA]“Não vou inventar normas (sobre a desincompatibilização). A norma diz que fica no cargo (os candidatos). Eu acho um erro a Emenda Constitucional que estabeleceu a reeleição. Acho uma extravagância um prefeito, um governador e um presidente da República disputar a eleição no cargo. Agora, não fui quem criou a Lei. Nem decidi ainda a que vou concorrer.

Estabeleci um prazo até o final de março e espero cumprir. Se eu me dispuser à reeleição, vou analisar (se fica no Governo). Agora, que é uma extravagância é, sobretudo em uma País ainda em desenvolvimento. Faltou visão daqueles que fizeram a reforma”.


Vice de Serra só se o ministro subir
Por enquanto são só sinais de reeleição. E não poderia ser mais do que isso. Não, por enquanto. O governador Jarbas Vasconcelos vai fazer de tudo para cumprir o prazo de, só em março, anunciar definitivamente o caminho que irá percorrer nas eleições de outubro. A prudência é necessária porque Jarbas tem um papel a cumprir na manutenção do condomínio PSDB/PFL/PMDB/PPB para a disputa presidencial. Também depende dele a composição mais adequada à aliança local para enfrentar a briga pelo Governo do Estado.

Mas, que o seu astral para disputar mais um mandato de governador agora é outro, isso ninguém discute. Duas coisas estão ficando bem claras para o governador, com o passar dos dias. Primeiro, é definitivo que sem ele na cabeça não há unidade da base estadual. Mas o mais importante é o que sinalizam os indicadores utilizados pelo comando estratégico do Governo: para “claramente” – ênfase dada por um governista – à uma reeleição mais fácil para Jarbas, do que apontavam há seis meses atrás.

Coroe tudo isso com a mudança de conjuntura. Jarbas Vasconcelos entrou (com toda pompa) no cenário político nacional. E de quebra, assiste, a cada segundo, o seu partido, o PMDB, voltar ao eixo da aliança.

Se Jarbas vai pender para o cargo de vice de José Serra, isso só quando o ministro for sendo tratado como candidato de verdade – leia-se, reagindo nas pesquisas – é que se saberá. Por enquanto, o governador está empenhado mesmo é em manter a unidade dos partidos governistas. Missão árdua, quando o tabuleiro que pretende montar desloca o PFL da posição privilegiada que ocupava na aliança.


PDT sem pressa para definir rumo na disputa estadual
Depois da tempestade provocada pela união selada entre PPS e PSB, no início da semana, a calmaria volta a reinar no campo de oposição à aliança governista estadual. Líderes oposicionistas abandonaram ontem o temor de que a nova parceria abale o processo de estruturação dos palanques com vista às eleições de outubro. Sempre conciliador, o deputado José Queiroz (PDT) - nome lembrado por sua legenda como opção para disputar o Governo do Estado - aplaudiu a iniciativa dos dois partidos, mas não adiantou qual será o posicionamento do PDT diante dos cenários que começam a ser desenhados no bloco.

“Com essa estratificação de nomes na oposição, ficará mais fácil para o PDT avaliar seu papel. No entanto, não vamos definir agora nossa preferência por candidato A ou B, até porque o PDT insiste em lançar meu nome na disputa majoritária (governador)”, desviou.

Outro que evitou polêmica foi o senador Roberto Freire (PPS). Convidado pelo PSB para disputar a reeleição na chapa que deve ser encabeçada pelo deputado federal Eduardo Campos (PSB), Freire preferiu não comentar as críticas disparadas pelo deputado Luciano Bivar (PSL) – outro nome lembrado para o Senado – à “sua retórica política”. “Estou preocupado em buscar apoio ao nosso projeto eleitoral, não com diferenças de concepção de mundo”, desviou.

Igualmente amistoso, o deputado federal Gonzaga Patriota (PSB) - opositor do prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS) - reverenciou o acordo PPS/PSB, frisando que as eventuais diferenças partidárias serão suprimidas em favor da candidatura de Eduardo Campos. “Essa união está acima de qualquer desavença menor. Eu, por exemplo, estou feliz porque Bezerra Coelho vai apoiar meu candidato a governador. Por isso, vou recebê-lo de braços abertos no palanque do PSB, assim como todo o PPS.”


PT envia carta a Jarbas para garantir proteção a vereador
Sem conseguir entrar em acordo com o secretário de Defesa Social, Gustavo Lima, o diretório estadual do PT decidiu enviar uma carta ao governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), solicitando garantias de vida ao vereador de Itambé Manoel Mattos (PT), e investigações sobre a ação de possíveis grupos de extermínio no município. Mattos assegura que está recebendo ameaças há cerca de um ano, por denunciar a criminalidade na região.

Na carta, o presidente do PT estadual em exercício, vereador Dilson Peixoto, diz que as duas reuniões marcadas com o secretário não aconteceram devido a desentendimentos. Inicialmente, Gustavo Lima teria ironizado o pedi do de segurança feito por Mattos, além de ameaçar cancelar a reunião caso o partido procurasse o Ministério Público. Dirigentes do PT não só foram ao MP, como formalizaram uma denúncia contra o secretário.

Até mesmo o prefeito do Recife, João Paulo, agiu como bombeiro, conseguindo que uma segunda reunião fosse marcada. Mas uma nova troca de farpas entre o secretário e o PT azedaram a aproximação.

Segundo a Secretaria de Imprensa do Governo, a carta ainda não foi encaminhada a Jarbas Vasconcelos. Porém, a Secretaria de Defesa Social avisou que tudo o que for necessário será feito para garantir a vida do vereador e investigar as supostas ações de grupos de extermínio na região.


Colunistas

PINGA-FOGO -Paulo Sérgio Scarpa (interino)

Estado incapaz
Um Estado incapaz de punir os criminosos deixou de ser Estado. Quando o Estado deixa de existir, o medo e a morte tomam conta de todos, adverte Rubens Alves, educador, psicanalista, escritor e professor da Unicamp. Em artigo na Folha de S. Paulo, Alves sentencia: “A verdade é que o Estado brasileiro deixou de existir. Sua incompetência para deter e punir o crime o comprova”.

O articulista lembra até a eficiência do aparelho militar ao liquidar a subversão dos anos 70 ao tentar explicar o que ocorre nos dias atuais. “Os ditos subversivos desejavam substituir a ordem social existente por uma outra. O que estava em jogo era a ‘segurança nacional”, diz. Mas a situação, hoje, mudou. “Agora não é ameaça: é fato. A subversão se realizou. A ordem social não mais existe”, diz ele.

E Rubens Alves ainda provoca ao questionar o porquê de tanta eficiência há 30 anos e essa ineficiência de agora. “Não se podiam fazer bons negócios com os subversivos de então. A única mercadoria de que eles dispunham eram suas idéias. Mas idéias não valem nada. Com elas não se fazem bons negócios. A perseguição se resolvia, então, com a sua morte.” Hoje, a coisa é bem diferente, conclui. “Com os criminosos há muitos bons negócios a serem realizados.”

Marketing imortal
O governador Jarbas Vasconcelos lança, hoje, no Palácio do Governo, o CD Hino de Pernambuco em sete ritmos e ao gosto de todos. Tem frevo com Alceu Valença; forró com Dominguinhos; e mangue beat local. Uma brilhante idéia do marqueteiro Antônio Lavareda, da MCI, que será, com certeza, a sensação deste Carnaval. Mas o hino tem tudo, desde Já, para se tornar o melhor marketing político da campanha eleitoral. Com ou sem Jarbas disputando as eleições.

Movimento Brasil
Políticos e marqueteiros já articulam o lançamento do Movimento Brasil-Roseana, uma tentativa de transformar a governadora do Maranhão na “candidata ideal” para o País. E descolar de Roseana a imagem mais negativa do PFL. O Movimento BR quer inserir-se em todos os espaços e mídias. O País já viu esta produção.

Equívoco legal
O secretário Humberto Vieira (Justiça) considera um equívoco a aprovação pela Câmara dos Deputados de lei que permite que o crime por porte ilegal de armas seja passível de penas alternativas. Bem quando a Nação se mobiliza no combate ao crime organizado e aumento da violência. Para ele, foi a ânsia de se tentar reduzir a população carcerária.

Jarbas empolga empresários mas não diz o que será
Jarbas foi recebido, ontem, no almoço do Ágape, como candidato à reeleição. Mas quem entrasse no Spettus na hora do seu discurso pensaria que ele já está em plena campanha para o Governo, tamanha a sua empolgação.

Tucano garante que as portas estão abertas
Pedro Eurico acredita que Jarbas Vasconcelos não encerrou ainda a onda de boatos e suposições sobre sua entrada na chapa de José Serra. As portas estão abertas, adverte o deputado. Mas a base continua em polvorosa.

Frutos tucanos
A visita do ministro-candidato José Serra a Pernambuco provocou muito mais que agitação no tranqüilo ninho tucano. Estimulou até a imaginação de muita gente: “Serra dará um choque de socialismo na distribuição dos lucros do capitalismo”, prevê o ex-prefeito e candidato a deputado estadual José Arnaldo.

Quatro paredes
O ex-governador Miguel Arraes confirma que conversará com o senador Roberto Freire e a direção estadual do PPS sobre a aliança com o PSB e a unidade das forças de oposição para as próximas eleições no Estado. Mas, se depender de Arraes, a conversa deverá ocorrer sem a presença dos jornalistas.

O deputado federal Gonzaga Patriota (PSB), adversário em Petrolina do prefeito Fernando Bezerra Coelho (PPS), fez questão de informar a Eduardo Campos sua aprovação à aliança PSB/PPS. “As divergências são secundárias face à prioridade de construirmos o projeto de um governo social para os pernambucanos”, justificou.

O secretariado de Jarbas deverá ir para Casa Forte, hoje, logo após o lançamento do CD Hino de Pernambuco em diversos ritmos. É que Humberto Vieira (Justiça) comemora 46 anos de idade no Café Burle Marx comandando o ensaio-geral do seu bloco Paraquedista Real, que sai pela segunda vez. Às 21h.

O pernambucano Joaquim Falcão lança hoje, às 19h, na Livraria Arraial, a coletânea Gilberto Freyre, O Imperador das Idéias (Top Book). Organizada por Joaquim Falcão, a coletânea reúne vários artigos e ensaios sobre a obra do sociólogo pernambucano escritos por diversos escritores. Com direito a palestra do organizador.

A partir de hoje, o prefeito de Gravatá, Sebastião Martiniano (PFL), exibe uma série de cinco comerciais na TV para prestar contas sobre o primeiro ano de administração. Criados pela Aliança, os comerciais serão mostrados além de Gravatá. Serão exibidos nos 14 municípios do Grande Recife e no Agreste.


Editorial

CADASTRO DE TERRAS

A apropriação ilegal de terras no Brasil, conhecida como “grilagem”, poderá ter os seus dias contados, caso a Lei 10.267, promulgada o ano passado, atinja os seus objetivos. Esta legislação criou o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais, sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A sua eficácia, porém, vai depender da concretização de um projeto elaborado na UFPE, sob a coordenação da engenheira cartógrafa Andréa Carneiro, e que consiste em cruzar as informações do Cadastro com as dos cartórios de registros de imóveis, em todo o Brasil.

Como sabem os estudiosos do passado brasileiro, ao invés de critérios objetivos e técnicos, como latitude e longitude, proliferam nos cartórios algumas delimitações de terras bastante imprecisas, fazendo referências a árvores, riachos intermitentes e até pedras. Essas imprecisões, menos talvez por ignorância do que por má fé, deram margem a todo o tipo de fraudes ou alterações visando à grilagem de terras. Trata-se, certamente, do “crime de colarinho branco” mais velho do país, pois tem suas origens no período colonial. E em tempos mais recentes, quando usado para usurpar terras de posseiros e colonos, leva ao aumento da violência no campo. Entre 1980 a 2000, houve 1.560 assassinatos de pessoas, no Brasil, por motivos de disputa agrária.

A pesquisadora pernambucana prefere atribuir os erros de registro à falta de qualificações das pessoas encarregadas de descrever os imóveis. Mas, não deixa de reconhecer que as imprecisões cartoriais “facilitam as fraudes”. Informações resumidas e incompletas dificultam, também, de acordo com seu entendimento, uma distinção clara entre os títulos de propriedade falsos e os verdadeiros. É como se tudo estivesse por fazer, nesse capítulo da vida nacional.

É propósito do Incra normatizar todas as informações referentes às propriedades rurais, a partir do que chama geo-referências, que significam dados precisos sobre a superfície terrestre, obtidos atr avés de fotografias aéreas ou via satélite, e que serão posteriormente comparadas com os registros feitos em Cartório. Tal normatização deverá ser atualizada periodicamente, para que se obtenha um cadastro sempre atualizado. É isto, pelo menos, que está programado.

O sistema a ser implantado vem entusiasmando de tal modo a pesquisadora da UFPE, que ela acredita ser possível a sua implantação também para os imóveis urbanos, sejam públicos ou privados. E mais: defende a criação de um órgão nacional que centralize todas as informações, o que reduziria os custos dos órgãos estaduais ou municipais ligados ao planejamento que necessitem de dados referenciais sobre os imóveis, em sua área específica de atuação.

A importância daquele cadastro poderá ir muito além do apoio ao planejamento, à fiscalização e à cobrança do imposto territorial. Se realmente implantado, lançará mais luz sobre o processo de concentração fundiária no País. A partir dele se saberá, finalmente, que parcela das propriedades registradas oficialmente foi obtida através de processos fraudulentos. Alguns anos atrás, o bispo católico de Acre-Purus, Dom Moacyr Grechi, disse que “a grilagem é um instrumento oficialmente assumido para incorporar terras públicas - terras do povo brasileiro - às mãos dos grandes proprietários”. Até que ponto isto é verdade é o que certamente o Cadastro Nacional de Imóveis Rurais poderá comprovar.

Embora tenha sem dúvida aumentado o número de assentamentos para os sem-terra, nas duas últimas décadas, a concentração fundiária aparece nas estatísticas como um fenômeno ainda em crescimento, no País. Segundo o IBGE, os estabelecimentos com mais de 1.000 hectares, que ocupavam 39,5% da área agrícola, em 1970, passaram a ocupar 45%, em 1996. O Cadastro poderá explicar uma das razões para esse crescimento.


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01/31/2002


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