CPI realiza videoconferência com relator da ONU



A CPI mista que investiga as redes de exploração sexual de crianças e adolescentes vai propor acordo bilateral com instituições ligadas ao tema no Paraguai e Uruguai para combater o aliciamento de menores nas fronteiras com o Brasil. A idéia foi apresentada pela relatora da CPI, deputada Maria do Rosário (PT-RS), durante videoconferência com o relator da Organização das Nações Unidas (ONU), Juan Miguel Petit, encarregado de investigar crimes contra crianças e adolescentes no Brasil.

Juan Miguel Petit disse que o combate à exploração sexual de crianças não deve ser de competência apenas de órgãos destinados a tratar do assunto, mas deve abranger toda a administração pública. Ele ressaltou ainda a urgência da implantação de mais delegacias e varas de defesa dos direitos das crianças e dos adolescentes em todo o país e a importância de campanhas de mobilização e de sensibilização da sociedade.

A presidente da comissão, senadora Patrícia Saboya (PPS-CE), e a relatora entregaram ao representante da ONU um relatório sobre todas as atividades da CPI. O documento, disse a senadora, relata as dificuldades da investigação e casos de exploração sexual de crianças e adolescentes e contém recomendações. O relatório pode ser acessado pelo endereço eletrônico, na página da senadora na internet (http://www.senado.gov.br/web/senador/PatriciaSaboyaGomes).

Petit disse que as informações vão ajudá-lo a elaborar documento sobre o assunto, que será apresentado em março de 2004 na reunião da Comissão de Direitos Humanos da ONU, na Suíça. Ele afirmou ainda que sua vinda ao Brasil "representa a preocupação com um problema de solução inadiável".

Os representantes das assembléias legislativas de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Goiás, Maranhão, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Norte e Santa Catarina, que participaram da videoconferência, relataram os principais problemas por que passam os estados. Os deputados estaduais ressaltaram a relação entre a pobreza e o abuso sexual de crianças, denunciaram o turismo sexual e o agenciamento de encontros com crianças, apontaram áreas específicas em que o crime é recorrente e relataram as iniciativas existentes nos estados com vista ao combate a este tipo de crime.

A conferência, realizada no Auditório Interlegis, em Brasília, teve o apoio da Subcomissão dos Direitos da Mulher, da Criança e do Adolescente da Câmara dos Deputados.

Relatório

O relatório da CPI revela que o aspecto comercial da exploração sexual de crianças e adolescentes pode ser comprovado pelo envolvimento de hotéis, motéis, saunas e casas de massagem, bares, restaurantes, agências de modelo, salões de beleza e casas noturnas, cujos envolvidos muitas vezes atuam de maneira organizada, caracterizando verdadeiras redes de exploração. O texto indica ainda a miséria, o desamparo e a ausência do Estado como fatores determinantes para a exploração sexual no país.

No documento, são descritos os resultados das audiências públicas e das investigações realizadas pela CPI. A relatora lembra que a primeira comissão parlamentar de inquérito sobre o tema foi instalada na Câmara em 1993 e, desde então, o Congresso Nacional vem promovendo adequações na legislação com o objetivo de coibir esse tipo de crime, estabelecendo penas mais rigorosas para os envolvidos. Além disso, o Parlamento aprovou os protocolos facultativos das Nações Unidas referentes à exploração sexual e ao tráfico de crianças.

O relatório também lembra que o Parlamento apoiou a elaboração do Guia Escolar sobre violência sexual, lançado pelo governo federal em outubro de 2003, que está sendo distribuído em toda a rede pública de ensino do país.

Maria do Rosário acredita que a visibilidade que a CPI conferiu ao problema da exploração sexual vai contribuir para a construção de uma cultura de intolerância com esse tipo de crime e fomentar a idéia da proteção integral de crianças e adolescentes.

A Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, segundo a relatora, também tem tido atuação de permanente vigilância em relação à elaboração do orçamento, tentando garantir maior aporte de recursos para as políticas públicas voltadas à prevenção e ao combate da violência sexual. Maria do Rosário assinala, no relatório, que a frente tem participado do comitê interministerial criado pelo governo federal para enfrentar o problema e se articulado para debater o tema junto Parlamento Latino-Americano (Parlatino).

Com informações da Agência Câmara



04/11/2003

Agência Senado


Artigos Relacionados


Interlegis realiza videoconferência com presidente do TCU

Roraima realiza videoconferência sobre Sisan

Paim realiza videoconferência sobre situação do trabalhador brasileiro

Programa Prevenir Iamspe realiza videoconferência sobre Saúde da Mulher

CCT realiza reunião técnica com relator na Câmara de projeto que regulamenta TV por assinatura

Medalhistas participam de videoconferência