Cristovam Buarque quer presidente Lula à frente de debate nacional sobre destino de recursos do petróleo



O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) voltou a defender, nesta sexta-feira (29), um grande debate nacional sobre a destinação dos recursos da exploração do petróleo, tema que vem ganhando destaque depois das descobertas na camada do pré-sal, em faixa de mar entre Santa Catarina e Espírito Santo, onde estão reservas que podem colocar o Brasil entre os maiores produtores mundiais. Desta vez, o senador apelou em Plenário para que o presidente do Senado, Garibaldi Alves, provoque o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a assumir a liderança dessa discussão.

- Quero reafirmar aqui, pedir que o Senado tente até provocar o presidente, para que o Brasil debata para onde vão esses recursos, que, somados aos do etanol, podem ser a maior chance que o Brasil já teve - disse.

A destinação dos recursos do petróleo havia sido abordada pelo senador em discurso no dia anterior. Para Cristovam Buarque, as receitas devem ser prioritariamente aplicadas em Educação, Saúde e Ciência e Tecnologia. Nessas áreas, avaliou o parlamentar, os recursos podem assegurar avanços que se transformarão em capital permanente para o país, mesmo depois que os recursos naturais se esgotarem. Nesse ponto, alertou que o país não pode repetir erros do passado, já que pouco ou nada restou dos grandes ciclos de riqueza, como o do açúcar, do ouro e da borracha.

- O nosso açúcar adoçou a Europa e não deixou resultados concretos na nossa economia; o ouro de Minas Gerais fez dourados os prédios e as igrejas da Europa, financiou a industrialização da Inglaterra e não deixou grande coisa; o café, a borracha, cada recurso que a natureza nos deu foi gasto em uma geração, sem deixar resultados permanentes - opinou.

Cristovam Buarque disse que o destino dos recursos da exploração do pré-sal não pode ser o resultado de decisão exclusiva do presidente da República e dos que estão ao redor dele. O senador entende que todas as "forças" do país devem participar do debate, como ex-presidentes da República e das Casas do Congresso. Nessa lista, quer ainda presidentes de partidos políticos, dirigentes de sindicatos patronais e de trabalhadores, além de intelectuais, entre outros que possam contribuir com a discussão.

O senador lembrou que a Irlanda promoveu um grande debate antes de decidir sobre sua entrada na Comunidade Econômica Européia. Segundo ele, os participantes do fórum ficaram quase que trancados, durante semanas, "como num concílio da Igreja Católica para eleger o Papa". Na opinião do parlamentar, o exemplo pode valer para o Brasil na questão do pré-sal para que os resultados da discussão se traduzam em política a ser seguida por vários governos, independentemente do partido no poder.

- Como vamos dar continuidade [à política definida] se não houver um pacto, se não houver um acordo das grandes lideranças nacionais? - indagou Cristovam. 



29/08/2008

Agência Senado


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