DISTRIBUIÇÃO É APONTADA COMO O PONTO FRACO DO CINEMA BRASILEIRO



"Essa é uma informação nova para o Congresso Nacional", afirmou o presidente da subcomissão do Cinema Brasileiro, senador José Fogaça (PMDB-RS), depois de ouvir, do gerente geral da Columbia Pictures, Rodrigo Saturnino Braga, que "com menos de R$ 1 milhão não dá para lançar um filme brasileiro". Juntamente com o diretor executivo da Lumière, Bruno Wayner, e o diretor e produtor Cacá Diegues, eles participaram, nesta quinta-feira, (dia 8) da sétima audiência pública realizada pela subcomissão.
Diante da informação de que a lei do audiovisual não contempla a distribuição para o cinema, Artur da Távola (PSDB-RJ) defendeu uma mudança na legislação, por meio de proposta do próprio Congresso. Ele entendeu que essa omissão legal só contribuirá para que os filmes fiquem na prateleira, fora do mercado exibidor.
Fogaça ressaltou a importância do depoimento dos representantes dos distribuidores, um dos poucos setores que ainda não havia sido ouvido pela subcomissão. Para o senador, ficou mais clara a importância da televisão no processo de produção, distribuição e exibição do audiovisual brasileiro, e do quanto ela "poderia ajudar e tem prejudicado, na medida em que a TV não se considera partícipe desse processo".
De acordo com Rodrigo Braga, até agora a distribuição tem sido subestimada no Brasil. No entanto, ele garante que sem recursos suficientes para dar visibilidade ao filme nacional, com divulgação, dificilmente haverá condições para reverter a supremacia do cinema norte-americano. "Hoje, esse cinema ocupa 95% das telas mundiais", disse ele.
Rodrigo Braga aplaudiu a chegada das multiplex (conjunto de salas) como um fator de ampliação do mercado exibidor. Segundo ele, o problema é que essas salas, que surgiram em 1995, nos EUA, geralmente ficam em shoppings, e estes não se instalam em cidades com menos de 250 mil habitantes.
Já Bruno Wayner associou parte das dificuldades do cinema a uma mudança de perfil do consumidor brasileiro. Segundo ele, com a chegada das multiplex e o aumento do preço dos ingressos, houve uma redução de 150 para 60 milhões de espectadores, de 95 para cá. "O cinema passou a ser lazer da classe média", disse o representante da Lumière. No entanto, ele concordou com os que consideram fundamental um entendimento entre o cinema e a televisão brasileira, com vistas a uma mudança nesse quadro.
O senador Leomar Quintanilha (PPB-TO) disse não entender porque a televisão brasileira faz tanto sucesso enquanto o cinema vive em dificuldade.
O senador Francelino Pereira (PFL-MG), relator da Subcomissão do Cinema Brasileiro, disse que os trabalhos que ela vem realizando estão estabelecendo um canal de comunicação entre os realizadores de audiovisual e o Congresso. "Antes, o povo do cinema só tinha o Ministério da Cultura para debater seus problemas e encontrar soluções", disse o senador.

08/06/2000

Agência Senado


Artigos Relacionados


"Fertilizante é ponto fraco de nossa agricultura", diz representante do governo

Assistência a agricultoras, negras e indígenas ainda é ponto fraco das políticas de saúde da mulher

Ovinocultura de leite é apontada como alternativa de renda rural

Estabilidade democrática é apontada como principal conquista dos 20 anos da Constituição federal

Disputa estadual sobre ICMS é apontada como maior flagelo da economia

Saiba como vai funcionar o Sistema Ponto a Ponto