DUTRA E JÚNIA CRITICAM PROJETO SOBRE CONTRIBUIÇÃO PREVIDENCIÁRIA DOS SERVIDORES



O senador José Eduardo Dutra (PT-SE) lembrou nesta terça-feira (26) que o principal argumento da base governista para aprovar, na Câmara dos Deputados, o projeto de lei que cria a contribuição previdenciária para inativos e aumenta a dos servidores em atividade era que o Congresso Nacional precisava emitir um sinal para o mercado. Mas o mercado, para ele uma entidade "volúvel, voraz e irracional", não se satisfez com a consagradora votação da matéria na Câmara e o país continuou perdendo divisas.Falando da tribuna do plenário, durante a votação da matéria pelo Senado, Dutra lamentou que "os corações, mentes e, principalmente, o estômago dos brasileiros" sejam confundidos com tambores de emitir sinais. Dutra anunciou seu voto contrário à medida, argumentando ainda que ela não irá solucionar o ajuste fiscal brasileiro.Para o senador, a bancada governista não quis enfrentar as forças que realmente mandam no país e preferiu atacar os funcionários públicos.- O governo tem condições de falar grosso com os servidores públicos, mas não fala com todos. Os militares não estão incluídos - afirmou Dutra.Citando dados publicados no jornal Folha de S.Paulo, afirmou que as aposentadorias e pensões dos inativos civis atingiriam 44% da folha total, enquanto os militares consumiriam 61%. Para ele, "se é para escolher privilegiados, se deveria começar pelos militares". O senador citou ainda o balanço financeiro da União, publicado no início do ano no Diário Oficial da União, onde os gastos com inativos militares chegam a 59%, enquanto com os civis ficam em 40%.O senador por Sergipe lamentou ainda que o governo queira aprovar agora a contribuição dos inativos e o aumento da alíquota dos servidores em atividade - cujo resultado financeiro, posto em dúvida pelo senador, atingiria no máximo R$ 4,1 bilhões - quando permitiu, em quatro anos, que o déficit em conta corrente do país pulasse de R$ 1,6 bilhão para R$ 36 bilhões e o pagamento com juros e amortizações atinja, este ano, R$ 60 bilhões. JÚNIA MARISEAo anunciar seu voto contrário à matéria, a senadora Júnia Marise (PDT-MG) afirmou que os senadores que apóiam o governo votarão a favor com o maior constrangimento, "porque sabem que este projeto confisca o direito dos velhinhos aposentados do país".A senadora citou algumas mensagens que recebeu, contrárias ao aumento da contribuição e sua imposição aos já aposentados. Lembrou que os números do governo - que prevêem uma receita bruta de R$ 4,1 bilhões com a medida - podem estar errados: reportagem publicada no jornal O Estado de S.Paulo afirma que o governo não descontou a dedução da contribuição previdenciária da base de cálculo do Imposto de Renda.Para a senadora, "não há quem possa afirmar, em sã consciência, que essa arrecadação dos aposentados irá resolver os problemas do país". Ela lembrou que mais de US$ 5 bilhões em reservas do país saíram nos últimos dias, enquanto a desvalorização do Real em cerca de 30% aumentou a dívida mobiliária em R$ 25 bilhões "da noite para o dia".

26/01/1999

Agência Senado


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