Dutra protesta contra lucro exorbitante dos bancos no governo FHC



Ao comentar matéria publicada pelo Jornal do Brasil, em sua edição desta quarta-feira (21), sobre os lucros dos bancos no governo Fernando Henrique Cardoso, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) classificou-os como "exorbitantes", principalmente porque se baseiam na cobrança sistemática de juros de 30% anuais para empresas e 63% anuais para pessoas físicas. Dutra afirmou que o Brasil de hoje substituiu a tradicional disputa entre capital e trabalho pela luta desigual entre a produção e a especulação.

- Pela matéria, fica bem claro ter havido uma absurda transferência de renda dos setores produtivos para os especulativos, leia-se o sistema financeiro. A manchete está errada quando diz que os lucros dos 30 maiores bancos dobraram no Plano Real, na verdade eles quadruplicaram passando de R$ 2,17 bilhões em dezembro de 94 para R$ 8,98 em dezembro de 2000 - observou.

Em aparte, o senador José Alencar (PL-MG) disse que o maior crime cometido contra a sociedade brasileira durante o Plano Real foi a brutal transferência de renda do setor produtivo para o sistema financeiro.

- Moeda estável não é compatível com bruscas oscilações de câmbio tampouco com as mais altas taxas de juros do planeta. Precisamos reagir, o Brasil está sendo mal administrado e precisa mudar de rumo para voltar a crescer - disse Alencar.

GREVE

José Eduardo Dutra protestou, ainda, contra o pacote antigreve baixado pelo governo federal, por entender que se trata de uma medida "autoritária e inoportuna". Ao ser baixado num momento em que duas greves longas estão preocupando governo e sociedade, observou o senador, o pacote tem uma clara intenção de intimidar os grevistas.

Para Dutra, um conflito social não se revoga por decreto e iniciativas ditatoriais como a que centraliza o pagamento dos servidores públicos no Ministério do Planejamento, depois de autorização do presidente da República, parece "picuinha" com o Poder Judiciário, depois que o Superior Tribunal de Justiça decidiu ordenar o pagamento dos professores em greve.

- Para decidir sobre atos do presidente da República o foro competente é o Supremo Tribunal Federal, onde certamente o governo espera ter mais margem de manobra - disse Dutra.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) fez um apelo ao governo para que pague os salários dos professores da universidades e abra um canal de negociação com os grevistas. Também em aparte, o senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE) concordou com a necessidade de o governo negociar com as categorias em greve.

21/11/2001

Agência Senado


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