Ademir denuncia lucro exorbitante dos bancos no Brasil
O senador Ademir Andrade (PSB-PA) manifestou sua indignação em relação a lucratividade do sistema financeiro no Brasil. O parlamentar citou reportagem do jornal Valor Econômico segundo a qual "o lucro dos grandes bancos que sobreviveram à queda da inflação praticamente dobrou após o Plano Real".
Ademir citou números que, segundo afirmou, mostram que o sistema financeiro atua como "uma gigantesca sanguessuga a sorver a minguada poupança nacional e a fabricar lucros estratosféricos apenas com a manipulação do dinheiro". Ele lembrou que em 1994 os dez maiores bancos privados lucraram juntos R$ 3 bilhões, em valores atualizados, enquanto em 2001, o lucro deste mesmo grupo foi de R$ 8,4 bilhões, um crescimento de 180%.
Embora o lucro consolidado dos dez maiores bancos tenha sido de R$ 41 bilhões no período de oito anos, disse o senador, o imposto por eles pago diminuiu no mesmo período, passando de R$ 2,6 bilhões para R$ 1,29 bilhões. Ele lembrou, ainda, que embora a arrecadação da Receita Federal tenha crescido neste período em 42,73% acima da inflação, o crescimento da participação do setor financeiro foi de apenas 11,77%, enquanto a participação das pessoas físicas cresceu 53,62%.
Ademir abordou ainda a questão dos altos juros do país, "uma das maiores fontes de renda das instituições financeiras", e o principal fator de crescimento da dívida interna e de desaquecimento da economia, segundo afirmou. Esta "cadeia tenebrosa", disse o senador, tem afetado principalmente a população de baixa renda, desprotegida da ciranda financeira.
O senador afirmou que as "forças conservadoras" que governam o país "nunca tiveram percepção da brutalidade cometida contra a população" e defendeu uma mudança na política econômica, sob o risco de o país enfrentar uma crise sócioeconômica. Para Ademir, esta situação pode ser mudada em outubro, com a eleição de um presidente progressista.
26/06/2002
Agência Senado
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