Especialistas defendem incentivos para combustível vegetal



A adoção de políticas de incentivo à produção de energia a partir da biomassa foi defendida nesta terça-feira (dia 11) por especialistas durante reunião da comissão mista que estuda as causas da crise de abastecimento de energia no país. Suani Coelho, secretária-executiva do Centro Nacional de Referências em Biomassa (Cenbio), afirmou que o Brasil tem capacidade de produzir 4 mil megawatts de energia, equivalente a um terço do que produz a hidrelétrica de Itaipu, somente com o bagaço da cana usada na produção de álcool e açúcar. Expedito Parente, da Universidade Federal do Ceará, disse que o diesel produzido a partir do óleo de mamona tem um imenso mercado na Europa, a preços melhores que os praticados no mercado interno.

Para o relator da comissão, senador Paulo Souto (PFL-BA), seria o caso de estudar até mesmo a concessão de algum tipo de subsídio para a produção de diesel a partir do óleo de mamona. "Se nós tivermos condição de fazermos no Nordeste uma cultura extensiva da mamona, que é uma cultura típica do semi-árido, para produzir diesel, eu acho que isso poderá ter uma característica social extremamente importante", disse. A seu ver, subsidiar esse tipo de produção pode ser mais vantajoso que aplicar recursos em programas assistencialistas de fornecimento de cestas básicas em épocas de seca.

Suani Coelho considera necessária a adoção de um programa semelhante aos que foram idealizados para as pequenas centrais hidrelétricas e para o setor de energia eólica. Ela defendeu a concessão de financiamentos que incentivem o uso de tecnologias mais eficientes na produção de energia a partir do bagaço de cana. A seu ver, é importante que as distribuidoras de energia sejam obrigadas a garantir um preço mínimo de compra, que compense os investimentos realizados.

Expedito Parente afirmou que o Brasil já demonstrou um enorme potencial de produção de energia quando implantou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool). Ele reconheceu que esse programa teve muitos problemas, mas considera que o resultado final foi bastante positivo. "Esperamos que com o biodiesel possamos ter uma repetição do Proálcool, com mais acertos, porque não há invasão de áreas agrícolas alimentares. Quando produzimos um litro de biodiesel estamos produzindo também cerca de um quilo de ração ou de adubo", disse ele.

11/09/2001

Agência Senado


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