Jarbas Vasconcelos conclama oposição a combater mediocridade na política



O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) afirmou, nesta quinta-feira (24), que a oposição precisa se organizar para combater "essa praga da mediocridade" que tomou conta da política, do governo e da sociedade. Segundo avaliou, não é de surpreender que a política, especialmente no Parlamento, obtenha tão baixos índices de aprovação nas pesquisas de opinião pública, pois os valores que deveriam nortear essa prática estão completamente desvirtuados.

- Mente-se da forma mais descarada, sem qualquer sinal de timidez ou de vergonha. O cinismo e a desfaçatez estão se transformando em virtudes anunciadas. Manipula-se escancaradamente a verdade olhando nos olhos do manipulado. Tamanho desvio não pode resultar em coisa boa. A mediocridade campeia. Se o fato é desfavorável ao poderoso de plantão? Muda-se o fato. Agressores se transformam em agredidos. Vítimas, em criminosos. Assina-se embaixo da máxima nazista de que uma mentira repetida mil vezes se transforma em verdade - protestou.

Jarbas Vasconcelos afirmou que não há respeito pela história e pelo que foi herdado de bom dos antecessores. Na sua avaliação, o que se vê atualmente é o que existe de mais velho e retrógrado, travestido de verdade; é a preferência pelo jogo do mais esperto, no qual a trapaça é a única forma de vencer.

O senador por Pernambuco lembrou a sua militância política para que o Brasil voltasse a ser uma democracia, ressaltando ter sido um dos primeiros integrantes da oposição a visitar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva após sua libertação da prisão, ocorrida por ter liderado a histórica greve dos metalúrgicos do ABC paulista. Ele frisou que, como governador, manteve uma relação de respeito recíproco com Lula na Presidência da República, colocando os interesses de Pernambuco e do Brasil acima das divergências partidárias.

Jarbas Vasconcelos salientou, no entanto, que já no primeiro mandato, o presidente Lula dava sinais de que não saberia valorizar as agendas política e econômica. Na análise do senador, o governo se perdeu na hora de negociar a montagem da sua base de apoio no Congresso Nacional.

- Esse atalho para obter a maioria parlamentar foi o caminho mais curto para o escândalo do " mensalão, no qual o apoio parlamentar foi comprado como um pacote de manteiga no supermercado. O que vimos foi o pior da política minúscula, da troca de apoio por recursos do Orçamento, por diretorias de empresas estatais. O que vimos foi o aparelhamento da máquina federal e a cooptação notória da chamada sociedade civil - comentou.

O parlamentar questionou se seria mera coincidência que setores do Partido dos Trabalhadores (PT) voltem a defender um terceiro mandato para Lula, num momento em que a imagem da atividade parlamentar está "abaixo do nível do mar, quase sem forças para reagir". Para Jarbas Vasconcelos, tudo isso é "fruto do mesmo caldo medíocre, da cultura do aparelhamento escancarado do poder federal".

- Por todo esse cenário preocupante, cresce em responsabilidade o papel das forças de oposição. Cabe à oposição deixar claro que democracia e personalismo não combinam. Nunca combinaram. Aí está a história da Humanidade repleta de exemplos de que o messianismo provoca efeitos devastadores sobre o desenvolvimento coletivo de uma sociedade. Se não conversarmos, se não dividirmos missões e responsabilidades, vamos condenar o país a manter essa mesmice que aí está - alertou.

24/04/2008

Agência Senado


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