Jefferson se diz impedido de votar indicação de Meirelles



O senador Jefferson Péres (PDT-AM) anunciou à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que iria se abster de votar na indicação do ex-diretor do BankBoston Henrique Meirelles para a presidência do Banco Central, mesmo sendo membro de um partido que é parte da base parlamentar do futuro presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O senador amazonense disse que é preciso saber se o Banco Central realmente apurou irregularidades na atuação do banco norte-americano no Brasil, ou se não conseguiu provar irregularidades apontadas, -o que deixaria de qualquer forma o banco sob suspeita-, disse.Jefferson Péres disse que as dúvidas que foram apresentadas na CAE só poderiam ser apuradas em, pelo menos, 24 horas.

- Seria muito ruim a aprovação do nome de um presidente do Banco Central que já entraria sob suspeita - não ele próprio - mas é preciso saber se houve mesmo irregularidades, e se houve responsabilidade direta ou indireta do doutor Henrique Meirelles - explicou.

O senador disse que, por isso, não votaria contra a indicação, mas se considerava impedido de votar a favor, em respeito à sua consciência e à dos seus eleitores.

Jefferson Peres fez ainda duas perguntas a Henrique Meirelles: na primeira, disse que as sabatinas desse tipo normalmente -são mera ficção, rituais vazios-, e que o correto seria que o indicado apresentasse sua programação para o cargo e que a cada três meses retornasse à CAE para explicar se conseguiu executar o programado e, em caso negativo, por que não. Por isso, perguntou se ele iria seguir a política do atual presidente Armínio Fraga, com as metas inflacionárias, ou se teria modelo diferente.

Jefferson Péres também questionou Henrique Meirelles sobre sua curta carreira política, perguntando se era verdade que procurou em seqüência PTB, PMDB, PFL e PSDB para se filiar, e sobre as denúncias de que teria -comprado- o mandato.

Meirelles respondeu que sua programação para o BC prevê a estabilidade de preços e da moeda como função principal da instituição.

- Banco Central com multiplicidade de funções é um erro. Sobre a manutenção das metas inflacionárias é o caminho correto a seguir, e 15 países do mundo seguem esta técnica - disse.

Quanto à sua eleição, disse que foi o deputado federal mais votado, principalmente nas grandes cidades como Goiânia, Anápolis, Rio Verde e outras.

- Dou enorme importância ao mandato de deputado federal, mas considerei que o desafio que me foi proposto, de presidir o Banco Central, neste momento, se sobrepôs ao mandato. E não procurei vários partidos, na verdade recebi convites deles para filiação, mas resolvi atender ao convite do presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador Marconi Perilo e optei pelo PSDB - disse.



17/12/2002

Agência Senado


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