Mão Santa critica "caráter autoritário" do governo Lula
O senador Mão Santa (PMDB-PI) criticou, nesta sexta-feira (23), o "caráter autoritário" do governo Lula, ao comentar notícia publicada no jornal espanhol El País e reproduzida na coluna de Ancelmo Gois, do jornal O Globo, de que o presidente da República "sonha com um governo sem oposição por dois anos, mas isso pode ser nocivo à democracia". Para o senador, isso pode ser nocivo especialmente no Brasil, que tem uma democracia frágil.
Segundo Mão Santa, um governante acerta mais se ouvir a verdade dura, dita por seus adversários, do que se der ouvidos aos elogios de seus aliados.
Em seu pronunciamento, o senador defendeu o exercício da oposição como uma manifestação democrática, uma forma, segundo ele, de "passar por uma porta estreita", enquanto a situação seria "a porta larga e confortável".
- A grandeza da nossa civilização maior foi fazer nascer a oposição. A oposição é que faz o aperfeiçoamento da democracia. Sem ela, voltaríamos à época dos reis - afirmou.
Ao analisar os ensinamentos de Montesquieu sobre a separação dos Poderes, Mão Santa afirmou que os três Poderes - Executivo, Legislativo e Judiciário - precisam ter igual força.
Como exemplo do caráter autoritário do governo Lula, Mão Santa citou os vetos do presidente da República à proposta de recriação da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que tramitou durante mais de quatro anos no Congresso e contou, segundo narrou, com o trabalho árduo de muitos parlamentares. O senador avaliou que Lula vetou a parte mais importante do projeto, relativa à obtenção de recursos, e criticou o Congresso por não estar conseguindo derrubar o veto.
O parlamentar afirmou ainda que desconfia das obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) por causa do número excessivo de obras inacabadas que já existem no país. E propôs a criação, no Senado, de uma comissão para identificar as obras inacabadas e tomar medidas para concluí-las.
23/03/2007
Agência Senado
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