PARA ÁLVARO DIAS, MEMÓRIA DO PASSADO É IMPORTANTE NA CONSTRUÇÃO DO FUTURO



A importância da memória do passado para a construção do futuro foi destacada pelo senador Álvaro Dias (PSDB-PR) ao discursar na sessão solene em homenagem aos 20 anos da anistia, realizada nesta quarta-feira (dia 18) no plenário do Senado Federal. O senador disse que, para boa parte das novas gerações, não está claro o alcance da comemoração da anistia, salientando que não se trata apenas de voltar ao passado.- Trata-se, sim, de fazer da memória do passado o cimento essencial da construção do futuro. Costuma-se dizer que um povo sem memória é um povo sem rumo, e isto é uma rigorosa verdade. É com a memória que tecemos a história e é pela história que alicerçamos nossa esperança - afirmou Dias.Álvaro Dias fez um breve relato da história recente do país, a partir de 1964 - "um marco significativo", afirmando que em 1968, quando as garantias constitucionais foram suspensas, "uma densa cortina de silêncio, medo e repressão se fecha sobre todo o país". - O Congresso despachado para casa. O Judiciário domesticado. As cassações acontecendo em levas. E, o mais terrível, começa o império do aparelho repressivo que, assumindo vida própria, parece escapar ao controle de seus próprios criadores. Prisões arbitrárias, desaparecimentos, tortura e assassinatos passam a fazer parte do dia-a-dia de cada brasileiro. O ar pesado desses anos de chumbo, anos cinzentos, contrasta com a euforia dos anúncios oficiais e oficialistas que saturam os meios de comunicação e tentam criar a imagem de um país alegre e feliz debaixo do tacão do autoritarismo - lembrou o senador.Dias lembrou também que foi nessa época que a resistência democrática começou a se articular dentro do antigo MDB, superando diferenças pessoais, ideológicas e políticas. "E, desde o início, começa a tomar forma uma reivindicação que passaria a fazer parte permanente da pauta das oposições: a Anistia ampla, geral e irrestrita". De acordo com o senador, era consenso da maioria que o retorno do país ao estado de direito exigia, como medida prévia, essa decisão essencial. "Tínhamos clara consciência de que não se pode construir o futuro sem, antes, passar a limpo o passado. E isto queria dizer começar de novo. Criar um novo início", recordou o senador.O senador fez uma homenagem aos líderes políticos que lutaram pela anistia, como Teotônio Vilela, e lembrou a participação do Movimento Feminino pela Anistia, coordenado por Terezinha Zerbini, a participação da Igreja Católica, o apelo que o pensador católico, Tristão de Athayde, fez ao Marechal Castello Branco e o primeiro projeto de lei de anistia apresentado no Congresso Nacional pelo então senador Josaphat Marinho, pelo MDB da Bahia. Dias lembrou também de companheiros que, no Paraná, foram vítimas da ditadura, como os estudantes Antonio dos Três Reis Oliveira e José Idésio Brianezi, Aldo Fernandes, Genecy de Souza Guimarães, Ildeu Manso Vieira, Walter Pecoits, João Alberto Einecke, Antonio Narciso Pires, Abelardo Moreira, Luiz Gonzaga Ferreira, Manoel Jacynto Correia, dentre outros.

18/08/1999

Agência Senado


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