Para Sérgio Souza, Brasil pode crescer sem descuidar do meio ambiente



Em entrevista exclusiva à Agência Senado nesta sexta-feira (28), o senador Sérgio Souza (PMDB-PR) afirmou que o Brasil tem todas as condições de crescer economicamente e recuperar competitividade no mercado mundial sem descuidar da preservação do meio ambiente. Relator da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas (CMMC) durante este ano, o senador fez um balanço positivo do desempenho do colegiado e opinou ainda sobre outros temas, como a possível derrubada do veto presidencial sobre a redistribuição dos royalties do petróleo.

Na avaliação do senador, o Brasil tem cumprido seu papel na redução de emissões de gases do efeito estufa e na mitigação das mudanças climáticas. O país conseguiu, nos últimos anos, diminuir de maneira extremamente significativa o desmatamento, principalmente na região amazônica, ressaltou.

Sérgio Souza disse que a Comissão sobre Mudanças Climáticas do Congresso teve desempenho positivo em 2012, acompanhando ações governamentais, monitorando os trabalhos legislativos e culminando em um relatório final com sugestões tanto para o Legislativo quanto para o Executivo. O senador informou que serão enviados mil exemplares do relatório da CMMC para todos os parlamentares, comissões do Congresso, governos estaduais e prefeituras de capitais, universidades, instituições, ministérios e outros órgãos públicos.

Sérgio Souza destacou também a participação de membros da CMMC nos dois grandes encontros ambientais em 2012, a 18ª Conferência das Partes na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-18) e a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20).

Depois desses encontros, opinou o senador, ficou claro que o Brasil é um país questionador e que cobra de outros países ações concretas de mitigação das mudanças climáticas. Isso aconteceu justamente pelo país fazer seu dever de casa, como a diminuição do desmatamento, redução de emissões e priorização de energias limpas e renováveis.

O parlamentar disse acreditar que, nos próximos anos, as negociações internacionais sobre clima conseguirão sensibilizar principalmente os Estados Unidos e a China, os maiores poluidores do planeta mas que não são signatários do Protocolo de Kioto. O protocolo, que venceria no final de 2012, foi prorrogado até 2020 durante a COP-18, lembrou o senador.

Ele acredita que até 2015 será possível ter China e EUA dentro do Protocolo de Kioto, o que abrirá caminho para a negociação de um novo acordo do clima que valeria a partir de 2020.

Para Sérgio Souza, o Brasil está no caminho certo para conseguir equilibrar a produção de alimentos e o respeito ao meio ambiente. Ele citou como exemplos positivos o incentivo à agricultura de baixo carbono, recuperação de áreas degradadas e financiamentos subsidiados, com o objetivo de aumentar a produtividade sem aumentar a área plantada, como já acontece na cultura canavieira.

O senador ressaltou também os mecanismos de pagamento de serviços ambientais. Para ele, esse é um dos grandes trunfos que os governos mundiais têm para incentivar a preservação, a recomposição de áreas e projetos sustentáveis. Ao preservar, ao evitar desmatamentos desnecessários ou reflorestar áreas degradadas, o proprietário rural está fazendo um bem para toda a sociedade e para o planeta, merecendo ser recompensado, afirmou.

Sérgio Souza aproveitou para chamar atenção para a necessidade de o Brasil encontrar saídas sustentáveis para os grandes centros urbanos, como reciclagem e tratamento do lixo.

- Temos de criar cidades sustentáveis – disse.

Custo-Brasil

Questionado pela Agência Senado, Sérgio Souza também falou sobre o maior desafio da presidente Dilma Rousseff, em sua opinião, que é a diminuição do chamado custo-Brasil.

Para ele, a questão envolve fatores como redução da corrupção e da burocracia, uma “reforma tributária decente” e ampla, otimização e interligação dos modais de transporte, diminuição dos juros e barateamento de custos, como a redução das contas de luz residenciais e industriais, já prometida pela presidente.

Mesmo com essas prioridades, o senador crê que o país não deixa de lado as questões ambientais.

- O Brasil não se descuida das questões ambientais, mesmo com esses desafios para a diminuição do custo-Brasil – afirmou.

Royalties

Quanto à polêmica questão da possível derrubada do veto presidencial à nova partilha dos royalties da exploração petrolífera, Sérgio Souza afirmou que o petróleo pertence a todo o Brasil e que, de maneira equilibrada e justa, todo o país precisa se beneficiar dessa riqueza.

- Eu voto pela derrubada do veto. Sou senador e represento o Paraná, que tem sofrido prejuízos com as atuais regras. Não há quebra de contratos, se o petróleo é produzido em área da União, tem de beneficiar todos os estados e todos os municípios – declarou.

Sérgio Souza disse ainda não acreditar que o Congresso irá votar os mais de três mil vetos para abrir caminho ao veto dos royalties. Para ele, uma das possibilidades é a aprovação de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), que já estaria sendo negociada entre os parlamentares, para alterar as regras de apreciação de vetos, permitindo que determinado veto ganhe urgência se a maioria do Parlamento assim decidir.



28/12/2012

Agência Senado


Artigos Relacionados


Unificação do ICMS pode reduzir custo Brasil, avalia Sérgio Souza

Ana Amélia: Brasil não pode descuidar do mercado externo

Chico Mendes pode ser patrono do meio ambiente no Brasil

Brasil pode produzir biocombustíveis sem prejudicar meio ambiente ou produção de alimentos, afirma Serys

Bernardo de Souza recebe secretário de Meio Ambiente

Diplomacia deve afirmar vocação do Brasil para o diálogo e o consenso, diz Sérgio Souza