Patruni apontou envolvimento de Jader no desvio de milhões do Banpará



O auditor do Banco Central Abraão Patruni Júnior disse que há evidências da participação do senador Jader Barbalho (PMDB-PA) no desvio de milhões do Banco do Estado do Pará (Banpará). A informação foi dada pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), que junto com os senadores João Alberto (PMDB-MA), Romeu Tuma (PFL-SP), Eduardo Suplicy (PT-SP) e Heloísa Helena (PT-AL), ouviu o depoimento de Patruni ao Conselho de Ética. O relato do técnico do Banco Central impressionou Jefferson Péres pela riqueza de detalhes apontando para a participação de Jader em atos ilícitos.

- Fiquei impressionado com a meticulosidade do trabalho do auditor. Tudo o que ele afirma está comprovado por documentos e depõe para a veracidade das denúncias - afirmou Jefferson Péres.

Segundo Jefferson Péres, o nome de Jader aparece como beneficiário de diversas operações irregulares. No entanto, o senador pelo Amazonas evitou fazer comentários sobre as conseqüências do depoimento de Patruni para o processo no Conselho de Ética.

- Não há como dizer de que forma isso vai afetar o processo. Vamos ver se Jader vai explicar isso e se será demonstrado que ele mentiu no Senado, que é o que nos interessa - explicou.

A senadora Heloísa Helena saiu do depoimento convencida da participação de Jader no desvio de recursos públicos.

- Patruni apenas confirmou o que já se sabia. Já era o óbvio ululante em 1992, a participação de Jader no desvio de recursos. Precisamos saber agora qual o preço do silêncio do Banco Central durante este período - disse a senadora.

Jefferson Péres confirmou as informações de que o corregedor do Senado, Romeu Tuma, estaria sofrendo pressões para alterar a forma como vem sendo conduzido o processo. Segundo disse, "fizeram ameaças ao senador Tuma com a intenção explícita de intimidá-lo". As ameaças envolveriam a revelação de detalhes da vida pessoal do senador paulista. Tuma garantiu não se abalar com qualquer pressão, afirmando que "um delegado com 40 anos de carreira, acostumado a lidar com terroristas e traficantes não vai se intimidar com isso". Ele acrescentou que vai continuar trabalhando "com correção".

No depoimento, Patruni negou que tivesse sofrido pressões para mudar o teor de seu relatório. Ele relatou que os bancos privados resistiram a enviar informações necessárias ao esclarecimento dos fatos e que o Banco Central não tomou as providências para forçar que o fizessem. Por solicitação de Patruni, o Conselho de Ética vai pedir ao ministro da Justiça, José Gregori, proteção policial para o auditor, não apenas pelas denúncias que fez no episódio Banpará, mas também devido a outras investigações que ele conduz.



22/08/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Tuma diz ter provas contra Jader no desvio do Banpará

Oposição pede que Conselho de Ética discuta envolvimento de suplente de Jader com caso Banpará

Senadores querem ouvir Gros, Fraga e Patruni sobre Banpará

Jader se diz inocente no caso Banpará

Jader considera Banpará caso encerrado

Jader nega que tenha se beneficiado de desvios do Banpará