Relatório pedirá processo contra Jader



Relatório pedirá processo contra Jader Tuma pediu prorrogação de 10 dias para investigação O senador Romeu Tuma (PFL-SP) afirmou ontem que o relatório final da subcomissão que investiga irregularidades no Banco do Estado do Pará (Banpará) deverá conter um pedido de abertura de processo contra o senador Jader Barbalho (PMDB-PA). Isso afasta a possibilidade de arquivamento das investigações. Jader é acusado de ser o principal beneficiário do desvio de recursos públicos do Banpará . Segundo Tuma – um dos integrantes da subcomissão do Conselho de Ética que investiga as irregularidades no banco –, “Há indícios claros para abertura de um processo por quebra de decoro”. Ontem, Tuma se reuniu em São Paulo com técnicos do Banco Central para analisar os pontos do relatório do inspetor Abrahão Patruni Júnior sobre os desvios de recursos do Banpará que foram contestados pelo presidente licenciado do Senado. Tuma também formalizou um pedido de prorrogação dos trabalhos da comissão por mais 10 dias. O prazo regimental termina na próxima segunda-feira, mas o senador ouvirá, ainda na segunda e terça-feira, em Belém, mais cinco depoimentos, entre eles o do gerente do Banpará à época em que Jader era governador. Prévia definirá candidato do PMDB Escolha do nome que concorrerá à Presidência da República irá ocorrer em 20 de janeiro A executiva nacional do PMDB decidiu ontem que o partido não escolherá seu candidato à Presidência da República na próxima convenção nacional, marcada para 9 de setembro, mas apenas em uma prévia no dia 20 de janeiro de 2002. Caberá à convenção de setembro, no entanto, aprovar ou não o lançamento de candidatura própria. A primeira alternativa é considerada quase certa. A própria executiva resolveu ontem, por unanimidade, acatar a idéia de candidatura própria, em vez de apoio ao eventual candidato de uma aliança PSDB-PFL. A decisão de adiar para 20 de janeiro a escolha do candidato beneficiou a ala governista do PMDB, já que, conforme o deputado Edinho Bez (PMDB-SC), os ministros do partido só terão que deixar os cargos depois da prévia. Durante a convenção do dia 9, o partido também vai eleger seu novo presidente nacional, cargo disputado pelo ex-presidente da Câmara dos Deputados Michel Temer (SP) – que conta com a simpatia do presidente Fernando Henrique Cardoso – e pelo senador Maguito Vilela (GO), presidente interino da sigla. O líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL), declarou, após a reunião de ontem, que a decisão vai reunificar o PMDB. – Faço um apelo para que todos os setores do partido permaneçam unidos. A coesão partidária é fundamental para que possamos ganhar a eleição – disse Calheiros. Apesar do apelo, o ministro dos Transportes, Eliseu Padilha, reagiu ontem com força às críticas de Maguito Vilela, que durante discurso na terça-feira denunciou o uso da máquina do governo para pressionar delegados à convenção de 9 de setembro. Maguito acusou os três ministros do PMDB – entre eles Padilha – de abuso de poder. – A opinião dele vale nada, zero. Isso mostra a sua absoluta desqualificação como líder partidário – disse ontem o ministro, indignado. Padilha disse que as acusações do senador goiano contra os ministros peemedebistas são uma prova de que ele não tem capacidade para presidir um partido do tamanho do PMDB. Fez ainda referência a uma carta usada por Maguito Vilela nas denúncias – o documento confirmaria que o apoio de quatro deputados cearenses à candidatura de Temer teria ocorrido por pressões do Palácio do Planalto. O ministro negou que a adesão dos quatro – ligados ao ex-deputado federal Paes de Andrade – tenha ocorrido por influência sua ou do governo. Admitiu, porém, que esteve no Ceará em férias com a família, quando participou de um jantar com políticos locais. – Nós falamos de tudo, menos de política – desconversou o ministro, em entrevista a Zero Hora, antes de anunciar que vai mover uma ação judicial contra Maguito por difamação ou dano moral. O ministro avaliou também a situação de um antigo aliado: Jader Barbalho (PA), presidente licenciado do Senado, que deverá responder a processo por quebra de decoro parlamentar. Para o ministro dos Transportes, o PMDB não pode abandoná-lo: – A situação mudou muito. Hoje, a questão do Jader é pessoal, não é partidária. Eu não posso dizer nada. Primeiro, porque eu não sou o Jader, mas penso que todo o PMDB tem de oferecer condições para que ele possa se defender. Depoimento de secretário vira confronto Oposição acusou Arno Augustin, da Fazenda, de não responder às perguntas sobre o caixa único A animosidade caracterizou a audiência da Comissão de Finanças e Planejamento da Assembléia Legislativa, que contou com a participação do secretário estadual da Fazenda, Arno Augustin. Realizado na tarde de ontem, o encontro serviria para esclarecer dúvidas em relação ao Sistema Integrado de Administração de Caixa (Siac), mas foi o palco para troca de farpas entre a oposição e o governo. A sala da comissão, no quarto andar do Palácio Farroupilha, ficou lotada – dezenas de pessoas se acotovelaram a partir das 13h30min para assistir ao confronto. Antes de apresentarem suas perguntas, os parlamentares dedicaram a maior parte dos cinco minutos a que cada um tinha direito para atacar Augustin e o governo. Um dos críticos mais duros foi João Luiz Vargas (PDT), que reservou adjetivos como “engodo” e “falácia” para descrever ações do secretário. Mais tarde, Ronaldo Zülke (PT) defendeu o secretário com ataques a Vargas, que se retirou da audiência: – Não tenho por que ficar aqui ouvindo isso. Zülke seguiu em seus ataques, desta vez contra Berfran Rosado (PMDB) e Bernardo de Souza (PPS), que foi direto. – Cala a boca – disse Bernardo ao deputado governista, elevando a voz. Cecilia Hypolito (PT), presidente da comissão, teve dificuldades para apaziguar a mesa. A oposição acusou Augustin de não responder às perguntas. A principal polêmica ocorreu em torno dos valores do Siac – conta que centraliza os recursos de todos os órgãos estaduais e de diversos programas – em janeiro de 1999 e atualmente. Os deputados não perdiam a chance de alfinetar Augustin. – Como serão repostos os R$ 1,175 bilhão saqueados do caixa único? – perguntou Cézar Busatto (PMDB). O titular da pasta limitou-se a dizer que as informações solicitadas encontram-se à disposição no site da Secretaria da Fazenda, na Internet. Ele também assegurou que o governo dispõe hoje de valores “muito próximos aos resgates” efetuados no Siac. A resposta desencadeou nova discussão entre Busatto, que solicitava providências à Mesa, e a presidente da comissão, que considerou a participação de Augustin satisfatória. Depois da audiência, o secretário afirmou à imprensa que não haveria necessidade de ressarcir o caixa único dos valores sacados, utilizados para o pagamento de pessoal: – Não há recurso a ser reposto, como se o recurso não fosse do próprio Estado. O caixa único é uma forma de utilização comum de valores. Não há isso de repor. Busatto, Berfran e Bernardo têm manifestado posição contrária, argumentando que a Lei de Responsabilidade Fiscal e o próprio decreto que deu origem ao sistema exigiriam a devolução dos recursos. Justiça suspende mandato de vereador Liminar determinou afastamento do presidente da Câmara O vereador e líder da bancada do PT na Câmara de Vereadores de São Borja, Renê Ribeiro, teve o mandato suspenso pela Justiça ontem. O juiz substituto da 2ª Vara Cível, Paulo Afonso Robalos Caetano, concedeu liminar ao pedido de suspensão solicitado em uma ação popular movida por uma eleitora. A liminar foi concedida porque Ribeiro foi condenado a um ano e quatro meses de detenção – pena substituída por prestação de serviços à comunidade – e teve suspensos os direitos políticos pelo mesmo período por calúnia. O processo em que era réu já transitou em julgado no Tribunal de Justiça do Estado (TJE), mas o vereador ainda não começou a cumprir a pena. Ontem, Ribeiro foi comunicado da decisão por oficiais de Justiça. A vaga será ocupada pelo suplente e ex-vereador Paulo Ibairro (PT). O atual presidente da Câmara de Vereadores, Mariovane Weiss (PDT), também foi atingido pela decisão do juiz. Por não ter cassado Ribeiro ao tomar conhecimento do acórdão, há quatro meses, Weiss foi provisoriamente afastado da presidência. Ribeiro e Weiss pretendem ingressar com um agravo de instrumento no TJE. O primeiro vice-presidente, Cláudio Gomes (PT), assumiu a presidência da Casa. Depoimento compromete José Ignácio A Cooperativa dos Servidores da Escola Técnica Federal (Coopetfes) depositou cerca de R$ 1,3 milhão na conta do governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (sem partido), para financiar, em 1998, a campanha do então candidato do PSDB ao governo do Estado. Os depósitos foram confirmados ontem à noite no depoimento do gerente da Coopetfes, Germiniano Santos, à Procuradoria-Geral da República, em Vitória. O depoimento faz parte do inquérito aberto pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, para apurar acusações de crime eleitoral, corrupção e tráfico de influência envolvendo o governador e funcionários do primeiro escalão. A doação não foi declarada ao Tribunal Regional Eleitoral pelo governador como tendo sido feita pela cooperativa. Parte dos depósitos – R$ 500 mil – aparece na declaração do governador, mas está em nome da empresa paulista Unitec. A empresa nega a doação. Montepio acusa PT de usar Banrisul Em nota publicada nos jornais de hoje, o Montepio dos Funcionários do Município de Porto Alegre acusa o PT de usar o Banrisul para prejudicar o montepio. O banco teria se negado a efetuar o pagamento de agosto dos pensionistas do município e, por isso, o montepio informa que as pensões serão pagas na sede da instituição. A nota diz que o governo petista da Capital causa “aflição e sofrimento” aos pensionistas para atingir o montepio. Artigos Outro Brasil é possível ADÃO VILLAVERDE O programa econômico do Instituto da Cidadania, intitulado “Um Outro Brasil É Possível”, recentemente apresentado por um grupo de economistas ao debate na sociedade e no PT, tem como ponto de partida as teses aprovadas no segundo congresso do partido. Ainda que no atual contexto a esquerda tenha insuficiências de formulações que orientem um programa alternativo em nível nacional ao modelo subordinado e dependente, as teses aprovadas no congresso e desdobradas no programa começam a dar conta de importantes tarefas e responsabilidades. Elas sinalizam um modelo de Estado de novo tipo, que aborda o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e riqueza, tendo como decorrência destes preceitos uma ampla política de inclusão social, estimuladora de um efetivo mercado de massas. Ensejando, portanto, uma visão e compreensão de que o Estado e sua relação com a sociedade devem ter supremacia sobre a economia e o mercado. Com esta abordagem, propõe para a sociedade o que poderíamos chamar de um programa “rumo à revolução democrática brasileira”. De forma bastante clara e sem ambigüidades, procura ser um instrumento programático capaz de efetivar a necessária transição do modelo dependente do capital especulativo para um novo modelo, que busque efetivar nossa soberania numa nova condição de inserção no mundo globalizado. Conferindo, por conseqüência, um novo papel ao Estado-nação no atual processo de mundialização. Este programa poderá orientar as ambiciosas transformações sociais e políticas Ao completar a crítica ao modelo econômico e social vigente, busca enfrentar, ainda que sob o capitalismo, o neoliberalismo declinante, apontando para o Estado seu verdadeiro papel de indutor, regulador e mediador, aprofundando suas relações com a sociedade. Com especial destaque no que concerne ao controle social pela cidadania, ao planejamento e implementação de políticas públicas estratégicas e ao modelo de desenvolvimento com inclusão social. A construção do programa da “revolução democrática” tem, portanto, como centro, a retomada do desenvolvimento em bases nacionais, numa clara via de contraposição ao modelo existente. Propondo um novo ciclo de desenvolvimento com distribuição de renda e inclusão, referenciado num amplo mercado interno e numa forte relação com a política externa e de exportação, capaz de conferir ao projeto sustentabilidade e equilíbrio regional. Isto tudo suportado por uma política industrial e agrícola vertebrada pelas potencialidades e capacidades locais, capaz, a partir da capilaridade do nosso tecido produtivo, de articular formas avançadas de produção e inovação tecnológica, sobretudo nos setores da chamada nova economia. Simultaneamente, propõe projetos de reformas agrária, tributária e financeira que necessariamente terão que enfrentar, de forma firme, a renegociação soberana da dívida externa, associado evidentemente ao alongamento do perfil da dívida interna. Este programa poderá orientar as ambiciosas transformações sociais e políticas que o país tanto necessita e ser um poderoso instrumento para dar conseqüência aos sonhos de amplas parcelas de nossa população. Ou seja, de que é possível vivermos num Brasil que cresce economicamente, podendo ser ao mesmo tempo um país verdadeiramente justo, solidário e com presença soberana no cenário mundializado. Contos de terror JÚLIO MARIANI O seqüestro da filha do apresentador Sílvio Santos e o assassinato de seis turistas portugueses em uma praia do Ceará são crimes de natureza inteiramente diversa, mas seu impacto sobre a alma do brasileiro é um só: sentimo-nos cada vez mais órfãos, não apenas de proteção policial, mas também daquele mínimo de humanidade que dá sentido à existência. O crime de Fortaleza, em que seis homens de meia-idade foram enterrados vivos depois de serem espancados e feridos a bala, choca tanto pela sua inábil brutalidade quanto por sua completa irracionalidade. Os portugueses foram atacados por seus assassinos, um grupo de brasileiros a soldo do português Militão, da mesma forma que um caipira que nunca matou um porco resolve fazer a sua primeira vítima a golpes de porrete, depois de ingerir alguns copos de cachaça. Ainda vivas, as vítimas foram enterradas numa cova previamente aberta no piso de barraca que Militão possui em Fortaleza. Ficou comprovado pela necrópsia que os portugueses tentaram respirar dentro da cova, pois havia areia na traquéia e nos brônquios das vítimas. Calcula-se que sua agonia durou de três a cinco minutos. Esses europeus, como tantos outros, teriam sido atraídos ao Brasil pelo canto de sereia do turismo sexual. Praias paradisíacas cheias de garotas lindas e fáceis não são uma atração fácil de resistir para homens cansados da rotina doméstica. E o pior é que os governos mostram-se incapazes de enfrentar o desafio Impressiona também, no episódio cearense, a completa impossibilidade de o mandante do crime escapar impune, pois de qualquer forma a polícia chegaria rapidamente a ele. Fora Militão quem recebera os seis turistas no aeroporto, e esse simples fato, não houvesse outros, bastaria para apontá-lo como principal suspeito. Se o massacre do Ceará pode ter escapado a alguns distraídos, creio que ninguém ficou indiferente ao seqüestro de Patrícia Abravanel, sobretudo por causa dos desdobramentos inesperados do caso. A garota Patrícia, que revelou uma personalidade esfuziante de altíssima comunicabilidade, perdoou os seqüestradores, criticou os problemas sociais do país e declarou fé inabalável em Deus, até poderia ter dado um happy end ao caso se um dia depois o líder do seqüestro, que estava foragido, não tivesse matado dois policiais e invadido a casa de Sílvio Santos, mantendo-o como refém por quase um dia inteiro. Massacres como o de Fortaleza e seqüestros de gente rica não acontecem apenas no Brasil, mas quando acontecem no Brasil contribuem para agravar um cenário de violência que já se tornou insuportável. E o pior é que os governos, seja o federal, sejam os estaduais, mostram-se incapazes de enfrentar o desafio. Nem as medidas de caráter social, nem as tentativas de aprimorar o aparelho policial alcançaram até agora qualquer resultado efetivo. Estamos, como disse a garota Patrícia, nas mãos de Deus. Colunistas JOSÉ BARRIONUEVO – PÁGINA 10 As previsões do presidente Numa conversa de 50 minutos, ontem, o presidente Fernando Henrique Cardoso abriu o coração ao deputado gaúcho Darcísio Perondi (PMDB), vice-líder do governo na Câmara. Além de dizer que não tem dúvidas de que o candidato do Planalto irá para o segundo turno nas eleições presidenciais, admitiu: – Quem se sustenta para nos enfrentar no segundo turno é Lula, os outros não têm condições para isso. Enquanto conversava com Perondi, FH acompanhava, visivelmente preocupado, o seqüestro do apresentador Sílvio Santos. Mesmo assim não parou de fazer projeções eleitorais. No Rio Grande do Sul, FH acredita que Antônio Britto (PMDB) é o melhor nome para vencer no ano que vem, embora saiba da resistência do ex-governador. Elogiou Pedro Simon, de quem disse gostar muito, mas não arriscou palpites sobre as chances do senador. Padrinho de peso O presidente Fernando Henrique se comprometeu a apoiar projetos de Perondi que beneficiam o Estado. Vai despachar pessoalmente todos os pedidos de seu vice-líder, a quem considera fiel, como a liberação de R$ 6,5 milhões do Orçamento para a conclusão dos 35 quilômetros da BR-468, de Três Passos à Argentina. Homenagem pluripartidária A já tradicional entrega da medalha Negrinho do Pastoreio reuniu esta semana no Palácio Piratini dezenas de políticos de diferentes partidos. Entre os homenageados que receberam a distinção pelas mãos do governador Olívio Dutra estava o ex-deputado do PMDB João Brusa Neto, ex-cassado político indicado para o prêmio pela Comissão do Acervo de Lutas contra a Ditadura. O imponente salão Alberto Pasqualini ficou lotado. Entre o público presente estavam o ex-governador de Goiás Mauro Borges e o consagrado ator gaúcho Paulo César Pereio, autor da música do Hino da Legalidade. Bom exemplo O vereador Gilberto Tarrasconi (PL) fez um gol ao conseguir aprovar na Câmara de Xangri-Lá a redução do recesso de 90 para 30 dias. O bom exemplo poderia ser seguido pelos demais parlamentos. Deputados e vereadores não precisam de mais tempo do que os demais trabalhadores para descansar. Cala a boca Enquanto o secretário Arno Augustin falava na Comissão de Finanças, deputados transformaram a sessão em um bate-boca sem limites. Em um dado momento, Bernardo de Souza (PPS) mandou Ronaldo Zülke (PT) calar a boca. A presidente, Cecilia Hypolito, sofreu para segurar os coleguinhas. Protesto Técnicos-científicos protestam hoje às 10h na Expointer diante dos olhos do governador Olívio Dutra. Cobram 54,3% de reposição acumulada há seis anos. A categoria tem 7,5 mil servidores em 42 profissões de nível superior. Mais protesto Já o ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, preferiu escapar de prováveis gritos dos sem-terra. Ele não estará hoje no ato de inauguração da Expointer 2001. Pecuaristas interpretavam ontem a atitude como uma forma de se esquivar do protesto. Virá o interino, Márcio Fortes. Ford lá A TV Bahia fez reportagem sobre a fuga da Ford do RS. Ouviram os ex-governadores Alceu Collares e Amaral de Souza e moradores de Guaíba, onde seria a montadora. A Ford de Camaçari será inaugurada dia 12 de outubro. Cabo eleitoral O deputado estadual Paulo Odone fará parte da chapa de Michel Temer na disputa pelo diretório nacional do PMDB. Como Temer deverá ser eleito, Odone pretende usar o cargo para defender a candidatura de Pedro Simon à Presidência. Este é o objetivo. Brizola manda chumbo Questionado esta semana por um jornalista se preparava chumbo grosso contra o senador Pedro Simon (PMDB), o ex-governador Leonel Brizola foi rápido: – É muito mais decente e eficaz um chumbo fino. É como a bala 22, que é muito mais perigosa que uma 38 porque caminha dentro do corpo. Medalha para Paim O deputado federal do PT gaúcho Paulo Paim, cotado para disputar uma das vagas do Senado, foi homenageado ontem com a medalha da Ordem do Mérito do Trabalho. Recebeu a distinção das mãos do ministro Francisco Dornelles. Há 15 anos Paim defende com garra os direitos dos trabalhadores. João Saldanha E por falar em medalha, o jornalista e vereador João Bosco Vaz (PDT) também receberá uma por decisão do governador Olívio Dutra. É a medalha João Saldanha, entregue a quem se destaca por atuar em prol das atividades desportivas. O ato de entrega será hoje, às 17h30min, no Palácio Piratini. Beto responde Como presidente do PSB no Estado, o secretário dos Transportes, Beto Albuquerque, acusa o deputado Bernardo de Souza (PPS) de se utilizar "da velha prática da vitimologia". Beto rechaça a versão de que o PSB estaria retaliando o PPS ao entrar na Justiça para tirar cargos do PPS. – Ele tem direito a sete cargos como deputado, mas não tem direito aos outros sete porque o PPS não elegeu bancada. Não queremos os cargos, apenas que o regimento seja cumprido – explicou Beto, acusando Bernardo de estar "sentado em cima de uma ilegalidade". ROSANE DE OLIVEIRA Precedente perigoso Passado o sufoco que manteve milhões de brasileiros de olho grudado na TV à espera do desfecho do seqüestro de Silvio Santos, um novo tema entrou na agenda das discussões: o comportamento do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Elogiado pelo ministro da Justiça, José Gregori, pela “atitude de coragem, determinação e bravura”, Alckmin abriu um precedente perigoso quando aceitou negociar pessoalmente a rendição. Como se comportará o governador se outros seqüestradores de vítimas menos famosas do que Sílvio Santos exigirem sua presença para libertar o refém? Como a violência não tem partido e a criminalidade inferniza a todos os governadores brasileiros, é possível que outros sejam requisitados para servir de escudo a bandidos que mantêm reféns na mira de revólveres. Por delicadeza ou convicção, todos os governadores que concordaram em falar sobre o assunto à Agência Folha opinaram que a atitude do colega paulista foi correta. No lugar dele talvez fizessem o mesmo para não correr o risco de ser responsabilizados por um eventual desfecho trágico no seqüestro do apresentador mais conhecido da TV brasileira. Deve ter sido a mais dura decisão da vida do governador desde que assumiu o cargo com a morte de Mário Covas. Atendendo à exigência do seqüestrador – e ao apelo de Sílvio Santos – o governador correu riscos e se expôs como autoridade. Se não fosse, e o seqüestrador que já não tinha nada a perder resolvesse protagonizar um final espetacular diante das câmeras, matando a vítima famosa, o país não perdoaria Alckmin. Com todos os erros cometidos, a polícia paulista se saiu melhor na negociação do que a do Rio no último episódio em que o país parou durante várias horas para acompanhar o destino de reféns subjugados por um bandido. Em junho do ano passado, Sandro Nascimento transformou em reféns os passageiros do ônibus da linha 174 e passou a torturá-los. Depois de horas de agonia, transmitida ao vivo pela TV, o assaltante concordou em se render, mas exigiu levar com ele uma das reféns, a professora Jeisa Gonçalves, de 20 anos. Um policial despreparado atirou no assaltante, que apertou o gatilho e matou a professora. No camburão, Sandro foi morto por asfixia pelos policiais. As duas baixas da polícia paulista ocorreram no dia anterior, na tentativa de capturar o seqüestrador de Patrícia Abravanel. Ontem, quando voltou à mansão de Sílvio Santos num gesto de inimaginável ousadia, Fernando Pinto estava em busca de garantia de vida. Para se entregar, queria sair da casa abraçado ao governador. Essa foto, pelo menos, Alckmin conseguiu evitar. Editorial Insegurança: o problema número 1 do país Desde a transmissão ao vivo dos atos de selvageria contra passageiros de um ônibus seqüestrado há pouco mais de um ano no Rio de Janeiro, os brasileiros não haviam se defrontado com fatos tão estarrecedores como os que envolveram agora a família do empresário Sílvio Santos em São Paulo. Deploravelmente, episódios como esses vêm-se incorporando à rotina num país em que um crime hediondo como seqüestro deixa de ser preocupação exclusiva de uma faixa de maior renda, pois se volta cada vez mais para cidadãos de classe média. Ao envolverem tanto um comunicador conhecido que teve primeiro uma de suas filhas seqüestrada e, em seguida, se viu ele próprio transformado em refém, os delinqüentes fizeram soar de vez o alarme para esse que se transformou no problema número 1 do país. É hora, portanto, de uma ação integrada das autoridades e da sociedade para a contenção da violência, de modo que seja substituída por uma cultura de paz. Independentemente das motivações de crimes abjetos como o seqüestro, o aspecto mais deplorável é o de o país se revelar despreparado para enfrentá-los. Seria exagero imaginar o Brasil como um caso à parte mesmo em momentos em que, diante de fatos de maior repercussão, o grau de deterioração da sociedade parece mais exacerbado. Por razões que vão das religiosas às próprias dificuldades de sobrevivência, situações como a de seres humanos subjugados por semelhantes dispostos a tudo constituem rotina num planeta às voltas com dezenas de conflitos armados simultaneamente. Assim como a corrupção, a violência – e fatos que a fazem ser percebida no dia-a-dia, como os seqüestros – não atemoriza apenas os brasileiros. Ajudam também a afugentar até mesmo investidores externos, conforme recente estudo do Banco Mundial (Bird), potencializando ainda mais as razões socioeconômicas da violência. Com um grau de desrespeito à vida destas dimensões, a crise da segurança confunde-se hoje com a do próprio Estado Com apenas 2,9% da população mundial, o Brasil responde por mais de um décimo dos crimes cometidos com armas de fogo no planeta. O risco de se morrer assassinado no país é três vezes maior do que nos Estados Unidos, 40 vezes maior do que no Japão. Com um grau de desrespeito à vida destas dimensões, a crise da segurança confunde-se hoje com a do próprio Estado. Já não pode ser explicada fundamentalmente por questões sociais. Há raízes também no plano cultural e educacional, que minam irremediavelmente valores tradicionais, sem que se encontrem alternativas à altura. A própria presença do governador paulista, Geraldo Alckmin, no local em que o seqüestrador mantinha o comunicador como refém demonstra a preocupação de se colocar a vida de um ser humano acima de tudo. Chama a atenção, porém, para o risco sempre presente de o poder público vir a se transformar em refém de criminosos ou de suas exigências. Assim como o caso do ônibus no Rio, também o ocorrido com o comunicador em São Paulo deve motivar um debate sobre ações contra a violência. Mas é preciso ir muito além do debate. O país só conseguirá erradicar este mal se ousar mais nas ações com esse objetivo. O alerta vale tanto para planos federais como o de aperfeiçoamento das forças policiais como para ações socio educacionais voltadas para uma cultura pela paz, imprescindíveis para se restabelecer de vez no país o respeito ao ser humano. Topo da página

08/31/2001


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