Renan Calheiros: é preciso gastar mais no projeto espacial para evitar acidentes
O senador Renan Calheiros (AL), líder do PMDB, sustentou da tribuna que o governo brasileiro deveria gastar mais em seu programa espacial para reduzir a possibilidade de novos acidentes, como o da última sexta-feira (23), na Base Aérea de Alcântara (MA).
Renan Calheiros lembrou que o lançamento do foguete em Alcântara foi adiado pelo menos por três vezes, sempre pela indisponibilidade de recursos para custear a operação das aeronaves de apoio, transporte e hospedagem para os 130 técnicos e engenheiros do projeto.
O senador citou o ministro da Ciência e Tecnolgia, Roberto Amaral, que admitiu em entrevista que o -calcanhar de Aquiles- do programa brasileiro sempre foi a falta de dinheiro e que -essa pode ter sido uma das principais causas do acidente-.
A missão do Veículo Lançador de Satélites (VLS), conforme o senador, seria realizada com o aporte de US$ 12,5 milhões que, comparado a projetos internacionais, -é uma bagatela-. O lançamento de um foguete francês Arianne, pelo Centro Espacial na Guiana Francesa, não custa menos de US$ 45 milhões, lembrou.
- E o lançamento de um Arianne é uma das operações mais baratas do setor - disse.
O físico ucraniano Anatoly Roytman, que participou do programa espacial soviético e hoje é professor convidado da Universidade Federal do Maranhão, chegou a afirmar que nunca entendeu por que o Brasil investiu US$ 300 milhões para construir a Base Aérea de Alcântara e depois não empregou recursos suficientes no desenvolvimento do VLS, observou o senador. Renan Calheiros informou ainda que a China e a Índia gastam R$ 1,2 bilhão por ano em seus programas de tecnologia aeroespacial.
- Em nome das pessoas que morreram, o país deve lutar para continuar na busca do domínio da tecnologia espacial. Nosso programa não possui objetivos militares e é muito importante para o mundo, pois quer lançar satélites para observação das condições ambientais da terra - acrescentou.
Renan Calheiros sugeriu que sejam convocados a prestar esclarecimentos ao Senado o ministro da Defesa, José Viegas, e o presidente da Agência Espacial Brasileira, Luiz Bevilacqua. O senador lamentou a ironia feita por Bevilacqua quando interrogado por uma jornalista sobre o acidente com o VLS-1, antes de tomar conhecimento da explosão. O presidente da agência disse que -explosão, só se for com um foguete de São João-.
25/08/2003
Agência Senado
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