RONALDO E SUPLICY EXPLICAM INCIDENTE COM SÉRGIO MOTTA



"Não entendo a falta de lhaneza do ministro para com dois senadores", disse hoje (dia 18) Ronaldo Cunha Lima (PMDB-PB), ao final da leitura da carta em que o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, garantia não ter destratado a ele e a Eduardo Suplicy (PT-SP), quando se recusou a recebê-los na quarta-feira passada (dia 17) para tratar da greve na Empresa de Correios e Telégrafos,

Mas Ronaldo esclareceu que, "se a carta é uma demonstração de respeito com o Senado", ele a acata, porém "na certeza de que o respeito a esta Casa deve ser guardado por qualquer ministro". Ele também disse que o ministro foi descortez ao recusar-se a dialogar com dois senadores que buscavam solução definitiva para uma greve que ainda não foi encerrada.

O senador explicou ter ido ao Ministério das Comunicações a pedido de lideranças de servidores da ECT no seu estado, numa tentativa de intermediar as negociações entre grevistas e empresa. Disse ter ido antes, com Eduardo Suplicy, à própria sede dos Correios, lá não conseguindo encontrar sua diretoria. Daí por que dirigiram-se ao Ministério, acompanhados de três funcionários da empresa, representantes do movimento grevista.

Ao narrar o encontro com Sérgio Motta, Ronaldo Cunha Lima contou que Suplicy chegou a dizer ao ministro que pedira aos grevistas que cercavam sua casa, em São Paulo, que dali se retirassem. Ao que o ministro teria retrucado: "O Sr. não manda em nada". Ronaldo disse até compreender o estado emocional do ministro diante dos constrangimentos que sua família estava enfrentando, e classificou essa atitude dos grevistas como "reprovável e condenável".

SUPLICY

Também interessado em esclarecer definitivamente o incidente, Eduardo Suplicy disse que conhece Sérgio Motta desde 1961, quando ambos se elegeram presidentes dos centros acadêmicos das escolas a que pertenciam. O senadorinformou que, ao longo desses 37 anos, tratou o ministro com cortesia, mesmo quando discordavam em algum assunto.

- Sempre o tratei com a maior educação, por isso é que estranhei o tratamento que nos foi dispensado ontem. Ele não me estendeu a mão nem para me dar boa-tarde. E fechou a porta do elevador no rosto de dois senadores. É algo que, espero, ele não faça mais - frisou.

Suplicy esclareceu que não concorda com os constrangimentos infringidos à família do ministro pelos grevistas que cercaram sua residência, e voltou a apelar para que eles de lá se retirem. E afirmou que o seu desejo é a superação do obstáculo representado pela resistência da ECT em aceitar que os grevistas compensem os dias parados com um esforço extra, destinado a colocar em dia o serviço atrasado.

- O mais importante é que haja uma solução efetiva para o caso. O ministro deve entender que a proposta é razoável, porque são pessoas que recebem, em média, R$ 300,00 - disse o senador, lembrando que, se as vendas da ECT aumentaram em 25% do ano passado para cá, isso se deve principalmente a esses trabalhadores. Suplicy pediu também que "o ministro saiba respeitar o Senado".

18/09/1997

Agência Senado


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