Senador do PSDB defende políticas públicas contra discriminação racial



O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) defendeu a ampliação de medidas de combate à discriminação racial pelo governo federal. Citando dados de recente reportagem da Revista Época, segundo a qual o preconceito racial continua fazendo vítimas no país, o senador argumentou em favor da adoção de políticas públicas que garantam igualdade de tratamento para todos e a promoção de concretas oportunidades de educação, emprego e pleno exercício de manifestações culturais.

A reportagem da revista, observou Alcântara, enumera uma série de situações em que se pode constatar os efeitos da discriminação disfarçada ou explícita em relação aos negros no país. Há diferenças, por exemplo, aponta o senador, quanto à situação de serviços de água encanada. Enquanto 81% dos brancos são beneficiados pelo sistema de abastecimento, os serviços de água encanada são concedidos somente a 64,7% dos negros. Outras demonstrações de discriminação, salientou Alcântara, podem ser encontradas na remuneração média: são pagos 2,43 salários mínimos para negros e 5,25 salários mínimos para brancos. Também a expectativa de vida dos negros é de 64 anos, enquanto que para os brancos é de 70 anos.

Essa situação segundo a revista, faz com que os negros, que representam 45% da população brasileira, sintam que o país ainda não se acostumou a encará-los fora da senzala, salientou Alcântara. O senador citou também outra informação contida na reportagem, segundo a qual a promoção da igualdade de tratamento constitui política em vigor nos Estados Unidos há mais de 30 anos. Em seu livro Questão de Ética, cita Alcântara, o filósofo negro Cornel West analisa que, sem esse tipo de política, o acesso dos negros à prosperidade americana seria muito mais difícil.

O senador destacou ainda o agravamento das relações sociais no período do autoritarismo no país, que teria sido historicamente responsabilizado pela manutenção das desigualdades que levaram negros, mestiços e indígenas a cultivar o sentimento de inferioridade imposto pelas classes dominantes. Realidade que começaria a mudar, acentuou, com o retorno da democracia, que não pode admitir para iguais tratamento diferenciado.

06/07/2001

Agência Senado


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