Felizmente há luar!
(Luís de Stau Monteiro)
Esta peça foi publicada em 1961 e tem apenas dois actos. Contudo só subiu à cena em 1978 devido à censura.
Esta peça tem por base os acontecimentos de 1817 em Portugal. Nessa época existiam rumores que o tenente-general Gomes Freire de Andrade era o principal mentor de uma conspiração que pretendia o regresso do rei e que se manifestava contrária a presença inglesa. Pode-se dizer que Gomes Freire de Andrade é a personagem principal desta peça , pois toda acção gira à volta dele, embora ele nunca apareça. O povo estava descontente, sentia-se abandonado pelo seu rei, viva na penúria e a tropa estava desordenada e cometia excessos. D.João VI estava no Brasil desde as invasões napoleónicas e Beresford e D.Miguel Fugaz promovem os militares ingleses nos comandos do exercito português o que faz nascer o sentimento antibritânico. O clima que se vivia era de repressão, perseguição e exílios de forma a evitar qualquer transformação política.
Em 1820 , aproveitando a ausência de Beresford no Brasil, o exercito revoltou-se no porto a 24 de Agosto de 1820 com os objectivos de tomar conta da regência e convocar as cortes com a finalidade de adoptar uma Constituição.
A acção desta tragédia começa pela defesa da liberdade e da justiça , assistimos ao sofrimento e compaixão causados pela prisão dos conspiradores, o clímax dá-se com o crescendo representado pelas tentativas desesperadas para obter o perdão e absolvição do general e finalmente na catharsis assistimos ao despertar dos oprimidos para os valores da liberdade e da justiça .
No primeiro acto , temos dois núcleos , os apoiantes de Gomes freire de Andrade e os que lhe são hostis. No primeiro núcleo encontramos representado o povo, mas este povo não era unânime , também os havia que não o apoiavam e que se encontravam no segundo núcleo tal como os delatores, a policia, os governadores e os representantes da Igreja, o que não é de estranhar pois tratava-se de pessoas , instituições que se sentiam confortáveis na posição que detinham e por isso não queriam quaisquer alterações ao seu status-quo.
No segundo acto, o povo abandona Gomes Freire de Andrade ao seu destino, já não acredita nele pois viu como ele foi vitima das suas convicções, tendo sido preso e executado. O povo está desanimado e desiludido. Neste primeiro núcleo destacam-se, apesar de tudo , Matilde a mulher do general condenado e António de Sousa Falcão o melhor amigo. Estão unidos pela fidelidade ao general, continuam fieis a si próprios .Matilde , para além de tudo, continua a lutar contra as forças adversas, ela é a personagem polarizadora do amor, do ódio e da sinceridade admitindo mesmo que a valentia, a justiça e a lealdade não proporcionam o reconhecimento do mérito .O segundo núcleo exerce uma actividade esporádica que basicamente é dispersar o povo e impedir os movimentos de solidariedade para com o general.
Esta peça embora tenha como cenário o ambiente político do século XIX, também pretende denunciar a opressão e as injustiças que se viviam na época em que foi escrita, sob a ditadura de Salazar. Luis de Stau Monteiro usa a personagem de Matilde para transmitir a sua voz.
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