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A mestiçagem brasileira
(José Castello; Antonio Risério)

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Em entrevista, o antropólogo e historiador Antonio Risério fala com José Castelo sobre seu livro, A utopia brasileira e os movimentos negros, lançado em 2007. Originalmente publicada no Valor Econômico, a entrevista está disponível em: <http://www.idelberavelar.com>. Risério aborda o que chama de sua "solidão" no contexto do debate étnico-racial brasileiro contemporâneo. Diz mesmo que está nadando contra a maré “bem-pensante”, rachada entre aqueles que, de acordo com o próprio Risério, tendem a negar o racismo e se recusam a reconhecer a relevância do tema e, no outro extremo, aqueles que, importam para o Brasil categorias étnicas bicolores norte-americanas. Nesse livro, o autor faz a defesa do tratamento da cultura brasileira sem inocência e ilusões simplificadoras. Primeiramente, deve-se observar que, enquanto negromestiços norte-americanos estão passando a reivindicar sua "identidade birracial", ou seja, mestiça como no modelo brasileiro, no Brasil se dá o oposto: os movimentos negros na tentativa de reduzir a discussão étnico-racial a pólos estanques, como se a sepultar o conceito de mestiçagem. Mesmo que mestiçagem brasileira tenha recebido, no século XX, uma conotação senhorial e mistificadora, não se deve abandonar o conceito para se olhar nossa realidade, o que não é exatamente sinônimo de igualdade, democracia racial ou harmonia total. O ponto central da tese de Risério, portanto, pode estar no próprio título do livro: a utopia brasileira é a da possível percepção de que conquistamos e avançamos, e que podemos avançar muito mais, ou até mesmo “realizar o mito, fazendo com que ele se encarne na história”. Risério também define o Brasil como um país fundamentalmente sincrético. E, diferentemente dos EUA, onde o “espírito” negro foi apagado, aqui há orixás e certa homenagem midiática, especialmente no cinema, às heranças africanas. Há uma vitalidade da tradição negra em nosso presente social e cultural. Inclusive na área do futebol, que teria passado no Brasil por uma adaptação através do que Risério chama de uma escola barroco-mestiça de futebol. Em suma, devemos pensar o Brasil por nossa própria conta e risco, sem importações fáceis de pensamentos norte-americanos. Até o ponto de criarmos uma "nova história oficial brasileira", supostamente nascida na década de 70, mas institucionalizada mais recentemente, gravando-se nos Parâmetros Curriculares Nacionais do Ministério da Educação, na gestão de Fernando Henrique Cardoso. Essa "contra-história" de que o autor fala é uma inversão da "velha história", que celebrava a colonização lusitana. Essa história renovada celebra negros e índios, condenando o colonizador português ao fogo do inferno. Risério é contra tal maniqueísmo absoluto. E na perspectiva da discussão das relações sócio-raciais no Brasil na contemporaneidade, Risério se sente isolado. Entre outras opiniões polêmicas, que contrariam certa militância dominante, Risério diz que “quem tem de pedir perdão aos povos africanos, pela escravidão, são as elites africanas, que participaram ativa e lucrativamente do tráfico de escravos”. Portanto, A utopia brasileira e os movimentos negros é convite ao debate. Não se fecha em verdades absolutas.



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