Tolstoi, Leo Nicolaevich
(Enciclopedia Conhecer)
Corria o ano de 1828 na Rússia, e em Iasnaia Poliana a propriedade rural da família Tolstoi, em 28 de agosto nasce o menino Leo. Era uma época conturbada sob o governo do Czar Nicolau I. O imperador mantinha o sistema feudal de produção: os camponeses eram servos do proprietário da gleba de terra, pagavam impostos para o senhor em troca de habitação. O senhor da gleba pagava tributos ao czar, que assim equilibrava o tesouro real. Revoltavam-se os servos, eternamente sob o jugo do senhor e vivendo em condições miseráveis. Rebeliões abalavam os feudos e a insatisfação era geral. Assim, ninguém previa que o pequeno conde, seria um grande amigo dos camponeses e adversário incansável do direito de propriedade.
Sua infância não foi tranqüila, em Iasnaia Poliana onde habitavam 350 famílias de servos, o clima era de insatisfação e revoltas. Aos nove anos ficou órfão e foi entregue ao cuidado de duas tias que, deixaram sua educação a cargo de preceptores. Em 1841 morre uma das tias e aos 13 anos Tolstoi muda-se para Kazan. Inicia seus estudos universitários, dedicando-se aos estudos orientais e as ciências jurídicas. Aos 16 anos é um jovem culto, destacando-se nos meios intelectuais.
A vida no campo o atrai, abandona os estudos e retorna para administrar Iasnaia Poliana, tentando coordernar seus interesses filosóficos e propósitos práticos e ter uma vida mais ligada a realidade. Nos quatro anos seguintes, alterna os estudos práticos no campo, observando a realidade rural e a vida de Moscou.
Preocupa-se com a ambigüidade das posições que assume e aos 23 anos, entra para o Exército, e ao mesmo tempo publica os capítulos de Infância (1852), seu primeiro escrito autobiográfico na revista O Contemporâneo de São
Petersburgo. Um ano depois, eclode a Guerra da Criméia (1853-1856), entre russos e turcos. Recebe o posto de oficial e é designado para lutar em Sebastopol onde escreve em 1854, Os Relatos de Sebastopol.
A guerra é sua segunda escola, e sensível, horroriza-se diante do morticínio. De volta a São Petersburgo, após a derrota das tropas russas (1855), desponta o escritor. Publica Adolescência e Juventude completando a triologia autobiográfica e Uma Tormenta de Neve. Essas obras despertam o interesse do publico e da critica. Em 1857 parte para a Europa onde observa as novas experiências na educação e, influenciado desde a adolescência pelo filósofo Jean Jacque Rousseau, a vê como necessariamente livre e voluntária. Acredita que é preciso preparar o aluno para a vida, respeitando a capacidade individual de cada um. Segundo ele, a função de educação seria melhorar a moral e moldar o caráter através da autodisciplina. Para aplicar suas teorias, funda em Iasnaia Poliana, uma escola para camponeses. Os círculos intelectuais ficam
contra as inovações que se chocavam com o espírito aristocrático e feudal da época. Essa foi a primeira posição extremada e o começo do contestador. Continuou insistindo no valor das mudanças e nas idéias revolucionárias que conturbariam a Rússia no século seguinte.
Casou-se em 1862, com Sofia Andreievna, e escreveu: “Vivi até os 34 anos sem saber que podia amar e também ser feliz”.
Começou a trabalhar na obra que o tornaria internacionalmente célebre, Guerra e Paz. A primeira parte,
Mil oitocentos e cinco, publica em 1865. Enquanto conclui o romance, escreveu artigos, contos, uma cartilha e um abecedário para a escola primária. Em 1869, termina Guerra e Paz, que, publicado consagra o autor.
Nascem cinco filhos. A felicidade inicial do casamento vai desaparecendo. Sofia é prática e dominadora, não aceita suas idéias sobre a educação dos filhos e nem sua dedicação à escola. Volta a ser um homem triste e então escreve outro sucesso Ana Karenina (1875-1877). A tristeza aumenta com a perda de dois filhos recém-nascidos e de sua tia.
Abomina o direito de propriedade, que permite a poucos desfrutarem uma vida privilegiada em detrimento dos camponeses sofridos. Dedica-se cada vez mais aos servos e a escola. Começa uma grande transformação em sua vida, veste-se como um camponês, anda descalço, repudia sua nobreza e passa a pregar as transformações sociais e uma vida mais casta, nos artigos que se seguem: A morte de Ivan Ilitch (1886), Sonata de Kreutzer, Senhor e Servo e Resssureição, todos em 1899. As discordâncias com Sofia, persistem, ela se preocupa em aumentar os bens da família, cuidando das edições das obras do marido. Separam-se. Tolstoi divide os imóveis da família e seus direitos autorais, deixando metade para o público. Completa 80 anos e escreve em seu diário: “Tenho uma enorme vontade de deixar-me ir”.
Na noite de 4 de novembro de 1910, assistido por médicos murmura “Sabem como morrem os camponeses? Há uma multidão de desasistidos porque não se chamam Tolstoi, porque os senhores não me deixam em paz”? Três dias depois, encontrou a paz.
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