Na contramão da sociedade contemporânea
(Luciane Evans; Estado de Minas)
De tanto ouvir esta expressão durante toda a vida acabamos aprendendo que "tempo é dinheiro". Pensamos que ter "do bom e do melhor" é o mesmo que ter sossego, que comprar produtos supérfluos alivia o estresse e que os Shoppings são as melhores áreas de lazer atualmente. Supondo, por um momento, que as coisas não sejam bem assim, algumas pessoas de diversas idades estão questionamento este conceito imposto, abrindo mão dele em nome da simplicidade no viver. Elas acreditam que não precisam de muito, apenas de felicidade: algo que para elas não tem preço. Estas pessoas não fazem parte de um movimento organizado, apenas estão mudando seus hábitos e escolhas sem seguir à regras específicas, visando apenas serem mais auto suficientes, assim mais felizes. Há pessoas que têm à disposição inúmeras mordomias, mas não usufrui delas em oposição áquilo que elas remetem, como é o caso de José Mojica, Presidente do Uruguai. Ele mora numa casa simples na periferia, não tem empregados e possui apenas dois policiais para sua segurança, tudo em uma rua de terra. Assim como ele, o atual papa também se vale da simplicidade. Antes de chegar ao cargo máximo da igreja católica, ele andava de ônibus e metrô, além de fazer sua própria comida. Após virar papa, quebrou protocolos da igreja e dispensou até o carro oficial para celebrar as missas nas ruas, mais próximo do povo, despertando assim a simpatia de católicos e não católicos. Há cada vez mais pessoas aderindo ao estilo do Bem Viver. Elas acreditam que o consumismo supérfluo não é garantia de felicidade, e concluíram que exageros materiais não trazem tantos benefícios como pensavam. Alguns descobriram que tendo menos objetos estariam mais próximos da sua espiritualidade, outros disseram ter mais conforto, alegria e prazer. O fato é que a maioria dessas pessoas concorda que educar-se materialmente é um fator de aumento de consciência interna, ou seja, de olhar melhor para dentro de si mesmo. Não que existam regras fixas, pode-se ter aparelhos, carro e roupas, mas, tudo limitado, imposto pela real necessidade. Pode-se comer bem em casa sem ter que ir a um restaurante refinado. É apenas uma questão de mudança de postura. Viver sem os luxos que atualmente a maior parte das pessoas valoriza seria uma oportunidade de se "desapegar", de gastar menos tempo e energia para conquistar bens materiais, de ser mais leve e aberto para novas experiências com as pessoas e consigo mesmo. Talvez por isso os adeptos do estilo Bem Viver se mostrem mais serenos e sorridentes. Esta vontade de viver somente com o necessário é muito antiga, e remonta à antiguidade grega, antes mesmo do cristianismo, já relatada na corrente filosófica do estoicismo. Nesta corrente de pensamento, a felicidade estaria desvinculada da aquisição de bens materiais, já que estes aprisionam o homem. O materialismo por si não significaria muito, mas a tirania que ele dissemina seria um grande obstáculo ao alcance da felicidade. O esforço gasto na aquisição de bens seria também um fator de estresse e menos tempo livre. A vida simplificada exige menos demanda física e mental, por isso tem atraído tantos adeptos. Para alguns, simplificar significa, ao mesmo tempo, fortalecer o contato com o afeto das pessoas mais simples e negar uma vida de consumismo exacerbado frustrante no mundo moderno. Ter menos preocupações materiais ao consumir só produtos necessários é um dos objetivos buscados, além da busca de espiritualidade, saúde, sabedoria, passar mais tempo com a família ou para participar de programas voluntariados. Evitando radicalismos, essas pessoas vivem até mesmo em grandes cidades evitando a tentação do consumo exagerado. Elas se perguntam o porquê de tanto consumismo, abrindo mão de um padrão de vida que as pessoas em geral não conseguem viver sem. Evitar gastos excessivos e inúteis pode ser um grande aprendizado sobre prioridades na vida, de focar no essencial. Hoje confunde-se aquilo que se consume com aspectos de personalidade, o que gera enorme frustração, por isso esse estilo de vida propõe que se busquem meios de consumir de forma consciente. Nem sempre é uma escolha baseada no aspecto financeiro, pois, ao fazer escolhas realmente importantes as pessoas podem contribuir até com o meio ambiente, sua saúde e sua harmonia. Alguns descrevem este estilo de vida simples, em que se anda de ônibus ou se mexe na terra, como uma vida de sabedoria, e lembram que estamos aqui na terra só de passagem.
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