A Magia De Ler
(Sergio Ferraz)
A Magia de Ler Por Carlos Cardoso Aveline Bons livros podem provocar experiências místicas, expandir a consciência e revolucionar o espírito humano. Para se tirar real proveito da leitura, porém, devemos procurar temas e autores com que temos afinidade. A leitura é uma forma de magia. Lendo, deixamos de lado nossas limitações, a nossa consciência se expande e podemos visitar lugares e tempos diferentes. A boa leitura provoca experiências místicas e rompe os muros da mediocridade. Nos livros, vivemos pessoalmente os acontecimentos mais inspiradores de todas as épocas. Conhecemos santos, reis e filósofos da antigüidade. Revivemos guerras e revoluções e percebemos que o passado da humanidade é o mesmo da nossa alma. Quando descobrimos a delícia de ler, nosso aprendizado na vida adquire proporções ilimitadas. Mas isso não é tudo. A palavra escrita também é um instrumento revolucionário. Ela desperta as consciências, revoluciona o espírito humano, derruba governos corruptos e provoca grandes transformações sociais. O escritor argentino Jorge Luís Borges escreveu: Dos instrumentos do homem, o livro é, sem dúvida, o mais assombroso. Os demais são extensões do corpo. O microscópio, o telescópio, são extensões da sua vista; o telefone é extensão da sua voz; depois temos o arado e a espada, extensões do seu braço. Mas o livro é outra coisa: o livro é extensão da memória e da imaginação. É claro que o ato de ler tem seus perigos. Há livros que nos libertam da ignorância, mas há livros que são inúteis ou até prejudiciais. O bom gosto e o critério correto são armas indispensáveis na hora de escolher leituras. E, feita a escolha, há maneiras certas e erradas de ler o texto preferido. Para Borges, colocar um livro nas mãos de um ignorante é tão perigoso como pôr uma espada nas mãos de uma criança. Segundo ele, a função do livro não é revelar-nos as coisas, mas, simplesmente, ajudar-nos a descobri-las. Assim, não devemos acreditar supersticiosamente em tudo que lemos. A palavra escrita é apenas um instrumento decisivo para que encontremos a verdade por nós mesmos. O pensador Lin Yutang escreveu: O homem que não tem o costume de ler está aprisionado num mundo imediato, em relação ao tempo e espaço. Sua vida cai numa rotina fixa: acha-se limitado ao contato e à conversa com alguns poucos amigos e conhecidos, e só vê o que acontece na vizinhança imediata. Mas quando toma em suas mãos um livro, penetra em um mundo diferente e, se o livro é bom, vê-se imediatamente em contato com um dos melhores conversadores do mundo. E ele prossegue: A melhor leitura é a que nos leva a esse mundo contemplativo, e não a que se ocupa unicamente dos fatos. Considero que não se pode chamar leitura a essa tremenda quantidade de tempo que se perde com os jornais, pois os leitores de jornais se preocupam antes de tudo em obter notícias sobre fatos e acontecimentos. A leitura profunda é meditativa. Ela ocorre naturalmente, porque é movida pelo princípio do prazer e não por alguma exigência externa. Todo aquele que lê um livro como quem cumpre uma obrigação, lembra Lin Yutang, faz isso porque não compreende a arte da leitura.
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